Esporte espetacular

TV Globo 1973
- Esporte espetacular é o mais antigo programa da TV Globo no ar. Estreou com o objetivo de abrir espaço para o esporte amador na televisão, numa época em que o futebol predominava nos noticiários. O programa acompanhava as principais modalidades esportivas, a história dos atletas e os recordes mundiais conquistados em diferentes competições no exterior.
- No início, o Esporte espetacular apresentava, na íntegra ou de forma parcial, eventos esportivos comprados do programa Wide World of Sports, da rede norte-americana ABC. Dessa forma, o programa acabava exibindo esportes pouco populares no Brasil, como patinação no gelo, esqui e pólo, além de competições que não contavam com a participação de atletas brasileiros, como um campeonato norte-americano de cama elástica, o rodeio Buffalo Bill, nos Estados Unidos, ou ainda o campeonato mundial de Derby Demolição, no qual os carros deviam resistir ao maior número de batidas possíveis. O programa acompanhava também corridas de arrancada e campeonatos de queda de braço.
- Apesar disso, o Esporte espetacular chegou a influenciar a prática de diferentes modalidades esportivas no país. Cerca de 20 anos depois da sua estréia, o programa apresentou uma matéria, na qual afirmava que o rodeio no país havia sofrido influências dos torneios realizados nos Estados Unidos, exibidos pelo programa na sua fase inicial. Segundo a reportagem, os peões brasileiros, que na década de 1970 ainda estavam no caminho para a profissionalização, assistiam ao programa e adaptavam o estilo de montaria dos norte-americanos ao brasileiro. 
- A primeira equipe do Esporte espetacular reuniu profissionais como Léo Batista, Waldir Mendes, José Luiz Furtado, Luciano do Valle, Ciro José, Juarez Soares, Tércio de Lima, Teti Alfonso, Miriam Delamare e Milton Collen. A coordenação do programa era de Fernando Villela e a direção, de Moacyr Masson. Nessa época, a direção da divisão de Esportes da TV Globo ficava a cargo de Rui Viotti.
- O Esporte espetacular nem sempre adotou a informalidade que o caracterizaria mais tarde. Nos primeiros anos, o apresentador usava sempre terno e gravata, e se expressava numa linguagem bastante formal.
- Na década de 1970, os investimentos da emissora na reportagem esportiva eram precários. Em algumas transmissões, por exemplo, era mantida, ao fundo da fala do apresentador, a locução em inglês do narrador original.
- Ciro José, que fez parte da primeira equipe do Esporte espetacular, lembra das dificuldades para gravar o programa devido ao pouco espaço dedicado ao esporte na programação da TV Globo naquela época. Havia sempre mudanças no horário de exibição do programa. Além disso, a equipe tinha que ficar esperando uma pausa nas gravações dos demais programas da emissora para conseguir vaga nos estúdios, que muitas vezes só estavam disponíveis de madrugada.
 
