Luis Sérgio Grijó

Maqueiro do Santos F.C

por Marcos Júnior

Luis Sérgio Grijó é maqueiro do Santo Futebol Clube desde 1978, já tendo trabalhando em mais de 3.500 jogos do clube praiano.

Natural de São Vicente, onde nasceu em 1952, Grijó é o maqueiro mais antigo em atividade no Brasil, mas que hoje utiliza o carrinho para transportar os jogadores contundidos para fora das quatro linhas.

Natural de São Vicente, Grijó relembra de histórias curiosas, como o episódio em que a torcida recebeu Vanderlei Luxemburgo atirando moedas em seu ex-treinador. Segundo o maqueiro, naquele dia ele recolheu mais de R$ 100,00 em moedas.

Em outras ocasiões levou para casa rádios de pilha, chinelos, tênis e guarda-chuva, entre outros objetos que os torcedores enfurecidos jogaram no campo.

O momento mais marcante desde que começou a trabalhar na função de maqueiro foi na final da Libertadores da América de 2011, no Pacaembu, quando o Santos ganhou o título na dipsuta contra o time uruguaio do Peñarol.

Abaixo, matéria que foi publicada no Jornal Vicentino, em 28 de fevereiro de 2015:

Se existe alguém que tem muitas histórias para contar, esse é Luís Sérgio Grijó. Aposentado, 62 anos, morador da Esplanada dos Barreiros, o vicentino é o maqueiro do Santos Futebol Clube e um dos mais antigos em atividade do Brasil, com mais de 3.500 jogos. Desde 1978, ele é responsável por carregar, antes com a maca, agora dirigindo um carrinho, alguns dos maiores jogadores de futebol do Brasil e do mundo.


Tudo começou quando, em 1978, foi comprar ingressos para a última partida do Campeonato Paulista, contra o Internacional de Limeira, competição que o Peixe havia faturado o título. “O Maneco veio falar na fila que precisava de seis pessoas para levantar a taça e eu fui. Ganhei 100 cruzeiros. Quando fui embora, perguntei para ele se não tinha nada para eu fazer lá e falou que só tinha como maqueiro. Eu falei que era aquilo que eu queria”, lembra Grijó.

“No jogo seguinte, o jogo era as 16h e às 10 horas eu já estava na Vila. Ajudava a marcar o campo, carregar as placas, arrumar as chuteiras, até no aquecimento de jogadores, porque naquela época eram todos mais acessíveis”, explica, o que acabou fazendo com que permanecesse no clube.

Grijó conquistou todos no clube pela amizade e pelo profissionalismo. Desde que começou muita coisa mudou, não foi só a chegada do carrinho. “Antes precisava de mais preparo físico, mas hoje é bem mais difícil trabalhar, porque há muita fiscalização”.

Nos gramados da Vila Belmiro, viu lesões muito sérias com jogadores, como a de Carlos Silva, em uma partida entre Santos e Palmeiras, e outras mais famosas como de Maicon Leite e de Fábio Costa. Ele conta que também já saiu bastante machucado de campo. “Antigamente, quando era permitido, levava pedrada nas costas, pilha na cabeça, sempre que ia atender jogador do time adversário. Mas eu sempre parava na frente da cabeça dele, para protegê-lo.
O maqueiro dá risada lembrando de tudo que já levou para casa. “Tênis, chinelo, rádio, walkman, guarda-chuva e até moeda”, recordando a partida em que a torcida do Santos jogou moeda no técnico Wanderlei Luxemburgo. “Sai daquele jogo com uns R$ 100 reais em moeda”, conta rindo.

HISTÓRIAS
São muitas as histórias de Grijó. Uma delas ficou famosa em todo Brasil, quando ainda era auxiliar de carrinho. Foi em um jogo Santos e Corinthians, depois de colocar o zagueiro Ronaldão na maca em cima do carrinho. “Quando fomos sair, a roda estava virada e foi todo mundo para o chão. Ele ficou bravo na hora”, lembra.

Em outra situação do passado, ele lembra de um técnico (que não quis revelar o nome) que quase o mandou para o jogo. “Ele nem conhecia os jogadores direito, eu estava do lado dele e ele mandou eu aquecer. Eu avisei que os jogadores eram dois que estavam mais afastados (risos)”.

O maqueiro também fala sobre uma partida em que foi atender o ex-jogador do Santos e da seleção brasileira Jorge Mendonça. “Ele se machucou e quando fui atender, ele gritou “não encosta, não põe a mão em mim que eu sou de seleção. Eu falei para ele então sair se arrastando, voltei e sentei no banco”.

MOMENTO MAIS MARCANTE
Para o maqueiro do Peixe, o momento mais marcante foi, sem dúvidas, a final da Taça Libertadores da América, entre Santos e Penarol, no Pacaembu. “Nunca imaginei que fosse trabalhar em uma final de competição como essa”.
Ele conta que não fica mais nervoso na hora de entrar em campo e diz também se concentrar antes do jogo. “Fico pensando o que fazer, para onde correr caso tenha uma contusão mais grave. Todo jogo você aprende algo diferente, é uma novidade”, diz.

Grijó conta que muitas coisas mudaram no atendimento aos jogadores, principalmente após a morte do jogador Serginho, zagueiro do São Caetano, em uma partida contra o São Paulo no Morumbi. O profissional também cita a partida que a ambulância não pode entrar na Vila Belmiro, há alguns anos, por falta de acessibilidade e, logo depois, toda equipe foi afastada pela diretoria anterior. “Fiquei um ano sem trabalhar na Vila. Foi um período muito difícil na minha vida. Graças a Deus fomos chamados de volta”.

PRIVILEGIADO
Ele se emociona ao se dizer privilegiado por poder conviver durante tantos anos com jogadores consagrados. “Estou em um lugar que muitos gostariam de estar”. De Pitta, Manoel Moria, Rivelino, até Robinho e Neymar. “É muito gratificante. Logico, nesse meio tem muita pessoa esnobe, arrogante, mas tem ídolos que se te vêem num ponto de ônibus param para te dar carona”. Entre esses jogadores, ele lembra com carinho do filho do Rei Pelé, Edinho.
Grijó lembra que dava bolacha recheada para Robinho e Diego quando ainda eram moleques. “Naquela brincadeira do “bobinho”, a gente já via que ele era bom pra caramba”

Ele também é só elogios sobre Neymar. “Muitas pessoas não gostam dele por ciúme ou inveja. Ele é um moleque do bem, a simplicidade em uma pessoa. Brinca com todo mundo, o tempo todo. Hoje, ele é como o Rei Pelé, mais dificil ter acesso, mas certeza que se ele me visse, viria falar comigo”.

 

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