Jaburú

Ex-atacante do América-MG e Porto

por Marcos Júnior Micheletti

Jaburú, o Jorge de Souza Mattos, ex-atacante que começou na base do Fluminense, nasceu em 19 de abril de 1933, em Madureira, no Rio de Janeiro, mesmo local de sua morte, em data desconhecida.

De excelente porte físico e grande poder de finalização, Jaburú defendeu o Olaria após o início nas Laranjeiras e chegou ao América-MG em 1955, pelas mãos do técnico Yustrich.

Quando Yustrich foi para o futebol português, para treinar o Futebol Clube do Porto, indicou Jaburú para a equipe lusitana naquele mesmo ano de 1955.

O atleta, que havia custado 5 mil cruzeiros ao América-MG foi negociado com o Porto por 700 mil. Jaburú recebeu 100 mil cruzeiros de luvas e salário mensal de 20 mil.

Em pouco tempo tornou-se um dos principais destaques do Porto, ganhando o apelido de "Flecha Negra", marcando 21 dos 77 gols da campanha vitoriosa do time no biênio 1955-1956, conquistando o Campeonato Português e a Taça de Portugal.

Implacável com as defesas adversárias, Jaburú não teve a mesma habilidade para lidar com seus rendimentos, gastando muito mais do que podia, e passou do estrelato à miséria em pouco tempo. E sua fonte de renda não era apenas o futebol, visto que também participou de campanhas publicitárias, de café em pó, por exemplo.

Ainda defendeu o Celta de Vigo (Espanha) entre 1959 e 1960 e encerrou sua carreira em Portugal, pelo Leixões, em 1962. Voltou ao Brasil por meio da embaixada brasileira, após ter sido internado como indigente.

No Rio de Janeiro viveu com sua mãe, em uma casa velha comprada por seu irmão Henrique, que havia jogado pelo Fluminense. As informações sobre a causa de sua morte são desencontradas. Ele era dependente de álcool e supostamente teria sido vítima de um atropelamento.

Vale a pena mais um registro importante sobre Jaburú. O atacante também atuou pelo Fluminense, e estava em campo no dia em que Pelé fez o gol que é considerado até hoje o mais bonito de sua carreira, e que motivou o jornalista Joelmir Beting a confeccionar uma placa para o feito, que acabou tornando a expressão "Gol de Placa" uma voz corrente quando alguém se reporta a um gol maravilhoso.

A ficha do jogo entre Fluminense x Santos:

Competição: Torneio Rio São Paulo
Fluminense 1 x 3 Santos
Data: 5 de março de 1961
Gols: Pelé (2), Pepe e Jaburú
Local: Maracanã.
Árbitro: Olten Ayres de Abreu.
Renda: Cr$ 2.685.317,00

Santos: Laércio. Fiotti. Mauro. Calvet e Dalmo. Zito e Mengálvio (Nei). Dorval. Coutinho. Pelé e Pepe (Sormani).

Fluminense: Castilho. Jair Marinho. Pinheiro. Clóvis (Paulo) e Altair. Edmilson e Paulinho. Telê Santana (Augusto). Valdo. Jaburu e Escurinho.

JABURÚ NO SUL DE MINAS, POR MILTON NEVES

Em 17  de janeiro de 1960, o goleiro Paulo Pingaiada participou de uma seleção sul mineira que enfrentou o Olaria Atlético Clube-RJ, que concentrado em Poços de Caldas, vinha goleando seguidamente por mais de 10 gols em jogos amistosos os times de Alfenas, Poços, Botelhos, Guaxupé, Bandeira do Sul, Varginha, Machado e Campestre.

Na ocasião, o técnico Marcio Vieira Gomes, o "Delega", reuniu os melhores da região e garantiu que "de mim eles não ganham". Escalou-se, já veterano, "de camisa 11 recuado para marcar o artilheiro Jaburú" e disse: "o jogo será 10 contra e 10! Eu e o Jaburú não jogaremos, vou marcá-lo homem a homem", garantiu.

Resultado da peleja disputada no Estádio Professor Antônio Milhão, em Muzambinho: Olaria 14 x 0 Muzambinho. Nove gols de Jaburú.

Três goleiros foram utilizados na partida: Willian Peres Lemos (o Yashin de Minas Gerais), Paulo Pingaiada e Inhaque. Este último era cego de um olho e tomou um gol antológico de Jaburú, de falta.

O jogador do Olaria chutou no canto em que Inhaque não enxergava, e quando a bola já estava no fundo da rede, ele ainda gesticulava tentando orientar a barreira.

Outro fato pitoresco daquela partida aconteceu quando Jaburú já somava oito gols e soltou um petardo incrível, para uma defesa mais incrível ainda de Paulo Pingaiada. O goleirão encaixou, sem dar rebote e desafiou o atacante carioca, rolando a bola em sua direção:

"Chuta de novo, vamos ver se agora você marca", disse Pingaiada.

Jaburú, sem nenhuma dificuldade, anotou seu nono gol na partida e em seguida Paulo Pingaiada foi substituído por Inhaque, em uma dessas histórias maravilhosas, que o futebol não tem mais.

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