As primeiras mudanças
- As primeiras mudanças no perfil do Esporte espetacular começam a ser adotadas a partir de 1976. Depois de assistir a uma edição do programa que exibiu um torneio de serrar toras de madeira no Colorado, Boni ? na época, vice-presidente de operações da TV Globo ? chegou à conclusão de que a equipe da emissora deveria começar a produzir seu próprio material. Com isso, as imagens do Wide World of Sports, que enfatizavam os esportes com apelo ao sensacional e não retratavam a realidade do país, foram cedendo espaço às competições de remo, vôlei, basquete, ciclismo e atletismo, modalidades mais próximas do telespectador brasileiro.
- Em 1976, ainda sob a direção de Moacyr Masson, o Esporte espetacular passou a ser exibido aos domingos à tarde, horário antes ocupado pelo Programa Silvio Santos. Além das transmissões esportivas, reportagens exclusivas sobre diferentes temas que estivessem em destaque no momento passaram a fazer parte do programa. Com o auxílio dos escritórios da TV Globo nos Estados Unidos e na Europa, as reportagens passaram a destacar temas como: a participação da mulher em diferentes esportes, as corridas de Fórmula - 1 e a vitória de Muhhamad Ali no mundial de pesos pesados.
- Em agosto de 1977, o Esporte espetacular mudou novamente seu horário de exibição, passando a ser transmitido, aos domingos, a partir das 11h. Nessa época, o programa adotou o formato de revista eletrônica, as reportagens receberam um tom mais criativo e leve, com brincadeiras e clipes de imagens acompanhando textos em off.
- Ainda em 1977, uma edição especial do programa foi inteiramente dedicada a Pelé, que na época fora homenageado pela ONU e pela Unicef com o título de cidadão do mundo. O programa apresentou uma retrospectiva da carreira do jogador brasileiro, desde o início de sua atuação no Santos, até as últimas partidas pelo Cosmos, time de Nova York.
- Em 1980, Fernando Vannucci, que desde o final da década de 1970 já participava do programa como narrador, passou a se revezar na apresentação do programa com Léo Batista.
- Um ano depois, o Esporte espetacular voltou a ser transmitido aos sábados à tarde. A mudança de horário marcou uma nova fase do programa. Naquele momento, o Esporte espetacular se dedicou mais à transmissão ao vivo ? na íntegra ou parcial ? de um evento esportivo, como o Campeonato Carioca de Vôlei, o Campeonato Mundial de Windsurfe no Havaí, o Troféu Brasil de Natação ou mesmo as eliminatórias da Copa do Mundo de 1982. Para alcançar esse objetivo, a emissora chegou a fazer acordos com federações de diferentes esportes para que as provas fossem disputadas aos sábados, no horário em que o programa era exibido, das 15h às 17h. Também foram promovidos campeonatos como a Taça Esporte espetacular de Futebol de Salão.
- Um dos destaques do Esporte espetacular, em 1982, foi uma edição especial do programa que reuniu o comentarista esportivo Márcio Guedes, o cartunista Henfil, o ex-jogador Afonsinho e o escritor Plínio Marcos. Num botequim improvisado, eles analisaram a seleção brasileira de futebol, às vésperas do mundial. A reportagem foi ao ar no dia 8 de maio.
- Durante a cobertura da Copa do Mundo da Espanha, em 1982, pela primeira vez, a produção do Esporte espetacular investiu amplamente no mundial, tendo inclusive parte do programa transmitido direto de Madri, para onde foi enviado o apresentador Fernando Vannucci.
- A primeira reportagem de aventura da jornalista Glória Maria foi para o Esporte espetacular. Em 1982, a repórter saltou de asa-delta da Pedra Bonita, no Rio de Janeiro. A matéria mostrou pela primeira vez imagens de um vôo duplo para um programa de televisão no Brasil.
 
Reportagem polêmica
- Na final da Taça Guanabara de 1982, o Esporte espetacular fez uma proposta inusitada ao árbitro José Roberto Wright: apitar a partida decisiva entre os times Vasco e Flamengo com um microfone sem fio preso à camisa. O objetivo da equipe do programa era mostrar as dificuldades envolvidas em um jogo como aquele, permitindo ao telespectador tomar conhecimento de tudo que era dito no gramado. Com o material foi produzida uma reportagem de 15 minutos, exibida pelo programa com a edição dos melhores momentos da partida, na qual o árbitro aparecia falando, discutindo ou gritando com os jogadores dos dois times. Antes mesmo de a matéria ir ao ar no Esporte espetacular, o Jornal Nacional exibiu uma reportagem sobre o assunto, dando início à polêmica. Tanto os jogadores do Flamengo ? que acabou se tornando campeão da Taça Guanabara naquele ano ? quanto os do Vasco se sentiram prejudicados e pediram, inclusive, a suspensão de José Roberto Wright.
 
Re-estréia e novo formato
- O Esporte espetacular saiu do ar em 1983. Retornou à programação da TV Globo quatro anos depois, nas noites de domingo, com matérias mais direcionadas aos esportes nacionais e aos esportes radicais, que conquistavam cada vez mais espaço no telejornalismo esportivo.

