Marcos Barbosa

Ex-treinador de futsal

José Marcos Barbosa, que ficou mais conhecido no meio esportivo como Marcos Barbosa, morreu no dia 14 de julho de 2017, aos 75 anos de idade, vítima de pneumonia. Ele vivia em São Paulo, no bairro da Barra Funda.

Nascido em Echaporã-SP no dia 7 de setembro de 1941, Marcos Barbosa se mudou para São Paulo em 1957, onde passou a jogar em alguns times de futebol de salão. No entanto, seguidas lesões interromperam a sua carreira de atleta, e Barbosa passou então a trabalhar nos bastidores do esporte.

Em 1970, assumiu o time de futsal do Palmeiras, conquistando diversos títulos com a equipe alviverde. Comandou, além de outros craques, Sorage, um dos grandes nomes da história do futebol de salão brasileiro, que nos deixou em 17 de julho de 2017 (CLIQUE AQUI E CONHEÇA A HISTÓRIA DE SORAGE NA SEÇÃO “QUE FIM LEVOU?”).

Durante a década de 70, foi convidado diversas vezes para ser treinador da seleção brasileira de futebol de salão, que tinha como base o time palmeirense. Em 1981, deixou o Palestra Itália e foi contratado pelo Gercan, onde ficou até 1984 e, neste período, conquistou todos os Estaduais disputados. Por lá, treinou nomes como Douglas Pierrotti e Paulinho Rosas.

Depois, teve mais duas passagens rápidas pelo Palmeiras, em 1986 e em 1991, treinou o time Cães Vadios e, em 1999, fez parte da comissão técnica da seleção paulista de futsal.

Marcos Barbosa foi casado por anos com Lúcia (já falecida), deixou quatro filhas (Marcela, Manuela, Fernanda e Gabriela) e três netos. 

Abaixo, confira detalhes da vida e da carreira de Marcos Barbosa em texto escrito pelo próprio treinador:

Nascido em Echaporã-SP no dia 7 de setembro de 1941, Marcos Barbosa foi criado no vizinho município de Assis-SP, onde apenas como Zé Marco teve sua formação esportiva orientada a partir dos nove anos de idade, como goleiro no time de futebol de campo da paróquia da Vila Xavier nos campeonatos organizados pelo Pe. José Maritano, egresso da Itália no pós-guerra, o qual presenteou aquela geração com princípios religiosos e morais através de vários esportes básicos, além de cinema, música e tantas outras artes.

Jogou futebol de salão pela equipe da Ford nos campeonatos da cidade ainda com as primeiras regras, valendo tabela nas paredes das laterais, e bola com recheio de crina e/ou espuma de borracha, cujo melhor time da cidade, o Galinheiro de Assis e/ou Boa Vista vencia com alguma facilidade os grandes times da Capital, Corinthians, Palmeiras, Universitário, entre outros.

Jogou também futebol de campo em campeonatos juvenis da cidade pelo Flamenguinho de Assis.

Chegou a jogar também nos amadores da Ferroviária de Assis, e pouco antes de se mudar para São Paulo, realizou inclusive duas partidas amistosas, uma em Salto Grande e outra em Bernardino de Campos pela equipe profissional que disputava a segunda divisão do Campeonato Paulista de Futebol contra Linense, Garça, São Bento de Marília e outros times da época.

Chegando na capital paulista a partir de janeiro de 1957, com 15 anos completos, jogou no Sul-Americano do Bom Retiro, onde passou a ser chamado apenas de Marcos por jocosamente entenderem que já havia muito Zé em São Paulo. Neste período conheceu e fez uma grande amizade com toda a família de Miguel Masi Neto, que era técnico de um clube classista de São Paulo, o Clube Atlético Invictus (antiga fábrica de televisão e eletrônicos), em cujo time passou a jogar aos sábados. Em 1958, pelo C.A. Invictus, foi campeão na Liga LECI, e no quadrangular final do campeonato amador da Capital com as equipes da Matarazzo.

