Guilherme Alves

Ex-atacante, hoje treinador
por Rogério Micheletti
 
Guilherme, o Guilherme Cássio Alves, centroavante que fez fama no Atlético Mineiro entre 1999 e 2003, encerrou a carreira aos 33 anos. Guilherme pendurou as chuteiras porque apresentava problemas cardíacos. É o atual treinador do Velo Clube Rioclarense, levando a equipe de volta à elite do futebol paulista em 6 de abril de 2024, dia  em que a equipe derrotou o Juventus por 1 a 0 na Rua Javari, após o empate por 0 a 0 em Rio Claro, jogo válido por uma das semifinais da Série A2. Em 14 de abril de 2024, ainda comandando o Velo Clube, conquistou o título da Série A2, após o empate do time de Rio Claro com o Noroeste por 1 a 1, em Rio Claro. Antes, em Bauru, o Velo havia vencido o primeiro jogo da final por 1 a 0.
 
RETROSPECTO RECENTE
 
Em 13 de setembro de 2019, Guilherme foi anunciado como novo contratado da TNT Sports, para ocupar o cargo de comentarista da emissora nas transmissõea da Liga dos Campeões da Europa. 
 
Como treinador, Guilherme teve quatro passagens pelo Marília, em 2012, 2013, 2020 e 2021 e retornou ao clube do interior paulista em 20 de fevereiro de 2022, permanecendo até 17 de abril de 2023, quando foi demitido, após a equipe ser eliminada do quadrancular da Série A3 do Campeonato Paulista.
 
Nascido em Marília (SP) no dia 8 de agosto de 1974, Guilherme começou nos juvenis do Marília Atlético Clube, o MAC. Em 1992, ele ganhou oportunidade no time profissional, que contava com o meia Paulo César Maranhão, ex-São Paulo e Flamengo. Os gols do jovem atacante no Paulistão daquele ano chamaram a atenção dos dirigentes são-paulinos.

Em 1993, Guilherme já estava no São Paulo, sendo comandado por Telê Santana. Como reserva, o centroavante fez parte do time tricolor campeão da Libertadores e do Mundial daquele ano. No ano seguinte, tendo mais oportunidade de jogar, ele ajudou o São Paulo a ser campeão da Copa Conmebol e da Recopa Sul-Americana.

Deixou o São Paulo em 1995, após ter feito 44 jogos (20 vitórias, 12 empates e 12 derrotas) e ter marcado 18 gols (números do "Almanaque do São Paulo", de Alexandre da Costa). Guilherme foi negociado com o Rayo Vallecano, da Espanha.

Jogou dois anos no Velho Continente e acertou seu retorno ao futebol brasileiro, em 1997, para defender o Grêmio. Teve boa passagem pelo futebol gaúcho e em 1998 se transferiu para o Vasco. Em São Januário, enfrentou a concorrência de Luizão e Donizete Pantera Negra no ataque. Mesmo assim, em 1999, foi artilheiro da equipe no Torneio Rio-São Paulo, conquistado pelo time cruzmaltino.

Ainda em 1999, Guilherme se transferiu para o Atlético Mineiro. E foi lá, no time das Alterosas, que o centroavante viveu seu melhor momento na carreira. No Brasileirão daquele ano, Guilherme foi artilheiro, bateu recorde que pertencia ao maior ídolo atleticano, Reinaldo, e conduziu o time à final do campeonato. O Atlético Mineiro foi vice-campeão. O título ficou com o Corinthians.

O mesmo Corinthians que Guilherme defenderia em 2002. Emprestado pelo Galo, o atacante chegou ao clube do Parque São Jorge para a disputa do Brasileirão. Logo em sua estréia, em jogo contra o Internacional, no Pacaembu, Guilherme provou que continuava com faro de gol. Ele marcou dois contra o Colorado na vitória corintiana por 3 a 2.

No entanto, a passagem de Guilherme pelo Corinthians não ficou marcada apenas por gols. Em outubro, o jogador se envolveu em grave acidente automobilístico que resultou na morte de duas pessoas. A tragédia ocorreu próximo à cidade de Marília. Psicologicamente abalado, Guilherme não voltou a jogar o mesmo futebol no Corinthians, que acabou sendo vice-campeão brasileiro daquele ano. O Santos, de Robinho, Diego, Léo, Fábio Costa e companhia, ficou com a taça.