- Para o novo Esporte espetacular, a Globo criou o que seria chamado de Ação Integrada: um espaço dentro do programa destinado a eventos promocionais esportivos que recebiam um tratamento jornalístico. Desta forma, os anunciantes associavam sua marca a uma ação esportiva que, através da televisão, alcançava abrangência nacional. Durante um período, o programa ficou caracterizado por essa Ação Integrada, através de chamadas na programação, vinhetas com a inserção da logomarca do patrocinador e a cobertura jornalística do evento.
- O bordão do apresentador Fernando Vanucci - "Alô, você!" - virou uma marca do início das transmissões do Esporte espetacular nessa fase. Durante a apresentação do programa, Fernando Vanucci e Léo Batista faziam comentários e interjeições, bem como brincadeiras, levando mais descontração para o programa.
- Também nessa época, o Esporte espetacular passou a apresentar quadros como: Os gols do fim de semana, que exibia uma seleção dos melhores gols ocorridos em todo o Brasil e na Europa, além de um bloco internacional e outro local, com o noticiário de cada praça. Outros quadros eram exibidos esporadicamente, o que tornava o formato do programa diferente a cada exibição. Entre eles estavam: Arquivo espetacular, com momentos inesquecíveis do esporte; Você sabia?, com curiosidades esportivas; Os limites do homem, com recordes históricos; e Câmera espetacular ? que posteriormente ganharia o nome de Olhar espetacular ?, com imagens inusitadas e de diferentes ângulos dos mais variados esportes.
- Na tentativa de atrair cada vez mais os diferentes grupos de telespectadores, o Esporte espetacular diversificou sua cobertura esportiva a partir de 1987. O programa, que em sua primeira fase exibia matérias sobre um ou dois esportes por bloco, começou a cobrir um número maior de modalidades. Até mesmo esportes pouco populares no Brasil, como pólo, rally eqüestre e esqui aquático, tiveram espaço no programa.
- Na sua reestréia, a equipe do Esporte espetacular contava com Hedyl Valle Jr. como chefe de redação e Marco Mora como diretor. No ano seguinte, em 1988, Hedyl Vale Júnior tornou-se editor-chefe e Sérgio Ewerton passou a dividir a apresentação com Fernando Vannucci e Léo Batista.
- Em maio de 1989, Sérgio Ewerton foi substituído por Isabela Scalabrini, até então repórter do programa. Isabela Scalabrini foi a primeira mulher a apresentar um programa esportivo na TV Globo. Logo depois, Mylena Ciribelli também se tornaria apresentadora do Esporte espetacular.
- Em abril de 1991, o Esporte espetacular voltou a ser exibido nos sábados à tarde, com uma hora e meia de duração. Isabela Scalabrini, Léo Batista, Fernando Vannucci e Mylena Ciribelli se revezavam na apresentação do programa. Com a mudança de horário e a ampliação de seu tempo de duração, o resumo do noticiário esportivo do fim de semana e as reportagens leves deram espaço a edições e reportagens mais bem trabalhadas, que recorriam mais à criatividade da equipe.
 
