Diego Forlán, o melhor de 2010

Chico Santo, bastidores da Copa do Mundo-2010

Paula Vares Valentim
jornalista responsável

Chico Santo, direto do Estádio Soccer City de Joanesburgo - Quem esteve no Soccer City de Joanesburgo e assistiu a partida entre as Seleções Nacionais de Uruguai e Gana, válida pelas Quartas-de-Final da Copa do Mundo da África do Sul, não tem dúvidas. Forlán carregou o time nas costas. Disciplinado dentro de campo, o jovem celeste, com seus cabelos longos dourados, tirou a bola para dançar e fez da Jabulani o que bem entendeu. "É um jogador diferenciado. Tem talento e não chuta de bico. É o tipo de atleta que na hora de decidir chama a responsabilidade para si?, opina orgulhoso o torcedor uruguaio Carlo Fernandez. Diante de cerca de 90 mil pessoas, com as câmeras do mundo inteiro focadas em sua camisa, Forlán fez da plástica a lição da arte do futebol. Basta prestar um pouco mais de atenção e acompanhar com calma a expressão do jogador, vista pelo ângulo do lance, durante o chute que culminou com o gol de empate uruguaio aos 10 minutos do 2º Tempo na falta batida com extrema perfeição do atleta da intermediária do exuberante Soccer City. "Foi um golaço. Um gol de Copa do Mundo?, afirmou das arquibancadas Belén González. A sequencia do gol, captada no histórico registro do Terceiro Tempo mostra a bola em sua viagem certeira para a meta africana. Repare que no momento do chute são nove atletas de Gana dentro da área. Apenas quatro uruguaios. Todos com a atenção voltada ao salto espetacular e falível do goleiro Kingson. É a rendição diante da perfeição. A camisa 10 de Forlán parece tremular antes do grito do gol. Os braços abertos do melhor jogador da Copa de 2010 pressentem o estopim. Vem a alegria. A rede balança, a bola cai. O meia corre para a lateral do campo e todo time segue os passos do mestre. Está empatada a partida. O gol de Muntari aos 46 minutos do 1º Tempo não dá mais a vantagem a Gana. "Jogada de craque. Só faz um gol desse quem sabe jogar futebol. Tem que ter talento e competência para dar um chute como esse?, aclama Berta Luppi.
Indiscutivelmente, Forlán dá as graças ao Uruguai de Diego Lugano. É ele o único jogador a quebrar a tradição, pelo menos no mundial da África do Sul, da velha catimba portenha. "Eles já estavam andando dentro de campo com o placar desfavorável. Com esse gol de empate, então, agora acho que vão colocar todo mundo dentro do gol?, lamenta Elenizia Huada. A torcedora de Gana, nascida na África do Sul, estava certa. O que ela não contava, bem como os demais presentes no Gigante de Soweto era que no último minuto da prorrogação, após o empate em 1 a 1, Suárez aparecesse em cima da linha do gol do arqueiro Muslera para salvar com a mão o que seria o tento da classificação de Gana. Pênalti bem marcado. Olegário Benquerença, árbitro português, acertou ainda ao tirar o cartão vermelho do bolso e colocar o uruguaio para fora. Cabia a Gyan, que já havia feito outros dois gols de pênalti na Copa, a missão de liquidar a fatura. Bastava acertar o pé. A bola, contudo, explodiu no travessão. E o duelo foi levado para as penalidades simultâneas.  "Como é que um jogador perde um pênalti no último minuto em uma Copa do Mundo??, gritou embravecido Peter Brandleone. 

A resposta pode ser entendida através do outro registro fotográfico que mostra o desespero do atacante ganês com as mãos levadas ao rosto. Faltou a ele um pouco da combinação de sangue frio e talento de Forlán. E, mais uma vez, o camisa 10 uruguaio teve a oportunidade de mostrar ao mundo como se faz um craque. Na nova sequencia de fotos, Forlán parece saber com antecedência o que precisa fazer. É a sua vez de cobrar a penalidade. Então, corre lentamente pelo gramado e chuta com a chapa do pé. A bola deixa a marca da cal como se fizesse parte de uma obra de arte. Perceba como o atleta se posiciona nos segundos que antecedessem ao novo êxito. A Jabulani parte vagarosamente em sua direção certeira. Não há dúvidas do resultado final. Goleiro de um lado, bola do outro.  Gana se despede do mundial nas cobranças de pênalti. Forlán, ao contrário, recoloca o Uruguai entre as quatro principais equipes do mundo. Desde o mundial de 1950, quando o time portenho venceu o Brasil no Maracanã, Montevidéu, do outro lado do Oceano Atlântico, não vibrava tanto com sua seleção de futebol. Tudo porque a Copa de 2010 já tinha o seu dono. Não por acaso Diego Forlán foi escolhido o melhor jogador da competição.

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