Escócia, o puro uísque

Na rota do Conde Drácula

Paula Vares Valentim
jornalista responsável

Ruas estreitas, becos escuros e túneis que transcendem caminhos sinuosos à exuberância de vales e cadeias montanhosas fazem da Escócia uma das regiões mais atraentes da Europa. Situada ao norte da Grã-Bretanha, banhada por mares e oceanos, além dos limítrofes territoriais que separam as capitais de Edimburgo e Londres, o reino escocês se assemelha a uma relíquia da pós-modernidade e guarda em seu trono glorioso o que restou da influência medieval que por longos anos dominou a paisagem neoclássica do Velho Continente. "A Escócia é um grande exemplo do que se pode chamar de um reino mágico. Está repleta de construções do século XV e casarões georgianos. É um lugar onde se encontram muitas obras vitorianas. Por lá também estão localizados os Highlands, que são os picos de maior altitude do Reino Unido. Um lugar maravilhoso?, descreve Chico. Dentro deste cenário de imponência natural e múltipluralidade artística, em sua rota de Drácula, o repórter encontrou em Edimburgo, - seguindo em direção a Dublin, a cidade natal do escritor Bram Stoker -, uma região tomada de labirintos e repleta de heranças arquitetônicas: "A arquitetura escocesa chama a atenção não por ser tão detalhada quanto a inglesa, vista em Londres e seus arredores. Pelo contrário. Apesar da proximidade entre a Inglaterra e a Escócia, sobretudo por estarem no mesmo reino e serem vizinhas, há uma diferença grande entre o estilo de arquitetura das duas nações. Na verdade, cada pais tem a sua característica. Na Escócia encontramos uma arquitetura mais rústica, mais voltada ao perfil da época, enquanto na Inglaterra, notamos um estilo mais clássico. É possível identificar a diferença do clássico e rústico passado na tradição monárquica dos dois países?. Por toda a Escócia ainda é possível fotografar alguns dos velhos palácios imperiais. Castelos e igrejas antigas fazem o contorno romântico da região e despertam o interesse turístico da Europa: "Os produtos turísticos estão bem formatados por lá. Isto é, o turismo na Europa é algo antigo. Desde a Idade Média, com os peregrinos, existem fortes fluxos migratórios de turistas. Então, o turismo europeu já é uma prática social bem difundida. Por isso, em todos os lugares existem pontos turísticos a serem visitados?, explica o sociólogo e mestre em cultura e turismo Vinicius José. 

Para quem aprecia a arquitetura medieval, a capital da Escócia não poderia ser mais exuberante.  Do alto das montanhas, torres sinalizam os castelos de longe e os muros dão a sensação de intimidar os antigos invasores. No interior das construções, os jardins continuam bem aparados. Alguns deles são abertos ao público e entre os salões e dormitórios que outrora pertenceram à nobreza podem ser observadas as mobílias e lustres que marcaram a época.  Os principais castelos possuem um sistema de transmissão de rádio que ajuda o turista a entender a história da Escócia. Os aparelhos são entregues a cada um dos visitantes e podem ser interpretados através do inglês, espanhol, alemão ou francês. "A parte medieval é  a que mais atrai os sul-americanos, mais do que as construções modernas. Quem viaja para a Europa, quer mais é ver as coisas antigas. O diferente é o mais sedutor, e como não temos castelos medievais por aqui, os castelos escoceses são muito sedutores?, acrescenta o mestre em cultura e turismo. Do ponto de vista cultural, a Escócia, em uma primeira impressão, pode causar certo espanto. Homens de saias e mulheres de boldrié dão a idéia de que o tempo permanece parado com seus valores invertidos. "As kilts, como são conhecidas as peças de indumentária masculina, atribuídas ao sexo feminino em outras partes do mundo através da costura de corte fino e equivalência às saias, são feitas de lã e respeitam os padrões de tartan.?
Andar pela cidade vestido com um saiote escocês parece estranho no início, mas depois acaba mesmo se tornando comum. "Defendo a tese de quando você está em um lugar, obrigatoriamente você precisar respirar a cultura que lhe é oferecida. Na Escócia os homens andam de saias. É engraçado isso, mas faz parte da realidade daquele país.?

Antes de seguir a viagem ao pequeno povoado de Stranraer e navegar pelo mar da Irlanda em direção a Dublin, o repórter encontra tempo para descer um dos degraus das muitas tabernas que elucidam a região. "São bares com ambientes escuros, requintados e com um charme inigualável em notoriedade entre os balcões.? A última parada tem o objetivo de aquecer a alma naquele que pode ser considerado o mais puro de todos os scoths: "A dose me custou 30 libras. Pedi uma dupla e ela desceu como mel.? Pela legislação escocesa, a venda do álcool não é permitida antes das onze horas da manhã. "Paguei o equivalente a R$ 240,00 por um Highland Park de 30 anos. Valeu a pena.? Sem ressaca, dores de cabeça ou arrependimento por ter gasto uma quantia tão alta, a certeza que fica é de que indiscutivelmente a Escócia é um dos lugares mais fascinantes do velho mundo europeu.     
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