Descontração e informalidade
- No início dos anos 1990, o programa já era caracterizado pelo clima bem humorado e a informalidade dos apresentadores Fernando Vannucci e Mylena Ciribelli. Os dois muitas vezes participavam de algumas atividades esportivas ? como bodyboard ou até mesmo um duelo de esgrimas ? para chamar as matérias. A dupla chegou a se vestir de nadadores do começo do século XX para apresentar uma reportagem sobre natação. No programa, Vannucci criou expressões que ficaram famosas, como "Esse até eu faria?, "Tudo em nome da alegria?, "Schulap?, além do já tradicional "Alô, você?.
- Dois novos quadros foram lançados em 1992. Você apita fazia uma paródia do programa Você decide, exibido pela TV Globo nessa mesma época. No quadro, escolhia-se o lance polêmico de um jogo para ser discutido pelo telespectador. Fernando Vannucci, imitando o ator Antônio Fagundes, então apresentador do Você decide, comentava a jogada, enquanto um repórter ia às ruas para perguntar a opinião dos torcedores. A outra novidade foi o quadro Zoo espetacular, que, através de desenhos animados bem-humorados, retratava competições olímpicas entre animais. De produção francesa, as animações eram narradas por uma cobra, batizada de Jiba Jibóia, dublada por Fernando Vannuccci.
- A busca por reportagens inusitadas e novas formas de apresentar temas já conhecidos ? como o futebol, por exemplo ? tornou-se uma marca registrada do programa. Uma reportagem desse tipo foi realizada pelo jornalista Décio Lopes, quando ele cobriu os primeiros Jogos Abertos Indígenas da história do Brasil, realizados no Mato Grosso do Sul entre abril e maio de 1995. A matéria obteve uma boa repercussão e chegou a despertar o interesse de emissoras internacionais, entre elas a BBC de Londres.
- Outro exemplo é uma matéria sobre o Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1, na temporada de 1992. A reportagem associava a rivalidade dos pilotos Nigel Mansell e Ayrton Senna a um duelo de super-heróis numa história em quadrinhos. Na corrida, o super Senna precisava enfrentar o seu arquiinimigo super Mansell. Nas pistas de Mônaco, Senna conseguiu chegar em primeiro lugar, apesar do favoritismo da equipe Williams de Mansell. A reportagem foi exibida no dia 6 de junho, mesclando imagens dos dois pilotos nas provas de toda a temporada com desenhos imitando histórias em quadrinhos.
- Quando completou 20 anos, o Esporte espetacular ganhou o prêmio da Associação Mundial de Surfe na temporada de 1993 pela série de reportagens de Emanuel Mello Mattos realizada em Fernando de Noronha. A TV Globo competiu com redes de televisão como TF1, da França, e NHK, do Japão. No ano seguinte, o prêmio foi mais uma vez para a equipe do Esporte espetacular por toda a sua cobertura de surfe.
- No início da década de 1990, o Esporte espetacular começou a dar mais destaque às enquetes ao vivo, através do quadro Fala aí, no qual o microfone era aberto para o torcedor dar o seu recado. Com o tempo o telespectador passou a dar sua opinião sobre assuntos abordados pelo programa através de ligações pelo prefixo 0800 e, posteriormente, também através da Internet.
- Em 1993, outro destaque do programa foi o personagem Sapo Djow, criado pelos editores Kaka Langer e Alexandre Moreira Leite. A animação foi inspirada num fato ocorrido na Granja Comary (RJ), quando um sapo foi chutado durante um treino da seleção brasileira de futebol. A partir de então, a cada semana eram criadas novas histórias e músicas para o personagem, apresentadas em clipes. No ano seguinte, o Sapo Djow (que na linguagem dos surfistas quer dizer "de outro mundo?) passou a participar do programa como crítico da seleção brasileira e do técnico Carlos Alberto Parreira, durante a Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994.
 
Conquista do tetracampeonato na Copa dos Estados Unidos
- Durante a cobertura da Copa do Mundo dos Estados Unidos, as notícias do mundial no Esporte espetacular eram apresentadas por Fátima Bernardes e Fernando Vannucci direto dos estúdios da TV Globo em Dallas. Léo Batista e Mylena Ciribelli comandavam o programa do Rio. O Esporte espetacular exibiu clipes com os momentos mais bonitos dos jogos, mostrando a vibração dos jogadores ao marcar um gol e a festa da torcida brasileira nas ruas dos Estados Unidos. O programa acompanhou também os treinos da seleção brasileira, os lances mais marcantes das partidas e a preparação das equipes adversárias do Brasil. Realizou várias entrevistas exclusivas, inclusive com o técnico do Brasil, Carlos Alberto Parreira, que falou sobre o esquema tático da seleção.
- Em 23 de julho de 1994, o Esporte espetacular foi praticamente todo dedicado à conquista do tetracampeonato mundial de futebol pelo Brasil. O programa destacou os lances decisivos na campanha brasileira, como a falta cobrada por Branco no jogo contra a Holanda, o gol de cabeça de Romário na partida com a Suécia e a defesa de Taffarel na decisão por pênaltis na final contra a Itália, além de um pequeno perfil com a edição dos melhores momentos do capitão Dunga, de Romário, de Bebeto, de Aldair, de Mauro Silva e do goleiro Taffarel.
 
