Enério Martinelli

Ex-jogador do Paulista

por Cláudio Mário Traldi

Por se tratar de uma pessoa humilde e bastante simples é que, certamente, nem mesmo Enério Martinelli tenha sabido avaliar sua própria grandeza. Nascido em 29 de agosto de 1934, natural de Jundiaí-SP, ele que foi eleito no ano 2000 o melhor jogador de todos os tempos do Paulista Futebol Clube, que recebeu inúmeras placas, troféus, comendas e títulos como o “Barão de Jundiaí”, por sua atuação no esporte, faleceu prematuramente antes de completar 60 anos de idade, em 21 de março de 1994. Ele foi além de muito bom jogador, pessoa honrada, exemplar, admirado por todos, bom pai para suas quatro filhas e que, conviveu poucos anos com apenas um de seus cinco netos.

Além do futebol, na época do amadorismo, trabalhou em empresas do ramo gráfico e de bebidas. Iniciou sua brilhante carreira em 1949, no Nacional Atlético Clube, então com 15 anos, transferindo-se depois para o extinto Dragão Mecânica, de Vila Arens, bairro que o marcou desde o nascimento até sua morte.

Em 1952, rumou para o Paulista FC, onde fez fama e se consagrou em sua história.

Inicialmente, o Paulista então um clube amador vencia a tudo e a todos, sempre com a firmeza e os gols, a maioria deles em cobranças de faltas, de Martinelli. Nesta época, os rivais do Paulista eram equipes do interior e do ABC, algumas que sequer sobreviveram aos tempos atuais.

Quando da transição do amadorismo para o profissionalismo, o time de Jundiaí já encontrou mais dificuldades, especialmente financeiras, mas pessoas de brio como Martinelli muito colaboraram, dentro e fora de campo, para que o Galo da Japi não deixasse de existir.

O famoso jornal “A Gazeta Esportiva” publicava em suas edições um quadro chamado “Notícias do Interior”, onde Martinelli era constante destaque com seus frequentes gols e que originavam minguadas, mas importantes, vitórias de um clube com problemas.

Nos onze anos consecutivos em que vestiu a camisa tricolor, Martinelli se transformou no “Canhão do Interior”, graças à potência e qualidade de seus chutes e em muitas cidades do interior, onde defenderia o Paulista aparecia em capas de jornais.

Formou com Jau e Nicanor Iotti o famoso "Trio de Ferro” que compunham a sólida defesa do tricolor. Viveu no Paulista momentos difíceis, como o destacado time do salário mínimo, onde os dirigentes resolveram dispensar jogadores de renome com salários mais altos em prol de pessoas da cidade com menor custo. Daí realizavam amistosos pelo interior, num sistema cooperativo, na qual o dinheiro arrecadado era administrado e dividido pelos próprios jogadores como pagamento e que são fatos inadmissíveis nos tempos atuais, mas que serviram para que o Paulista chegasse a completar mais de 100 anos de existência.

Em 1963, Martinelli foi defender as cores do antigo Gran São João de Araras, mas dois anos depois retornava a Jundiaí para encerrar sua carreira.

Frise-se também, o fato de que, quando Martinelli começou a jogar, o campo do Paulista localizava-se à Av. Prof. Luiz Rosa, região onde hoje ficam o velório e cemitério municipal e que ele teve a honra de jogar em 1957 a partida de inauguração do atual Estádio Dr. Jayme Cintra.

Para não se afastar do futebol passou a dedicar-se à arbitragem, apitando jogos das Ligas Jundiaiense de Futebol de campo e de salão e nas competições internas do Clube Jundiaiense.

Pela sua personalidade, confiabilidade e imparcialidade dirigiu grandes e difíceis decisões, sempre respeitado e admirado em virtude de sua conduta correta e exemplar, tanto por jogadores como por dirigentes e torcedores. Como publicaram artigos de jornais de março de 1994: “A seleção do céu ganhava mais um craque” com o falecimento de Enério Martinelli.

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