Marçal Chaveiro

Bicampeão mundial pela Seleção Brasileira sub-20

por Chico Santo

A foto histórica mostra Janivaldo Marçal Chaveiro ao lado de alguns dos principais atletas que marcaram a história da Seleção Brasileira de Futebol. No retrato histórico, em pé, estão: João Antônio, Chico, Henrique, Luís Carlos, Marçal, Taffarel, Dida, e Polaco. Entre os agachados, os saudosos Silas, Tosín, Gérson, Muller, Balalo, Isael, Antônio Carlos e Luciano.  "Não posso reclamar do futebol. O futebol salvou minha vida. O futebol é simplesmente excepcional e maravilhoso em todos os sentidos. O futebol fez com que eu saísse de uma cidade de 15 mil habitantes e conhecesse cidades de 20 milhões de pessoas como foi Tóquio, Moscou e São Paulo. O futebol é a minha vida. Me sustentou e tem sustentado a minha família.?, define Marçal.

Natural de Silvana, há 80 km de Goiânia, o meia começou a carreira cedo e ainda jovem despontou no cenário goiano. "Fiz teste no Atlético-GO em 1982 e no ano seguinte joguei no time titular. Eu sempre vou reconhecer o que fizeram por mim. O Atlético-GO me abriu as portas para que eu me tornasse um atleta profissional. Tenho um carinho muito grande pelo clube. A historia não tem como mudar?. Exatamente pelo clube goiano, time de coração de Brás Mendonça de Freitas, Marçal chamou a atenção da Seleção Brasileira de Futebol.

"Comecei em 1983, tive uma queda de rendimento em 1984 e em 1985, como meia, voei baixo. Antes existiam seleções de juniores estaduais. Havia campeonato brasileiro de seleções estaduais. Nessa época, sempre existia - e sempre vai existir - os chamados olheiros. Eu fiz um bom Campeonato Brasileiro de seleções e viram que eu poderia ser diferenciado, quando surgiu a oportunidade.?. O ex-jogador ainda se recorda de como recebeu a notícia. "Eu tinha 19 anos. Cheguei no clube e todo mundo estava me dando os parabéns. Aí me disseram que eu tinha sido convocado.?

Uma marca de determinação: "Em 1983 estávamos na republica da concentração, assistindo a decisão do mundial sub 20 com Dunga e o Jorginho. O primeiro campeonato que o Brasil ganhou nessa categoria. Nós da republica brincamos, esses aí já vão ser profissionais. E eu vi a decisão. Coincidência ou não, quis o destino, dois anos depois eu estava lá, em 1985 contra a Rússia em Moscou?, relembra.

 



No time, simplesmente, uma das melhores equipes vistas pelo mundo através na categoria sub-20. "Tinha Taffarel, Muller, Silas, Gerson, Balalo, Henrique, Luciano e Dida (lateral esquerdo), entre outros grandes nomes. Eu me recordo que o treinador era o Gilson Nunes e o médico era o Runco, que hoje é da profissional. Foi um momento gostoso da minha vida.? Pela primeira vez Marçal teve a oportunidade de estar ao lado de atletas que, mesmo jovens, já faziam parte da realidade brasileira. "Quando fui convocado para a Seleção, dividi o quarto com o Muller. Andávamos juntos o tempo todo. Ele era calado, vergonhoso, tímido demais, a ponto de pedir para eu falar com a namorada dele. Eu conversava com ela. São coisas do futebol?.

 

Além de Muller, Marçal passou a ser um dos confidentes do goleiro Taffarel: "Eu não era um dos mais velhos do grupo, mas tive amizade com todos. Na época da seleção ele não era o titular do Internacional. Eu via aquele homem treinar igual a um cavalo e perguntava pra ele como não era o camisa 1 do Colorado? E quis o destino que quando estávamos na Geórgia, o Taffarel recebeu o a noticia de que assim que retornasse do mundial ele seria titular. E eu fui uma das primeiras pessoas a saber?.

Marçal rodou o mundo com a Seleção Brasileira e o título mundial na categoria sub-20 só não deu mais resultados em virtude da antiga Lei do Passe. O futebol na época era muita ilusão. Muitos jogadores me davam conselho e diziam para guardar dinheiro porque poderia faltar um dia. Eu guardei. Não posso reclamar. Se o fizesse, eu seria injusto.  Financeiramente, na verdade, eu ganhava pouco dinheiro. Quando a gente ia renovar o contrato se falava em US$ 1000 dólares por mês e a diretoria queria te bater. De repente o time não tinha condições, outra equipe tinha, mas infelizmente esbarrava no passe preso.? Por este ângulo, na visão do atleta, Marçal comemora o avanço jurídico do futebol. "O Passe Livre foi maravilho porque nos vivemos em um país democrático. Vi muitos companheiros, melhores tecnicamente do que eu, abandonarem o futebol por isso.?

O ex-atleta, hoje presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Goiás, viveu de perto as transformações do futebol, também, do ponto de vista tático. "Na época se usava, apenas um volante. Hoje são vários esquemas. Era um futebol diferente, mais bonito, mas gostoso. Não tinha tantos esquemas táticos. Hoje tem muita marcação. Eu, sinceramente, vejo materialismo. Não adianta deixar de falar isso. O mundo é capitalista. Hoje o atleta ganha bem mas não tem identidade com o clube. Geralmente, muitos empresários até atrapalham o andamento do atleta no clube, como os assessores. Não existe tanto amor como antigamente.?

Do Atlético-GO, Marçal se transferiu para o Atlético de Madri e depois voltou a defender o futebol goiano com a camisa do Goiás. Na seqüência, jogou pelo Santa Cruz de Recife e após atuar pelo futebol japonês encerrou a carreira com apenas 28 anos. "Parei de jogar em 1994 porque minha esposa teve problemas de saúde e minha família sempre esteve em primeiro lugar. Jamais fiz o contrário. De qualquer forma, o que posso dizer é que foi tudo maravilhoso?.

ver mais notícias

Selecione a letra para o filtro

ÚLTIMOS CRAQUES