Esporte e turismo
- A década de 1990 foi marcada por um número cada vez maior de reportagens que, além de focalizarem esporte, mostravam os lugares em que eles aconteciam, acompanhados de informações que extrapolavam a modalidade esportiva em si. As "matérias de viagem?, como são chamadas, levam o telespectador a cenários exóticos. Desta forma, o programa buscava atingir um grupo de pessoas que normalmente não se interessaria apenas pela reportagem esportiva.
- Na série Expedição no coração da América ? apresentada pelo Esporte Espetacular em outubro de 1995 ?, o repórter Marcos Malafaia acompanhou uma expedição de 11 jipes rumo ao Pantanal e a Cordilheira dos Andes, na Bolívia, durante 14 dias. Além de mostrar diferentes aspectos do esporte off road, a matéria apresenta informações sobre a fauna, a flora e os habitantes dos lugares percorridos pela equipe.
- Em outra reportagem, exibida pelo Esporte espetacular em 1996, o repórter Marcos Uchôa foi ao Quênia mostrar os segredos que fazem dos atletas do país os melhores do mundo nas corridas de média e longa distância. Nas reportagens, Uchoa procurou ir além do fato esportivo e mostrou para o telespectador um cenário exótico e pouco conhecido pelos brasileiros, com informações interessantes sobre a vegetação típica, o povo queniano e seus costumes.
- O quadro Um repórter por aí, que estreou em janeiro de 1998, é mais um exemplo do espaço que essas matérias passaram a ocupar no programa. Com duração média de 15 minutos, as reportagens produzidas pelo videojornalista Luís Nachbin mostravam curiosidades do esporte em países pouco conhecidos do público brasileiro, como Índia, China, Irã e Mongólia, entre outros, além de apresentarem diferentes aspectos da cultura local. Algumas dessas matérias, em versão reduzida, também eram exibidas pelo Jornal Nacional.
 
Caras novas na apresentação

- Em maio de 1996, a campeã de body boarding Glenda Kozlowski e o repórter Clayton Conservani assumiram a apresentação do Esporte espetacular, ao lado de Fernando Vannucci e Mylena Ciribelli; Léo Batista continuava a participar eventualmente do programa. Ainda sob a responsabilidade do editor-chefe Vander Pereira, que permaneceu no cargo até 1997, o programa modificou sua identidade visual através de novos cenários, vinhetas, passagens e chamadas de blocos. Na abertura, por exemplo, as ilustrações animadas foram substituídas por imagens reais de atletas praticando diferentes modalidades esportivas.
- A partir de outubro de 1996, o programa passou a ser exibido aos domingos de manhã. O Esporte espetacular vinha privilegiando as transmissões de eventos ao vivo, principalmente de vôlei e futebol de praia. Em agosto de 1997, no entanto, o programa passou a equilibrar os esportes de praia com a transmissão de outras modalidades, como o futebol de salão e até mesmo competições de rodeio. O objetivo era atingir o telespectador paulista, então responsável por 70% da receita publicitária do mercado televisivo.
- Outra mudança no Esporte espetacular foi a introdução do conceito de humanização do atleta. Segundo Luiz Fernando Lima, o tratamento do esporte como espetáculo ? tendência que já vinha sendo consolidada desde o início da década de 1990 ? fez com que o foco das reportagens se voltasse para aquele que seria o ator principal: o esportista. Com isso, passou-se a investir mais em reportagens aprofundadas, que tivessem foco não apenas no esporte, mas também no comportamento do atleta.
- A audiência do Esporte espetacular foi ampliada ainda mais com o lançamento do canal TV Globo Internacional, em agosto de 1999, que permitiu que o programa fosse exibido nos Estados Unidos, Japão e na América Latina (Chile, Colômbia e Argentina). Posteriormente, foram incluídos África do Sul, Angola, Moçambique, Austrália, Bolívia, Peru, Panamá, Guatemala, Paraguai e Uruguai.
 
