Estádio Nicolau Alayon

O campo do Nacional AC
por Marcos Júnior

Situado no bairro da Barra Funda, o Estádio Nicolau Alayon, do Nacional Atlético Clube, também é conhecido pelo nome de Comendador Souza, por conta de uma das ruas que dá acesso às suas dependências. A outra entrada é pela Avenida Marquês de São Vicente.

Erguido entre 1937 e 1938, a inauguração do estádio aconteceu no dia 14 de maio de 1938, ocasião em que o Nacional foi derrotado pelo Corinthians por 2a1.

Apesar da capacidade atual para 9.660 torcedores, o Nicolau Alayon registrou seu público recorde com números bem maiores, em 21 de fevereiro de 1970, quando o Nacional derrotou o São Paulo por 1 a 0. Estiveram presentes 22.000 torcedores no estádio localizado no bairro da Barra Funda.

Tradicional na revelação de jogadores, o estádio do Nacional é bastante utilizado para jogos de divisões inferiores do futebol paulista e também da Copa São Paulo de Futebol Júnior.

Entre os jogadores que vestiram a camisa listrada em azul e branca, estão nomes como Idário e Rubens Minelli.

Um dos momentos históricos para o estádio aconteceu em 1963, quando o estádio foi uma das sedes dos Jogos Pan-Americanos.
 
No dia 4 de dezembro de 2017, o jornal "Folha de São Paulo" publicou uma matéria sobre o Estádio Nicolau Alayon. Abaixo, confira essa matéria que foi republicada no Portal Terceiro Tempo:

"Estádio na Barra Funda é tombado após processo que durou 14 anos"
Nicolau Alayon, campo do clube Nacional, remete aos primórdios do futebol paulista

GUILHERME SETO
FOLHA DE SÃO PAULO

Assim como fazia contra os zagueiros o habilidoso Passarinho, maior ídolo da história do Nacional Atlético Clube e artilheiro do Campeonato Paulista de 1945, o estádio Nicolau Alayon vinha driblando as empreiteiras na Barra Funda. Até que venceu.

Desde 29 de novembro, o estádio localizado em terreno valorizado na rua Comendador Souza, casa do Nacional desde que foi erguido em 1938, teve a sua arquibancada coberta e o gramado tombados pelo Conpresp, conselho de patrimônio municipal. O processo corria desde 2003, e foi definido por votação no órgão no final de outubro.

A função do tombamento é impedir que o local seja alvo de modificações radicais ou destruição. O principal argumento que levou ao voto positivo foi o da relevância do estádio para a memória do futebol paulista do começo do século 20.

O Nacional foi fundado oficialmente em 1919 por funcionários da São Paulo Railway Company, a empresa controlada por ingleses e que foi responsável pela primeira ferrovia construída no Estado, que ligava Santos a Jundiaí, passando também por Cubatão, Paranapiacaba, Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Mauá e São Caetano do Sul.

Inclusive, o Nacional adota esse nome apenas a partir de 1947, com a nacionalização da estrada de ferro. Antes disso, chamava-se São Paulo Railway Athletic Club.

Desde o nascimento, o clube teve identidade operária, contando com ferroviários entre seus atletas e torcedores.

Na decisão, o Conpresp tombou a arquibancada e o gramado, que não pode ser retirado de onde sempre esteve: vizinho à estrada de ferro da São Paulo Railway. Diferentemente do Alayon, a maior parte dos campos paulistanos foi instalada nas várzeas de rios.

"Esse estádio é o último testemunho de uma lógica tradicional de organização de clubes operários, funcionando em uma antiga área fabril, complementar às vilas operárias. Além disso, a arquibancada é típica dos primeiros estádios do Brasil. Antes disso, na origem dos campos, as pessoas apenas ficavam ao redor do gramado", diz Mariana Rolim, diretora do Departamento de Patrimônio Histórico e membro do Conpresp.

Primo de clubes como Palestra Itália (1914), Corinthians (1910) e Juventus (1924), da Mooca –arquirrival, com quem trava o sempre incendiado clássico "JuveNal"– o Nacional viu os investimentos minguarem depois que a São Paulo Railway saiu da mão dos ingleses na década de 1940. Por isso, não deu o salto da popularização como os dois campeões brasileiros mais recentes.

Mais antigo que Pacaembu (1940) e Morumbi (1960), o Alayon remete a tempos talvez mais democráticos do ludopédio nacional.

"Na Arena Corinthians e no Allianz Parque vemos uma gentrificação tremenda e um branqueamento da torcida com a eliminação dos espaços dos setores populares. O tombamento protege um espaço de memória que sobrevive a essa modernização excludente", diz Flávio de Campos, professor de História da Universidade de São Paulo e coordenador do Ludens, núcleo de pesquisas sobre esportes.

Atualmente, o Nacional vive boa fase nos gramados e disputará a segunda divisão do Campeonato Paulista em 2018, quando enfrentará, a partir de janeiro, times também tradicionais como Portuguesa, Guarani, XV de Piracicaba. E Juventus.

Ayrton Santiago, presidente do Nacional "por mais de 20 anos", somando passagens diferentes, afirma que o campo ficará "eternamente" onde está tal como determina o tombamento, independentemente das dificuldades financeiras e da tentação das ofertas que se amontoaram ao longo das décadas.

"Jamais será vendido. Podemos aproveitar outras áreas da sede e fazer um grande empreendimento que ajude o clube, mas o Nicolau Alayon nunca sairá de lá."

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