Fausto Canova

Grande homem de rádio
por Sérgio Quintella
 
Fantástico conhecedor de música e dono de uma voz inconfundível, Fausto Augusto Battistete, o Fausto Canova (ele usou o sobrenome da mãe), morreu no dia 3 de janeiro de 2009, após sofrer uma parada cardíaca.
 
Aos 78 anos, viúvo, sem filhos e sob suspeita de ser portador do Mal de Alzheimer, Fausto Canova morou o último mês de sua vida em Avaré-SP, levado por um sobrinho.

Nascido em Marília-SP, o radialista escolheu São Paulo para viver, trabalhar, ouvir seus milhares de discos e, sobretudo, casar-se com seu grande amor: Sônia.

Da famosa "Era do Rádio" dos anos 50 e 60, Canova foi um expoente. Trabalhou nas rádios Excelsior, Bandeirantes, Jovem Pan e Cultura, entre tantas outras.

Sem ele, o Rádio e a música certamente não são mais os mesmos.
A missa de sétimo ocorreu em São Paulo, dia 8 de janeiro de 2009, às 18h30, na igreja do Colégio Assunção.

MILTON NEVES FALA DE FAUSTO CANOVA

Eu, Milton Neves, trabalhei na mesma emissora que Canova por quase dez anos. Chegando à Rádio Jovem Pan AM pelas mãos do saudoso e genial Fernando Luiz Vieira de Mello, em 1972, conheci Fausto Canova que era o apresentador titular do "Show da Manhã". Ele teve vários produtores como Chico de Assis, Marino Maradei e Leda Cavalcanti e, ao microfone, era um professor de música.

Mas também adorava futebol. Parecidíssimo com Jorge Andrade, ex-lateral-esquerdo do Internacional-RS, Fausto Canova foi também narrador esportivo da TV Tupi por certo período, durante os anos 70.
Grande Canova, que Deus o tenha!

Ainda sobre Fausto Canova , veja a matéria da Folha de S.Paulo de 9 de janeiro de 2009, na seção "Obituário" do caderno Cotidiano, escrita pelo repórter Estêvão Bertoni.

"FAUSTO AUGUSTO BATTISTETE (1930-2009)
Fausto Canova, uma voz da Era do Rádio
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Fausto Canova tinha os dois quesitos fundamentais de um bom apresentador, conta Zuza Homem de Mello, amigo do radialista, historiador e crítico de música.
Primeiro: possuía profundo conhecimento musical. Segundo: tinha uma bela voz.
O vozeirão de Fausto Augusto Battistete contribuiu, inclusive, para seu casamento com a mulher com quem viveu boa parte da vida. Sônia era fã de seus programas -e, ambos, de Dick Farney.
Como ela tinha um amigo na mesma emissora de Fausto, conseguiu o contato do radialista, conheceram-se e passaram a namorar.
"Grande nome da Era do Rádio dos anos 50 e 60", como o descreve Homem de Mello, Fausto passou pelas rádios Excelsior, Bandeirantes, Jovem Pan e Cultura.
Fanático por música americana e música instrumental brasileira, arriscou-se como crooner, mas não levou adiante. O nome Canova, da família da mãe, ele adotou apenas profissionalmente.
Sozinho em SP e com suspeita de Alzheimer, mudou-se para Avaré há um mês, levado pelo sobrinho -não teve filhos. Natural de Marília (SP), "gostava mesmo era de SP", conta a sobrinha. Tinha tantos discos em casa que era obrigado a vender alguns para conseguir guardar todos.
Viúvo havia cerca de quatro anos, Fausto morreu no sábado, aos 78, em Avaré, após sofrer uma parada cardíaca. A missa de sétimo dia será hoje, às 18h30, na igreja do Colégio Assunção, em SP.
obituario@grupofolha.com.br"