Repórter participativo
- Matérias com repórteres participando de competições ou praticando um esporte se tornaram características do jornalismo esportivo da TV Globo. Com o objetivo de levar ao telespectador todas as emoções e dificuldades da prática de um esporte, repórteres saltaram de pára-quedas, correram em maratonas, mergulharam, escalaram o Himalaia ou mesmo participaram de um rali.
- Algumas dessas reportagens misturam aventura e esporte, fornecendo informações de interesse geral sobre diferentes culturas e lugares. Quando escalou a Cordilheira dos Andes, na Bolívia, em 1996, Clayton Conservani fez uma reportagem mostrando o povo e os costumes locais, além da subida a um dos picos mais altos da América do Sul, para a qual se preparou durante dois meses.
- Outra cobertura marcante foi a do rali Granada-Dacar em janeiro de 1999. A então apresentadora do Bom dia Brasil, Leilane Neubarth, participou da competição a bordo de um caminhão, sendo a primeira sul-americana a cruzar o deserto do Saara e completar a prova. Durante 17 dias, a repórter enviou matérias para diferentes telejornais da emissora, inclusive o Esporte espetacular, que pela primeira vez apresentou o rali sob o ponto de vista de uma brasileira ? normalmente, a televisão francesa era responsável pelas imagens e informações da competição que a TV Globo exibia. A jornalista competiu como integrante da equipe BR Lubrax que chegou em terceiro lugar na categoria caminhão.
- Em julho de 2000, a repórter Mariana Becker participou como competidora do 8º Rali dos Sertões, maior competição off-road da América Latina, com início em São Paulo e término em Fortaleza. Foram 12 dias passando pelo interior de diferentes estados do Brasil, como Tocantins e Maranhão, e enfrentando as mais adversas condições, o que demandou grande esforço físico da repórter. O carro que levava a equipe da TV Globo encarregada de registrar o evento chegou a capotar em um dos trechos do rali.
- Mariana Becker voltaria a participar do Rali dos Sertões em 2002, ano em que a competição teve uma cobertura diária realizada pelo Globo esporte, além de matérias especiais exibidas pelo Esporte espetacular. Nesse ano, foi instalada uma microcâmera dentro do carro da repórter, que apresentava sempre uma visão subjetiva da competição. Paralelamente, o cantor Falcão acompanhou o evento, fazendo reportagens bem humoradas com os competidores e os lugares por onde o rali passava.
- A série Imagens da América, produzida pelos jornalistas Marcos Malafaia e Fernanda Graell, é outro exemplo de reportagens esportivas que buscavam explorar o lado da aventura e do turismo. Exibida em 12 partes entre janeiro e dezembro de 2001, a série mostrou a dupla de repórteres cruzando a América Latina. Eles praticaram diferentes esportes ligados à ecologia, como um rafting no Chile, snowboard em Valle Nevado, mergulho nas Ilhas Galápagos e em Cozumel, saltos de bungee jumping e parapente na Costa Rica. As reportagens também abordavam aspectos culturais das regiões visitadas.
- No início de 2002, foi lançado o quadro Caminhos da aventura com a tri-campeã brasileira de windsurfe, Daniela Monteiro. Ela viaja pelo Brasil e o mundo praticando esportes radicais como bungee jumping, pára-quedas, asa-delta e parapente. Com o novo quadro, o programa ampliou seu espaço dedicado aos esportes radicais, uma tendência que já vinha desde 1992.
- Na série de reportagens Rumo ao continente gelado, o repórter Clayton Conservani acompanhou um grupo de velejadores a bordo de um catamarã que partiu da cidade de Ushuaia, na Argentina. Ao longo de 45 dias, Conservani mostrou paisagens do lugar mais isolado do planeta, o continente Antártico, onde a temperatura pode chegar a 80º negativos e os ventos, a 300 km/h. A equipe da TV Globo passou por locais como a Ilha Navarino, o canal de Beagle, Porto Toro, as Ilhas Lennox e o arquipélago de Wollanston. A série de reportagens foi exibida entre março e abril de 2003.
 