Guilherme foi devolvido pelo Corinthians ao Atlético e pouco tempo depois deixou o país para defender o Al Itthihad, da Arábia. Em 2004, ele foi contratado pelo maior rival do Galo, o Cruzeiro. No mesmo ano, Guilherme foi campeão mineiro pelo time celeste. A passagem pela Toca da Raposa foi curta e no ano seguinte o atacante foi defender o Botafogo, seu último clube.
 
Em 2007, o ex-goleador começou a trabalhar no Marília, clube que o revelou, como auxiliar técnico de Jorge Rauli, ex-lateral-direito. Em junho de 2012, assumiu o comando técnico do MAC. "Dirigir o Marília para mim é muito especial, pois cheguei aqui aos sete anos e foi onde tudo começou na minha carreira", disse em sua primeira entrevista como técnico do clube.
 
Após isso, foi auxiliar técnico no Atlético-MG em 2010. Assumiu o Ipatinga-MG em 2011, retornou ao Marília em 2012 e desde 2013 estava à frente do Novorizontino. No dia 14 de junho de 2016, assinou contrato com o Vila Nova-GO para comandar o time na Série B do Campeonato Brasileiro.
 
Em novembro de 2016, foi anunciado como novo técnico do Linense. No entanto, a equipe não começou bem o Paulista de 2017, e o ex-atacante acabou demitido em 20 de fevereiro.
 
Em 22 de fevereiro de 2017 foi anunciado como novo treinador da Portuguesa de Desportos, para comandar a equipe do Canindé na Série A-2 do Campeonato Paulista de 2018. No mesmo ano teve passagem pelo Paysandu.
 
Abaixo, ouça a entrevista que Guilherme concedeu a Milton Neves no programa Domingo Esportivo no dia 27 de março de 2016:

 
 
No dia 29 de maio de 2016, o Portal UOL publicou a seguinte entrevista com o ex-centroavante Alex:

Queda de técnico ofuscou feito de Guilherme contra o Real no Bernabéu

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

Velho conhecido das torcidas do Corinthians e do Atlético-MG, o ex-atacante Guilherme, hoje treinador, não esconde que o clube mineiro foi a menina dos seus olhos na sua carreira. Jogando por lá ele chegou a disputar uma Copa América (2001) e as eliminatórias da Copa do Mundo de 2002 pela seleção brasileira – é ainda o sétimo maior artilheiro da história do Galo. Segundo palavras do próprio, foram quatro anos excepcionais que fizeram do Atlético-MG o clube mais importante dentre todos que passou. Mas um momento em especial, longe de Belo Horizonte, não sai da cabeça de Guilherme e ainda é apontado pelo atacante como um dos mais memoráveis de sua carreira: dois gols na vitória de 2 a 1 sobre o Real Madrid, em pleno Santiago Bernabéu, no ano de 1996, pelo Campeonato Espanhol.

Guilherme defendia o Rayo Vallecano, e proporcionou a única vitória de sua equipe sobre o gigante Real dentro do Bernabéu. Algo histórico mas que, infelizmente (para Guilherme), não acabou tendo a repercussão que se imaginava. Isso porque a derrota merengue resultou na demissão do então técnico do Real Madrid, o argentino Jorge Valdano. E foi este o assunto mais comentado do momento, deixando os gols históricos de Guilherme em segundo plano.

"Foi a última vez que o Rayo Vallecano ganhou lá dentro do estádio do Real Madrid. Ganhamos de 2 a 1 e eu fiz os dois gols. E o Valdano caiu naquela tarde... Eu tinha 20 anos e me lembro muito bem deste jogo, estava chovendo bastante em Madri. Infelizmente, para mim, como o Valdano caiu, eles [imprensa] deram muito mais ênfase à saída dele do que a nossa vitória, mas logicamente são coisas que ninguém esquece porque, desde aquele ano, toda vez que o Rayo Vallecano vai jogar no Bernabéu o pessoal da imprensa espanhola me liga, porque foi a última vez que o Rayo ganhou lá dentro", recorda em entrevista ao UOL Esporte.

Como o Valdano caiu, eles [imprensa] deram muito mais ênfase à saída dele do que a nossa vitória, mas logicamente são coisas que ninguém esquece"

Guilherme chegou ao Rayo cedo (apenas 20 anos), após uma breve passagem pelo São Paulo, segundo clube de sua carreira – depois do Marília. "Para mim foi muito importante essa minha ida, ainda mais jovem... Logicamente a adaptação sem os pais é um pouco complicada, porém a língua não é tão diferente da nossa, você aprende muito mais fácil do que outra língua... Alimentação, este tipo de problema, eu não tive, mas se adaptar à maneira do europeu de como lidar com o futebol foi o mais importante: esquema tático, obediência, tudo o que envolve realmente ser um atleta profissional. Foram três anos excelentes", disse.

