Damasceno

O príncipe do futebol cearense

Sobre o ex-zagueiro Damasceno, veja e-mail abaixo recebido do internauta Fernando Jivago, no dia 13 de outubro de 2008.
"Milton Neves, morreu ontem 12/10/2008 O PRINCIPE DO FUTEBOL CEARENSE ( JOÃO ERIVALDO QUEIROZ DAMASCENO), seria uma honra para os amantes do futebol , se fosse lembrado em seu programa esse que era uma exemplo de atleta e ser humano para os desportistas cearenses segue anexo materia feita com ele em 13/02/2007 por onde anda DAMASCENO.
Diante já lhe agradeço a atenção.
Fernando Jivago (INDEPENDENTE FUTEBOL CLUBE)"
Príncipe Damasceno relembra suas glórias
Zagueiro que mesclava habilidade e vigor na marcação dos atacantes adversários. Esse era o perfil de Damasceno, que reinou por quase dez anos na retaguarda do Ceará, ao lado de outro atleta que marcou época, Alexandre Nepomuceno. Por causa de um duelo contra o avante Danilo, do Vasco da Gama, ele acabou herdando o apelido do oponente: o príncipe.
A história nos gramados de João Erivaldo Queiroz Damasceno, hoje com 72 anos, começou igual a de diversos outros atletas locais. Rapaz pobre, jogava no subúrbio de nossa capital, no time do Atlético Cearense, do Montese.
Em 1951, o então treinador do Alvinegro, João Brega, o viu atuando e não titubeou: fez de imediato o convite para que ele fosse para Porangabuçu. Logo de cara, Damasceno se firmou como titular do Vovô.
"Apesar de termos perdido o título daquele ano para o Ferroviário, particularmente, acabei me sobressaindo?. Em 1957/58, todavia, fui bicampeão?, contou. O apelido que o notabilizou foi dado pelo locutor esportivo Ivan Lima, no início da sua carreira.
"O Vasco veio a Fortaleza para fazer um amistoso contra o Ceará. Para motivar a torcida e levá-la a campo, o Ivan criou a história do confronto entre o príncipe carioca, o Danilo, e o cearense, que era eu. O certo é que até hoje muita gente me conhece mais pelo apelido?.
Depois de ficar de 1951 a 1960 no Ceará, Damasceno seguiu para Recife, onde permaneceu no Náutico até 1963. Após uma contusão na clavícula, fez um acordo com a equipe Timbu. "Eles só me liberaram após eu me comprometer a voltar a Fortaleza, ou seja, não queriam que eu defendesse o Sport ou o Santa Cruz?.
De volta à capital alencarina, assinou contrato com o Ferroviário. Na Barra do Ceará, ficou até 1967, quando deu um ponto final na sua trajetória como jogador de futebol, aos 36 anos. Um convite do Tiradentes o trouxe de volta aos estádios. Desta feita, na condição de treinador. Posteriormente, assumiu a direção técnica do Guarani de Sobral, Salgueiro/PE, seleções de Marcanaú, Juazeiro e de Tauá.
Em 1972, quando dirigia o Cacique do Vale, levou para Sobral aquele que, até hoje, é o maior artilheiro da história do Castelão: o atacante Geraldino Saravá. "Ele foi meu atleta no selecionado de Juazeiro. Era um jogador que não tinha muita intimidade com a bola. Todavia, na hora do arremate, conseguia bater na bola como poucos. Chutava de todo canto e os goleiros tinham dificuldade para defender suas bombas?, relata o Príncipe.
Foi por conta de uma injustiça cometida ao seu grande amigo, o ex-zagueiro Pedro Basílio, que Damasceno resolveu deixar de ser técnico. "Fiquei desolado com a profissão após ver o Basílio ganhar um turno invicto à frente do Fortaleza e, após perder a primeira partida do returno, ser dispensado?, revelou.
TERRÍVEIS - Para quem marcou, dentre outros, Zagallo, Didi, Garrincha, Pelé, Mengálvio, Coutinho, Pepe e Dorval, os mais perigosos atacantes da região eram Gildo e Mozart. "Para resumir a conversa, os dois eram terríveis. Deixavam a zaga azucrinada?.
Alexandre Nepomuceno foi o seu mais completo companheiro na zaga. "Jogávamos por procuração. Um sabia aonde o outro estava, mesmo sem nos vermos. Enfim, formávamos o par perfeito dentro das quatro linhas?.
No entender do craque, o futebol praticado até a década de 70 tinha mais técnica, vigor e paixão. "A maioria dos jogadores era da terra. O pessoal defendia a camisa com amor. Ninguém saía satisfeito com uma derrota?.
Na sua brilhante carreira, o príncipe Damas-ceno guarda com orgulho o troféu Personalidades Esportivas Flávio Ponte, o único recebido que foi no dia 10 de dezembro de 2001.
GRANDE FAMÍLIA - O ex-craque tem 12 filhos e sete netos de dois casamentos. Foi para ver Jonas, um dos netos, de 17 anos, - que chegou recentemente da Bahia -, treinar no time sub-18 do Ceará, que o príncipe reapareceu no Estádio Carlos de Alencar Pinto, na última semana, após 45 anos de ausência.
"As coisas aqui estão bastante mudadas. Na minha época, isso aqui era chamado de Ilha das Cobras. Hoje, está uma maravilha?. Sobre o possível sucessor, foi enfático. "O garoto leva jeito. Além do mais, atua como quarto-zagueiro, ou seja, na minha posição?.
Apesar da fama, o legendário jogador praticamente não ganhou nada com o futebol. "Consegui me aposentar graças a ajuda de um amigo do INSS, ao completar 65 anos. Na minha época de atleta, a situação era terrível. Não tinha nenhum tipo de documentação?. A casa onde reside, no Bairro Vila União, foi construída na década de 80 - muito tempo depois dele abandonar a carreira - com a ajuda da família.
Igor Fontenele
Equipe Vozão.com
Em Prol do Grande Ceará

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