Humberto Mendonça

Ex-radialista do sul do país e do Scratch do Rádio da Bandeirantes
A infância
Humberto era um menino alegre, divertido, gostava muito de contar piadas e sentia um prazer especial em fazer brincadeiras para irritar as irmãs mais velhas. Era inteligente, estudioso e muito responsável. Não gostava de faltar às aulas.
Desde criança demonstrava interesse por locução quando transformava um cabo de vassoura, uma colher ou um socador de feijão em microfone para suas brincadeiras, narrando gols criados em sua imaginação.
Em função da profissão do pai, a família mudou-se diversas vezes de cidade. Quando Humberto tinha seis anos foram para São Francisco do Sul e dois anos depois para Tubarão, onde ele iniciou seus estudos. Dois anos mais tarde, mudaram-se para Araranguá, onde ficaram por aproximadamente sete anos. Humberto, com 10 anos, freqüentava o Grupo Escolar David do Amaral, passando poucos anos depois para o Grupo Escolar Castro Alves, na Rua XV de Novembro.
Primeiro contato com o rádio
Aos 14 anos, Humberto, ao sair da escola, costumava ir à Rádio Araranguá, onde tinha alguns amigos. Quando a família voltou para Itajaí, em 1949, Humberto permaneceu na cidade. Já havia concluído o quarto ano regional (equivalente à 8ª série do primeiro grau) e, a convite dos amigos, começou a fazer pequenas participações em anúncios comerciais da rádio.
Início profissional
Um dos responsáveis pela Rádio Araranguá gostou da voz do Humberto e o convidou para trabalhar como locutor. Tinha, então, 17 anos. Agilmar Machado, amigo que curiosamente nasceu no mesmo dia e ano que o Humberto, diz que "ele foi um prodígio em sua especialidade, responsável pela introdução das transmissões esportivas na então jovem ZYT-3?.
Em 1950 voltou a morar em Tubarão, indo trabalhar na Rádio Tubá. Agilmar, que teve uma breve passagem por esta rádio, conta que em 1951 o Humberto "já gozava de imensa reputação e mostrava seu privilegiado cabedal de excelente profissional que sempre foi?.
Em 1953 Humberto transferiu-se para Florianópolis para cumprir o serviço militar obrigatório, no 63º Batalhão de Infantaria do Exército.
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O Sucesso
Ao sair do exército, no ano seguinte, começou a trabalhar como locutor na Rádio Guarujá de Florianópolis. Em janeiro de 1955 ingressou na recém inaugurada Rádio Diário da Manhã como chefe da equipe esportiva. Nesta emissora revelou-se ao criar, produzir e apresentar o programa "Saudades de Passado? que ia ao ar de segunda a sexta a partir das quatro horas da tarde. Humberto conseguia conciliar a locução suave de um programa romântico com a vibração do narrador de esportes. Foi também locutor comercial e radioator ao lado de Zininho, Antunes Severo, Waldir Brasil, Neide Mariarrosa, Aldo Silva, Cacilda Nocetti, Alda Jacinto, Gustavo Neves Filho, Alfredo Silva, entre outros.
Em 1959 transferiu-se para a Rádio Difusora de Itajaí onde conheceu Vera Maria de Oliveira com quem casou em 28 de julho do ano seguinte, dia em que completava 28 anos. Em 1961 voltou para a Rádio Diário da Manhã de Florianópolis. Vera Maria trabalhava no Banco Inco, que ficava no mesmo prédio da RDM, na Praça XV de Novembro. Moravam na Chácara de Espanha e, neste mesmo ano, tiveram a primeira filha, Denise. Durante o ano seguinte trabalhou na Rádio Eldorado de Criciúma, retornando para a RDM de Florianópolis onde, em 1964, nasceu o segundo filho, Francisco Ricardo.
Em 1965 ingressou na Rádio Bandeirantes de São Paulo, onde passou a integrar a equipe de Fiori Gigliotti. Além de narrar jogos de futebol, era locutor de luta livre e fez pequenas participações em telenovelas. Neste ano nasceu a terceira filha, Mylene e em 1968 a quarta filha, Suzana.