Além da passagem marcante pelo Rayo, clube pelo qual marcou 39 gols em três anos, Guilherme conversou com o UOL Esporte sobre outros assuntos como seleção brasileira, Atlético-MG e seu atual momento na carreira. Confira:

Carreira de técnico
"Agora acabou o contrato, a gente vai começar a negociar agora, eu já tive convite para dirigir equipes da série C, mas a preferência é renovar com o Novorizontino".

"Eu tinha certeza que tinha condições para ser as três coisas: empresário, comentarista ou treinador. Logicamente eu tinha que me preparar pra isso, mas sempre soube que seria treinador. Aí fiquei me preparando por cinco anos... Em 2007 fui fazer um estágio e o Jorge Rauli [ex-jogador] assumiu o Marilia e me chamou para ser o auxiliar técnico dele – hoje ele é meu auxiliar – e eu aceitei. Fui auxiliar no Marilia um ano e meio, depois fui tirar o CREFI e comecei a fazer os estágios, me preparar para a reta final. Logicamente, dos treinadores com quem eu trabalhei, você tira algumas coisas deles. Eu trabalhei em times grandes e peguei os melhores treinadores do país, aí você guarda as coisas boas como eu guardei do Telê Santana de 93/94, você acaba aplicando no dia a dia, mas cada um tem a sua maneira de trabalhar".

Atlético-MG
"Foi onde tudo aconteceu de melhor na minha carreira como jogador. Eu cheguei na seleção brasileira, então para mim o Atlético-MG é tudo. Foram quatro anos, artilharia do Brasileiro [1999, pelo Atlético-MG, com 28 gols], depois entrei entre os 10 maiores artilheiros na história do Atlético-MG, cheguei a sétimo maior artilheiro do clube [139 gols], disputei uma Copa América com a seleção brasileira [em 2001], joguei eliminatórias para a Copa de 2002, tudo jogando pelo Atlético-MG, então não tem como dizer que, para mim, o mais importante na minha vida como jogador foi o Atlético-MG".

Seleção brasileira
"Sempre há discussão se aquele jogador foi importante ou se não foi, esse é o mérito da questão, isso aí a gente não entra, mas tem algumas coisas que são fatos e fatos e números você não tem como argumentar. Então eu fui convocado pelo Felipão para uma Copa América dentro de um espaço de tempo e fui importante pra ele no grupo da seleção brasileira para disputar a Copa América... Isso é um fato, para mim é muito importante e fica no currículo, isso ninguém tira".

[derrota para Honduras na Copa América de 2001, por 2 a 0]

"Talvez tenha sido a derrota mais amarga que eu tenha tido na minha carreira, sem dúvida alguma. Foi aquela derrota doída... Mas a diferença técnica, peso de camisa, ou seja, com tudo isso que você sabe o que eu estou falando, não poderia ter acontecido aquilo. São coisas assim... Como é que o Mazembe ganha do Internacional no Mundial de Clubes? Como o Leicester é campeão da Inglaterra? São coisas que vão acontecer de 100 em 100 anos. Sabe quando Honduras vai ganhar do Brasil novamente? Daqui a 100 anos. Isso só acontece no futebol".
 
No dia 11 de abril de 2021, Guilherme Cássio Alves, o Guilherme (ex-atacante e hoje técnico do Marília AC), participou do Domingo Esportivo da Rádio Bandeirantes.
 

 

 

 Então treinador do Marília, Guilherme foi entrevistado por Edvaldo Tietz em 29 de janeiro de 2023. Veja abaixo, na íntegra

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Números de Guilherme pela seleção, Galo e Corinthians

Guilherme chegou a ser convocado algumas vezes para defender a seleção brasileira. Isto aconteceu quando ele defendia o Atlético Mineiro. Guilherme fez apenas seis partidas pela seleção. Foram duas vitórias, um empate, três derrotas e um gol marcado (no dia 15 de julho de 2001, contra o Peru), segundo números do livro "Seleção Brasileira 90 anos?, de Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf.

Pelo Atlético Mineiro, entre 1999 e 2003, Guilherme fez 139 gols (como informa o leitor e colaborador Carlos Diniz). E pelo Corinthians, apenas em 2002 (segundo semestre), o atacante jogou 19 partidas (11 vitórias, três empates e cinco derrotas) e marcou 13 gols, como informa o "Almanaque do Corinthians?, de Celso Unzelte.

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