Chegou em São Paulo com ginásio e curso da datilografia completos, e por conta disso conseguiu trabalho na Philips do Brasil, já uma grande empresa na época, ali trabalhando até dezembro de 1959, onde passou a ser chamado apenas de Barbosa, porque seu chefe chamava-se José Luiz Marcos.

No final de 1958 por lesões no menisco e ligamento do joelho direito, foi obrigado a interromper temporariamente a prática de futebol, ainda que enfaixando o joelho, voltasse a jogar no campeonato classista pela Laborterápica Bristol de Santo Amaro e pelo Melhoramentos da Lapa, novamente sob o comando do técnico Miguel Masi Neto visto, que a fábrica que mantinha o Clube Atlético Invictus deixou de existir.

Ambos sócios da Sociedade Esportiva Palmeiras e frequentadores assíduos de todas as competições, foram chamados para integrar a comissão técnica do futebol de salão do clube. Miguel Masi Neto era o diretor, e Marcos, como ele mesmo se denomina, era um faz tudo, ajudava nas menores, treinava goleiros, criava formulários, cuidava das estatísticas na secretaria, era inscrito como goleiro reserva para ficar na quadra e no banco ao lado dos treinadores.

A partir de janeiro de 1960, apenas maior de 18 anos, conseguiu preencher os requisitos para uma vaga como escrevente do quarto cartório de títulos e documentos da capital, tendo que ser emancipado para cumprir a exigência de idade acima de 21 anos, auferindo melhor salário em que pese o bom salário na Philips do Brasil.

Em 1969, Flávio Varella, outro grande amigo e treinador da equipe, em função de problemas particulares e de trabalho, começou a se licenciar vez ou outra do cargo, e assim, Marcos Barbosa passou naturalmente e gradativamente a assumir o time de futebol de salão, e já em 1970, comandou a equipe na 2ª Taça Brasil de clubes, realizada em Natal-RN, vencida pelo Palmeiras.

No ano seguinte, mesmo com pouco tempo de carreira, Barbosa foi chamado para comandar a Seleção Brasileira no campeonato Sul-Americano, que tinha como base a própria equipe do Palmeiras, que o treinador tão bem conhecia. O time canarinho foi campeão invicto naquele campeonato realizado na Capital de São Paulo.

Ainda em 1971 fez parte da comissão técnica da seleção paulista na conquista do primeiro título nacional nos campeonato brasileiro de seleções.

Neste período, de 1971 e 1972, o Palmeiras sagrou-se primeiro campeão sul-americano de clubes em Assunção, Paraguai, e bi-campeão sul-americano de clubes em Montevidéu, Uruguai.

No ano seguinte, 1972, dirigindo a Seleção Paulista no Campeonato Brasileiro de Seleções em Floria- nópolis, SC, num jogo semi-final em que São Paulo vencia a seleção Cearense por 2x1, por motivos de antipatia gratuita contra paulistas, a torcida local invadiu a quadra e após conseguir recolher todos os atletas para o vestiário as autoridades locais ameaçavam prender vários membros da delegação, ao que o chefe da delegação o já falecido Dr. José Apparicio do Prado Júnior deixou claro que ou eles prenderiam todos ou não prenderiam ninguém, e em seguida decidiu abandonar a competição em defesa da integridade da delegação. A seleção cearense foi a campeã brasilelira após o abandono da seleção paulista.

Em função daqueles acontecimentos a CBD não convocou nenhum dos membros do Palmeiras para o Campeonato Sul-Americano de seleções de 1973, assumindo como técnico o carioca Rubens Calmon, que continuou na função no Sul-Americano de 1975, neste ano já convocando os atletas do Palmeiras.

Em 1977 a CBD convocou novamente o treinador Marcos Barbosa, para assistir o Campeonato Brasileiro de Seleções em Porto Alegre-RS, e escolher os quinze atletas para comporem a Seleção Brasileira para disputar o Sul-Americano de Seleções na cidade de Porto Alegre-RS.

