Felipe Cambeiro

Ex-lutador de boxe

Por Gabriel Leão

Foram três quedas, no ringue montado no Auditório da extinta TV Rio, no Rio de Janeiro. É possível dizer que muitos dos ali presentes e mesmo alguns dos telespectadores não imaginavam o que significava aquela vitória por pontos do espanhol naturalizado brasileiro Felipe Cambeiro sobre o argentino Carlos Monzón, futuro campeão mundial e membro do Hall da Fama, que fora dominado tão intensamente como nunca havia sido ou fora depois.

Felipe Sendon Cambeiro nasceu em La Coruña, capital da Galícia, na Espanha no dia 10 de janeiro de 1934. Migrou para o Brasil aos 18 anos em 1952. "Foi acima de tudo um bravo, um durão do ringue, onde nenhum campeão, por mais demolidor que fosse, poderia assustá-lo, nem mesmo derrubá-lo?, descreve o falecido jornalista Henrique Matteucci em seu livro Luzes no Ringue (1988), o mesmo é autor da biografia de Éder Jofre, Galo de Ouro (1962).

O batalhador espanhol foi introduzido ao boxe pelo galã dos ringues Paulo de Jesus que três anos após sua chegada ao Brasil o levou para treinar na equipe do Palmeiras, lá foi instruído por Lofredão e posteriormente Fritz.

O europeu não primava pela técnica, mas compensava a falta deste atributo com coragem, determinação e disposição para os desafios. Nunca beijou a lona, mesmo diante de nomes respeitáveis da categoria dos médios, como o próprio Monzón.

Pelo amadorismo teve passagem fugaz, fez menos de 10 lutas. No seu segundo ano de luvas se sagrou campeão dos novíssimos e novos passando foi barrado no campeonato nacional por ser estrangeiro e isto conduziu ao profissionalismo.

Em 1961, foi proclamado pela Confederação Brasileira de Pugilismo campeão nacional, por falta de adversários.  O título pôde lhe ser conferido por ter se naturalizado brasileiro, o pugilista serviu o Exército, o que lhe deu condições legais de ser reconhecido como Brasileiro, apesar de já honrar sua pátria-mãe e adotada sem a necessidade de documentos.

O boxe brasileiro vivia seu auge, Éder Jofre era campeão dos galos, os pugilistas tinham atenção de jornais, rádios e emissoras de TV. Não só os atletas do futebol eram admirados, e dentre estes ídolos estava Cambeiro tanto que após sua luta com o argentino Roberto Mustafá em 1961 foi carregado por amigos e público até seu vestiário.

Monzón tem mais duas derrotas em seu currículo, uma antes e outra depois daquele de 28 de junho de 1964, porém em seu auge foi o poder mundial dos médios, e é considerado por críticos um dos maiores nomes de todos os tempos independente de categoria de peso. O "Escopeta" deixou uma trilha de nocautes pelos ringues que passou junto com cenas plásticas.

Quando bateu o argentino, Cambeiro já estava há sete temporadas nos ringues profissionais e tinha trinta e oito vitórias, nove derrotas e quatro empates. O reencontro ocorreu em 1965, e Monzon devolveu-lhe o revés para então partir à conquista do título mundial.

Ao deixar os ringues se tornou professor da nobre arte. Um dos seus pupilos foi Sidnei Dal Rovere, hoje comentarista de pugilismo que lembra de uma passagem curiosa, quando um dos alunos do espanhol derrubou Adilson Rodrigues, o "Maguila?.

Rodolfo Salgado, o "Baby?, era um negro forte de pegada dura, mas um tanto receoso no ringue, foi primeiro colocado do torneio de iniciantes Forja dos Campeões em 1979, enquanto Maguila obteve o título no ano posterior.

Em 1981, se enfrentaram no Campeonato Paulista de Amadores. Maguila era acompanhado pelo respeitado Ralph Zumbano, um dos membros do clã Zumbano-Jofre e tio de Éder Jofre.

No início do embate, Salgado sentiu a pesada mão de Maguila que queria fazer dele Baby beef. Dal Rovere lembra que Cambeiro no intervalo chamou seu atleta de lado quase o enforcando e avisou: "se você não bater nele quem vai acabar contigo sou eu?. Então Salgado foi pra cima e nocauteou Maguila vencendo a luta.

Monzón tem mais duas derrotas em seu currículo, uma antes e outra depois daquele de 28 de junho de 1964, porém em seu auge foi o poder mundial dos médios, e é considerado por críticos um dos maiores nomes de todos os tempos independente de categoria de peso. O "Escopeta" deixou uma trilha de nocautes pelos ringues que passou junto com cenas plásticas.

Quando bateu o argentino, Cambeiro já estava há sete temporadas nos ringues profissionais e tinha trinta e oito vitórias, nove derrotas e quatro empates. O reencontro ocorreu em 1965, e Monzon devolveu-lhe o revés para então partir à conquista do título mundial.

O falecido Felipe Cambeiro, não deixa apenas um cartel de 43 vitórias, 23 por nocaute e 16 derrotas. Pode ser dito que o hispano-brasileiro ajudou a moldar o histórico campeão que se tornou Monzón ao superá-lo de forma tão impactante e ao mesmo tempo com isso gravou seu nome, Felipe Cambeiro, na história do esporte latino.

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