Esporte radical

- A cobertura das olimpíadas dos esportes radicais, X-Games - sigla para Extreme games -, foi realizada pelo Esporte espetacular, em março de 2002, quando aconteceu a primeira eliminatória sul-americana da competição. Os brasileiros já consagrados nos esportes radicais se destacaram no torneio, como o campeão mundial Bob Burnquist e Sandro Mineirinho, na prova de skate vertical. O Globo esporte cobriu os preparativos das competições, que aconteceram no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Já o Esporte espetacular transmitiu as principais provas, com entradas ao vivo dos repórteres Mariana Becker e Tadeu Schmidt. Glenda Kozlowski apresentou o programa direto do local das competições, assim como aconteceria no ano seguinte, em abril de 2003, quando as eliminatórias dos X-Games foram realizadas na praia do Leme (RJ). A transmissão do evento fez com que o programa alcançasse altos índices de audiência para o horário.
 
Novos apresentadores
- A partir de 2001, Tino Marcos e Glenda Kozlowski passaram a comandar o programa nas manhãs de domingo. A ex-campeã brasileira de body-boarding e o repórter ficaram no Esporte espetacular até 2005, quando Luís Ernesto Lacombe assumiu a apresentação. No ano seguinte, outro rosto se tornou conhecido dos telespectadores, o da gáucha Cristiane Dias, que passou a apresentar o programa ao lado de Lacombe.
 
Brasil pentacampeão do mundo
- Para a cobertura da Copa do mundo da Coréia e do Japão, em 2002, foi criado o quadro Salão da Copa, uma espécie de mesa-redonda feminina, onde mulheres, comandadas pela apresentadora Glenda Kozlowski, discutiam assuntos relacionados ao campeonato mundial de futebol, destacando desde os jogadores mais bonitos até a qualidade técnica. O programa também promoveu a Copinha espetacular, um campeonato de futebol entre crianças.
- O Esporte espetacular apresentou várias reportagens relembrando os momentos mais marcantes da seleção brasileira na história das Copas, desde o primeiro título mundial em 1958 até a vitória em 1994. A série de reportagens se chamava Caminhos do Tetra e estreou em 09 de dezembro de 2001.
- Quando a seleção brasileira de futebol conquistou o título de pentacampeã do mundo, no dia 30 de junho daquele ano, o Esporte espetacular abriu espaço para a transmissão ao vivo da entrevista coletiva com o técnico Luís Felipe Scolari logo após a vitória. Também foi exibida a viagem da jornalista Fátima Bernardes no ônibus da seleção brasileira, no trajeto entre o estádio e o hotel.
 