Ainda sobre Fausto Canova, veja o e-mail enviado pelo querido Mário Lopomo no dia 11 de janeiro de 2009.
De: Mário Lopomo [mailto:mlopomo@uol.com.br]
Enviada em: domingo, 11 de janeiro de 2009 14:41
Para: Programa Radio Bandeirantes no Ar
Assunto: Fale Conosco - Mário Lopomo
Prioridade: Alta

RB NO AR
NOME: Mário Lopomo
EMAIL: mlopomo@uol.com.br
CIDADE: sp -
TELEFONE: ()
IDADE:
PROFISSÃO:
ASSUNTO: fausto canova

MENSAGEM: O Radio mais pobre. Sábado pp. Dia 3, Aconteceu um infausto acontecimento. Morreu Fausto Canova. Radialista dos melhores que tinha programas em que a musica era o tom suave. Como suave era sua voz. Sem querer tirar o slogan de Zuza Homem de Melo, Fausto também tinha musica nas veias. Fausto falava sobre qualquer assunto, política, futebol, (era palmeirense), mas tinha um conhecimento muito grande sobre musica quer brasileira ou estrangeira. Fausto era fixado em musica instrumental. Prova disso é, que em 1977, ele trabalhando na Jovem -Pan, engendrou um verdadeiro festival de musica instrumental, com grandes shows no centro de convenções do Anhembi. Era o ano do centenário do Chorinho. Cada programa levava o enorme publico ao delírio ao ouvir grandes astros do cavaquinho, flauta, bandolim. O publico vibrava com Waldir Azevedo, Jacó do Bandolim, Abel Ferreira, Altamiro Carrilho e outros. Até bem pouco tempo sua voz era ouvida pela radio cultura, uma das poucas emissoras AM que ainda toca musica. O radio, a musica, e os, ouvintes estão órfãos da coisa boa. Mário Lopomo."

Mais um querido amigo se emociona com a morte de Canova. Veja o e-mail de Eduardo Castro, ex-repórter da Band, que em 2007 trocou São Paulo por Brasília para trabalhar na administração do presidente Lula, ao lado de Franklin Martins.
"De: Eduardo Castro [mailto:ecastro@ebc.com.br]
Enviada em: domingo, 11 de janeiro de 2009 11:00
Para: Programa Radio Bandeirantes no Ar
Assunto: Fausto Canova
Prezado,
Chorei no carro hoje ao ouvir vc falar do Fausto Batistetti (esse era o nome dele, se não me falha a memória). Quando comecei lá na radioescuta da Rádio Trianon, ele apresentava um programa à tarde, com muita música de orquestra.
Isso, claro, sem abandonar o também consagrado Estúdio 1200, na Rádio Cultura AM, de manhã.
Na década de 60, ele foi jurado de alguns dos famosíssimos festivais da TV Record e também presidiu o Clube do Jazz.
No começo da Trianon (1992, com a redação ainda movida a máquina de escrever), ele sempre abria o programa do mesmo jeito que fazia no Show da Manhã da Pan e do Manhã Bandeirantes.
A fórmula adjetivava as "menininhas " e os "garotões" que ouviam o programa - "Menininhas exaltadas, garotões descabelados, senhoras e senhores, boa tarde!"; ou "Menininhas encantadoras, garotões encantados, senhoras e senhores, boa tarde".
Fausto adorava Frank Sintra e sempre que o nosso Picá programava uma música do Blue Eyes ele escutava fascinado.
Era apresentador de rádio mesmo, daqueles que não consegue nem dar hora certa sem segurar a orelha com a mão direita.
Cheguei a cobrir férias dos produtores dele, fazendo notinhas culturais e checando disco a disco o carrinho da produção musical.
Foi ele quem leu a primeira coisa que escrevi na vida: um boletim (batido em três vias, copiado com carbono) sobre as informações do aeroporto...
Obrigado por ter informado sobre ele!
Abs pra você,
Edu
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Eduardo Castro
Gerente Executivo de Jornalismo
Empresa Brasil de Comunicação
Brasília - DF
ecastro@ebc.com.br"
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