Fauzi Kanso

Eclético homem de rádio

Nascido em 14 de setembro de 1945, em Prata-MG, Fauzi Kanso, grande homem de rádio, morreu no dia 19 de março de 2012, aos 66 anos, em Barão Geraldo, distrito de Campinas-SP. Ele lutava há tempos contra um tumor no fígado.

Ele morava em Campinas, era casado, tinha três filhos e quatro netos. Pouco antes de morrer, "contava causos?, como gostava de dizer, no site Futebol Interior e no Diário de Votuporanga.

Fauzi Salomão Kanso começou sua carreira na Rádio Clube de Votuporanga nos anos 60 e sua narração vibrante e precisa chamou a atenção da Rádio Brasil de Campinas. Em 1967 foi contratado para substituir Luciano do Valle, que havia se transferido para a Rádio Nacional de São Paulo (hoje Rádio Globo). Kanso também teve uma rápida passagem pela Rádio Piratininga de Ribeirão Preto.

Em Campinas atuou nas Rádios Brasil e Cultura, onde comandou a equipe de esportes. Paralelamente desenvolveu uma vitoriosa vida empresarial, além de comandar programas de músicas sertanejas e festivais musicais.

No rádio esportivo, Fauzi Kanso trabalhou com Jota Havilla, Sérgio Carvalho, Fausto Silva, Sérgio Salvucci, José Arnaldo, Walter Paradella, Zaiman de Brito Franco, entre outros.

Texto extraído do site Futebol Interior

PRIMEIRO E ÚLTIMO COMENTÁRIO DO J HAWILLA
Por Fauzi Kanso

Já contei algumas vezes aqui no nosso FUTEBOL INTERIOR, o maior portal sobre futebol do Brasil, com 30.000.000 (TRINTA MILHÕES) de acessos mês, ou, se preferir, 1.000.000/dia, algumas peripécias sobre transmissões de futebol em Votuporanga, interior de São Paulo.

Na época da Rádio Clube, se tínhamos de um lado o Diretor Nelson Camargo que para ajudar uma transmissão se tornar realidade apelava até ao Presidente da República, do outro, havia Luiz Rivoiro, diretor artístico e comentarista que fazia chover. Em matéria de equipamentos a Rádio Clube era a "Globo? do interior. Tinha tudo da melhor qualidade.

Tudo o que podia ser feito era feito para "quebrar? a Rádio Piratininga, quase falida que, para dizer a verdade, pouca resistência oferecia à Rádio Clube.

A Piratininga, além de não possuir bons equipamentos, atrasava com freqüência os salários dos funcionários e também as contas de luz, água, aluguel, telefone, enfim, era um caos.

Foi ai que chegou na cidade, vindo de São José do Rio Preto, contratado por Miguel Leuzi, o jovem J. Háwilla que, como já comentei aqui, em pouco tempo na gerencia colocou a casa em ordem, pagando os salários atrasados e dando moral para os funcionários.

Sai da Clube, onde era narrador de esportes, sim narrador de esportes porque lá irradiávamos tudo: box, natação, basquete, futebol de salão, hand-baal, vôlei, futebol, jogo de bocha... E fui trabalhar com o Háwilla na Piratininga, evidentemente por um salário melhor e com duas promessas: a de receber o pagamento sem atrasos e a de transmitirmos todos os jogos da Votuporanguense, fosse onde fosse.

Tão logo conseguimos melhores equipamentos e meios para uma transmissão, fomos eu e o Háwilla para Neves Paulista, cidade vizinha de São José do Rio Preto, cobrir o jogo Nevense e Votuporanguense, uma partida amistosa que serviria como preparativo para a Alvinegra de Votuporanga.

A cabine do Estádio de Neves Paulista era uma verdadeira "palafita?, ou seja, quatro (4) varas de eucaliptos sustentando a cabine que abrigava as rádios.

Para alcançar a cabine, era necessário subir por uma escada reta de madeira que ficava de pé do lado de fora, dá para imaginar?

Pior, tivemos que subir tal escada segurando com uma das mãos para não cair, enquanto a outra mão carregava a maleta, fios, cabos e microfones.

Naquela época, 1.967, havia, como há até hoje, uma grande rivalidade entre Votuporanga e as cidades da região.

Com Neves Paulista havia também, porém, menor que as rivalidades contra Rio Preto, Mirassol e Fernandópolis.  

Na "cabine palafita? estavam os integrantes de três emissoras: a Clube e Piratininga de Votuporanga e a Rádio de Neves Paulista. Tinha também alguns poucos penetras (políticos), ávidos por uma entrevista ou só para ter o nome citado.

Embaixo da "cabine palafita" ficavam torcedores que ouviam tudo o que os narradores e comentaristas diziam. Tudo estava transcorrendo muito bem porque o Nevense ganhava por um à zero, gol de Baguinho, até que surgiu o primeiro gol da Votuporanguense marcado por Flávio, dois metros de altura, que escorou de cabeça a bola que veio de um escanteio cobrado por Lupércio.

Pronto! Ai começou o desespero geral.

Os torcedores Nevenses, irados com nossos gritos de gooollll, começaram a chacoalhar as varas de eucaliptos e, por conseqüência, a cabine onde estávamos que ora ia para frente, ora para trás e também para os lados.

O Háwilla, na tentativa de se segurar melhor, inadvertidamente, tocou numa fiação que não tinha as emendas encapadas. Verdadeira gambiarra.

O choque foi tão grande que deixou suas pernas em verdadeira "geléia?, fato que o obrigou a sentar-se no chão onde ficou por uns bons minutos até o seu restabelecimento.

Quer saber ? ? Fiquei só na transmissão. O Háwilla, irado com os balanços da cabine e "puto? com o choque, emudeceu e não deu mais nenhuma palavra, nem mesmo sobre a partida. Nem mesmo na viagem de volta para Votuporanga ele falou. Só esboçou um sorriso quando lhe disse: "seu bico vai raspar no pára-brisa?.

Na segunda feira, ainda meio carrancudo, Háwilla chegou na rádio e pediu uma ligação para Rio Preto.

Pronto, em poucos minutos de conversa contratou Sérgio Carvalho (hoje colunista do Futebol Interior) como redator e apresentador de notícias, e comentarista esportivo.

Nunca mais ele, o Háwilla, pegou no microfone para participar de uma jornada esportiva na Rádio Piratininga .

Foi a primeira e única partida em que ele trabalhou pela emissora de Votuporanga.

Tempos depois o Háwilla foi para Jales, levantar a Piratininga de lá, e eu voltei a para a Rádio Clube.   

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