Copa e Pan
- Entre 2005 e 2006, o Esporte espetacular exibiu várias séries de reportagens. Entre elas, merece destaque África espetacular, dos repórteres George Guilherme e Renato Diehl. As reportagens mostraram os preparativos das seleções africanas de Angola, Costa do Marfim, Togo e Gana, para a Copa do Mundo da Alemanha.
- Durante a cobertura da Copa do Mundo da Alemanha, foram criados no Esporte Espetacular quadros como: Eu vi, no qual os repórteres da emissora destacavam uma imagem que tivessem presenciado durante os jogos no mundial; e Vozes da Copa, que reproduzia a locução de lances das partidas em idiomas como alemão, italiano, francês, japonês, entre outros. A repórter Dani Monteiro também viajou para a Alemanha, produzindo matérias especiais para Caminhos da aventura. Para o quadro, ela pegou onda no rio Isar, em Munique, sobrevoou a cidade alemã em um balão e andou de bicicleta na capital Berlim.
- Durante a Copa da Alemanha de 2006, o Esporte espetacular deixou de ser exibido alguns dias por causa do horário dos jogos.
- Em janeiro de 2007, para entrar no clima dos jogos pan-americanos, o programa criou Pratique esporte, conquiste saúde. No quadro, o apresentador Luís Ernesto Lacombe incentiva os telespectadores a transformar em hábito a prática do esporte. As matérias destacam dicas de várias modalidades esportivas e sugestões de como se exercitar de forma saudável por meio de caminhadas, corridas ou qualquer outra atividade física.
- Na cobertura dos Jogos Pan-americanos do Rio, foram apresentadas ao vivo algumas provas de competições como triatlo feminino na praia de Copacabana, as finais masculinas e femininas de ciclismo e algumas lutas de taekwondo. Na série "Caminhos da aventura?, a repórter Dani Monteiro foi mostrar o treinamento do grupo de elite da polícia do Rio para garantir a segurança durante a realização dos Jogos na cidade. Durante a cobertura, a apresentadora Glenda Kozlowski entrevistou para o programa  a equipe masculina de ginástica com os atletas Mosiah Rodrigues, Victor Rosas, Guto dos Anjos, Adan Santos, Danilo Nogueira, Diego Hypólito e o técnico Renato Araújo. Além disso, também foram realizadas entrevistas com vários medalhistas brasileiros no estúdio.
- Em agosto de 2007, o jornalista Sidney Garambone assumiu o cargo de editor chefe do Esporte espetacular. Ricardo Pereira, que antes comandava o programa, foi para o Globo repórter. A editora-executiva Vivian Karla foi para a área de eventos esportivos. No ano seguinte, Mylena Ciribelli passou a fazer parte da apresentação do programa ao lado de Luís Ernesto Lacombe e Cristiane Dias.
- O Esporte espetacular acompanhou toda a cobertura do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, disputado em Interlagos, em 2008. Na última prova da temporada, o programa foi ancorado ao vivo do autódromo. Na ocasião, foi exibida uma matéria especial com os apresentadores Glenda Kozlowski, Tino Marcos, Ernesto Lacombe e Mylena Ciribelli, e com os repórteres Fernando Saraiva e Marcelo Courrege disputando uma corrida de kart noo autódromo.
 
[Fontes: Boletins de programação, números: 48, 52, 53, 195, 238, 426, 614, 740, 741, 844, 953, 1162, 1169, 1198 e 1228; ALMEIDA, Lívia de. "Jogos e lances espetaculares?. In: O Globo, 12/04/1991; BRISOLLA, Fabio. "Campeãs?. In: Jornal do Brasil, 26/10/1997; CERQUEIRA, Sofia. "Fernando Vannucci?. In: Jornal do Brasil, 26/12/1993; FERREIRA, Adriana. "Linha de passe com a criatividade?. In: O Globo, 29/01/1992; FERREIRA, Adriana. "Um careca para as tardes de sábado?. In: O Globo, 08/06/1992; FERREIRA, Adriana. "Transferência para um novo time?. In: O Globo, 12/01/1993; FILHO, Milton Calmon. "Charge eletrônica faz TV virar gibi?. In: O Globo, 28/01/1993; GARCIA, Sergio. "Um ídolo radical?. In: Veja Rio, 03/04/2002; GARCIA, Sérgio. "Um ídolo radical?. In: Veja, 03/04/2002; GUEIROS, Pedro Motta. "Nova tática para o esporte global?. In: Jornal do Brasil, 28/08/1997; MOREIRA, Paulo Ricardo. "Uma dobradinha espetacular?. In: O Dia, 03/06/1993; NEVES, Tânia. "Bola dominada?. In: O Globo, 1º/06/1989; ZAIDE, Irene. "CGJ 2003: planejamento e tecnologia para vencer?. In: Aldeão, 03/2003; "Informação e juventude: as metas de ?Esporte Espetacular??. In: Tele-semana, 13/01/1974; "Som da cascata?. In: Veja, 06/10/1982; "Vice-presidente da Globo determina mudanças no ?Esporte Espetacular??. In: Folha de S. Paulo, 28/06/1989; "Esporte Espetacular ganha cara nova? In: Estado de S. Paulo, 19/05/1996; "Radicais dentro de casa?. In: O Globo, 19/03/2003; "O super-herói brasileiro?. In: Jornal do Brasil , 16/03/2003; CASTRO, Daniel. "Globo investe na exposição do herói local?. In: Folha de S. Paulo, 02/11/2008; http://esporteespetacular.globo.com, acessado em janeiro de 2007.]
o, 1972.]
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