Em 1969 desligou-se da Rádio Bandeirantes e retornou a Santa Catarina para comandar o departamento esportivo da Rádio Cultura de Joinville. Nessa ocasião, Fiori Gigliotti disse, em uma mensagem para a RC de Joinville: "Humberto é um locutor estupendo, um amigo extraordinário, uma criatura exemplar. Veio para São Paulo carregando a esperança de tanta gente, povoando seu coração de tantos sonhos bonitos, viu a cidade grande (...) mas prevaleceu aquele bichinho que é tão brasileiro e que tanto castiga a gente. Prevaleceu a saudade de sua terra, dos encantos de Santa Catarina?. Escreveu ainda: "Profissionalmente é algo fora do comum. Talvez nunca tenhamos tido na Bandeirantes alguém tão exemplar como esse extraordinário moço que se chama Humberto Mendonça?.
Já Alexandre Santos, outro integrante da equipe esportiva da Rádio Bandeirantes disse: "Agora você alcança um de seus objetivos na sua carreira profissional, aquele de voltar triunfante à sua terra natal. E a Rádio Cultura de Joinville o recebe agora plenamente consagrado não só no cenário estadual, mas no cenário radiofônico nacional.?
Ramiro Gregório da Silva, então diretor da Rádio Cultura de Joinville, conta: "Por recomendação dos que o antecederam nessa migração, da Band para a Cultura de Joinville, Jairo de Barros e Rubens Greiffo, fomos ao seu encontro e o contratamos para liderar a equipe de esportes da nossa emissora, onde também já trabalhavam os repórteres esportivos Marco Antônio e J.B. Telles, entre outros grandes profissionais.
"A Cultura já tinha fama de dispor da maior e mais eficiente equipe de profissionais do Estado. A chegada de Humberto Mendonça foi precedida de ampla e consagradora campanha promocional, incluindo uma dezena de lisonjeiras mensagens de todos os integrantes do esporte e jornalismo da Band, incluindo o ícone Fiori Gigliotti. Foi um sucesso!
"Humberto era um competente e apaixonado profissional no setor e sua vinda incentivou o aprimoramento da programação da emissora. Aumentou a auto-estima de todos os demais. Além de correto narrador, Humberto era inteligente e perspicaz comentarista e produtor de programas esportivos. Tinha crédito e liderança. Humberto era companheiro afável e envolvente, adorava uma peixada e rapidamente conquistou o público ouvinte e grande legião de fãs.?
Após quatro anos de sucesso na Rádio Cultura de Joinville, em 1973 voltou para a Rádio Diário da Manhã de Florianópolis. Nesta cidade, trabalhou também nas rádios A Verdade e Santa Catarina.

Outros caminhos
A partir de 1975, além das atividades como locutor, Humberto exerceu durante três anos o cargo de Assessor de Imprensa na Secretaria de Comunicação Social. Ocupou, também, uma assessoria técnica na Secretaria de Imprensa, tendo trabalhado com Adolfo Zigelli. Com a compactação administrativa passou para a Subchefia de Imprensa da Casa Civil como Assessor Técnico de Imprensa, cargo que ocupou até o seu falecimento em 5 de agosto de 1978, vítima de um enfarte. Também exerceu atividades junto ao Sindicato dos Jornalistas onde era membro titular do Conselho Fiscal.
Justa homenagem
Em 1981, através de um projeto de lei apresentado à Câmara Municipal pelos Vereadores Almir Saturnino de Brito e Waldemar da Silva Filho (Caruso), Humberto Mendonça passou a ser nome de rua na Lagoa da Conceição, em Florianópolis.
Nas palavras de Agilmar Machado: "o Humberto cresceu, teve passagens gloriosas até mesmo em São Paulo, na então rádio símbolo dos esportes ? a Bandeirantes. Mas jamais mudou em sua humildade, bondade, companheirismo e solidariedade?.
Fontes: "Trabalho de pesquisa de Mylene Mendonça baseado em depoimentos de Ramiro Gregório da Silva e Herody Mendonça, depoimentos gravados de Fiori Gigliotti e Alexandre Santos e textos de Antunes Severo e Agilmar Machado, publicados no site www.carosouvintes.com.br."
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