Numa reunião no Rio de Janeiro, a semanas do compeonato, o supervisor Pinheiro, entendia que a convocação do treinador Marcos Barbosa deveria ser alterada em algumas posições até para atender politicamente algumas federações. O treinador Marcos Barbosa não concordou e confirmou sua total independência, desapego ao cargo e pleno amadorismo no trato do futebol de salão, solicitando por escrito, demissão em caráter irrevogável.

Posteriormente o sr. Pinheiro deixou de ser o supervisor. A convocação anterior do Marcos Barbosa foi confirmada, foi chamado o treinador do Internacional de Porto Alegre, e o Brasil numa campanha digna de elogios foi campeão novamente.

Mesmo assim, o treinador continuou brilhando com a verdadeira máquina que era a equipe do Palmeiras, que contava com o genial Sorage e outros grandes jogadores da época.

Ficou no Verdão até o ano de 1981 onde por varias vezes acumulou funções, tanto na qualidade de dirigente como técnico da equipe juvenil, onde nesta categoria tambem conquistou alguns títulos, se transferindo na temporada seguinte, aí já auferindo uma boa ajuda de custo, para outro time que marcou época no futebol de salão brasileiro: o Gercan de Douglas, Paulinho Rosas e tantos outros jogadores excepcionais.

Por lá ficou até 1984, conquistando titulos metropolitanos, todos os Estaduais disputados, vice e terceiro em duas Taças Brasil, e diversos torneios de importância nacional.

Em 1986 atendeu graciosamente um chamado do amigo Mauricio Martinelli, para cuidar de uma nova geração de atletas do Palmeiras no returno do Campeonato Metropolitano, vencendo o segundo turno e sendo vice campeão no quadrangular final.

Em 1986, deixou de lado a carreira de treinador para continuar os estudos, e sempre conciliando o trabalho no cartório, se formou na Faculdade de Direito.

Teve rápidas passagens não completamente amadoras pelo Bordon e Portuário de Santos, momento em que as equipes paulistas tentavam se igualar a outras equipes do país no aspecto profissional de trabalho intensivo, vários períodos de treinamento, noturnos e diurnos, coisa que se só se conseguiu atualmente por algumas equipes de São Paulo.

Em 1991, novamente graciosamente, retornou ao Palmeiras, e após um jejum de 11 anos, o Palmeiras foi campeão metropolitano novamente.Coincidentemente a última conquista havia sido sob o comando do próprio Marcos Barbosa. A pedido continuou para o campeonato estadual, de lembrança cruel diante da perda do querido atleta Japão, fato que transtornou a equipe tornando difícil harmonizar tudo novamente, mas ainda assim chegou ao quadranglar final sem conseguir o título estadual.

Ao deixar o Alviverde, assumiu o comando do Cães Vadios, fundado no Bixiga por um grupo de amigos malucos e alegres, pertencentes a todas as camadas sociais e culturais, e que reunia figuras e atletas de muita história no futebol de salão. O Cães Vadios treinava uma vez por semana a noite, mas nos jogos deixava os grandes adversarios em pânico.

Seu penúltimo trabalho no esporte foi em 1999, na comissão técnica da Seleção Paulista, que naquele ano sagrou-se campeã no campeonato brasileiro de seleções realizado na cidade do Rio de Janeiro.

Em janeiro de 2010, no evento pré demolição e despedida do ginásio de esportes do Palmeiras, considerado um espaço sagrado do futebol de salão, foi homenageado pelos ex-salonistas com um trofeu no formato de um tenis dourado com a inscrição: Marcos Barbosa "Simbolo do amigo perfeito", o que, exageros à parte, o deixou extremamente lisonjeado.

Após várias dezenas de conquistas e colocações honrosas ao lado de comandados excepcionais e inesquecíveis, considera-se um predestinado, grato ao Papai do Céu que lhe permitiu além da famillia uma vida onde prevalecem alegrias e muitas amizades, e sua última e feliz tarefa são os encontros mensais com várias gerações de salonistas, e os encontros mensais com os amigos da infância de Assis, que residem em São Paulo, encontros todos esses que se tornam verdadeiras sobrevidas.

Texto enviado por Marcos Barbosa em 21 de setembro de 2011

 

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