Eduardo Matias

Ex-ponta-esquerda dos aspirantes do São Paulo
por Gustavo Grohmann
 
Realização de sonhos, fama repentina, amigos, mulheres, dinheiro, presentes, carros do ano...

O futebol é capaz de proporcionar tudo isso, de uma hora para outra, a um atleta que explode e consegue assinar contrato com um grande clube. Mas ele também pode ser muito injusto, triste, ordinário e não tornar real nem 1% dos sonhos daquele menino que marcava um gol na rua, descalço, naquelas traves de tijolos e que na hora do descanso encostava a cabeça na bola e ficava tentando adivinhar a formação das nuvens.
 
E foi justamente o que aconteceu com Antonio Eduardo Matias, o Eduardo, ex-ponta-esquerda do Dracena FC , do Suzano e das categorias de base do São Paulo e do Nacional da capital, que hoje passa por grandes dificuldades. Ele é catador de papel em São Paulo e passa suas noites debaixo de um viaduto da Rua João Moura, no Jardim Paulista, ou em um quartinho de um antiquário localizado na Avenida Rebouças, também nos Jardins.

"A coisa está muito difícil. Eu ando por aí catando papel para vender e levantar um dinheirinho. Meu filho está em Presidente Prudente (cidade perto da divisa de São Paulo com o Mato Grosso do Sul) e eu tento ir visitá-lo pelo menos uma vez por ano, revela Eduardo, que recebe grande auxilio do dono do antiquário - Antiguidades Vila Real". "O Seu Rodrigues é um cara nota 10 que me ajuda muito. Ele sabe que eu preciso e faz o que pode", garante o agradecido ex-ponta-esquerda.

Nascido no dia 9 de março de 1956, em São Paulo, Eduardo Matias teve seus primeiros contatos com a bola no início dos anos 70 e chegou a jogar pelas categorias de base do São Paulo. "Tentei ingressar nos juniores do Corinthians, mas acabou não dando certo. Graças a Deus consegui uma vaguinha no São Paulo. Os profissionais daquela época eram muito legais com os aspirantes. Recebi muita ajuda do Muricy Ramalho (bicampeão brasileiro como técnico do São Paulo - 2006/07), do Terto (ex-ponta-direita) e do Forlan (o uruguaio Pablo Forlan)", lembra o ex-jogador, que chegou a atuar ao lado do goleador Geraldão (ex-Corinthians) em Presidente Epitácio (SP).
 
Em 1974, Eduardo jogou pelo time amador do Nacional da capital e depois teve passagens pelos aspirantes do Corinthians de Presidente Prudente (SP), Oswaldo Cruz (SP), Tupã (SP) e Aliança de São Bernardo do Campo (SP) até chegar no XI de Agosto de Tatuí (SP), em 1980, quando assinou seu primeiro contrato como profissional.

"Eu não joguei muito tempo como profissional, pois tive alguns problemas. Foram só cinco anos e com passagens apenas por clubes do interior do São Paulo", revela o ex-atleta, que ser orgulha de ter atuado no Milionários, em sua época de amador, ao lado de grandes jogadores. "No Milionários, dividi o campo com craques como Djalma Santos, Didi, Mengálvio, Coutinho, entre outros. Aprendi muito com eles", lembra o ex-ponteiro. Além do XI de Agosto, Eduardo passou pelo Jalense, de Jales, Ilha Solteira, de Pereira Barreto, Candidomotense, de Cândido Mota, Suzano e Dracena FC, onde encerrou a carreira como profissional.

Depois de pendurar as chuteiras, morou em Presidente Prudente (SP) com a esposa e com o filho Paulo Rogério, mas acabou se divorciando e voltou para São Paulo. "Eu tive problemas com os políticos da cidade. Por causa disso, não conseguia mais emprego em lugar nenhum e tive de deixar Prudente", afirma Eduardo Matias, que hoje precisa de ajuda para buscar uma melhor condição de vida.

"Eu só quero uma chance de mostrar que tenho capacidade de tocar minha vida. Só quero uma oportunidade pra viver melhor e conseguir ver meu filho mais do que uma vez por ano", pede, com os olhos marejados, o ex-ponta-esquerda.
ver mais notícias

Selecione a letra para o filtro

ÚLTIMOS CRAQUES