Dalzell Freire Gaspar

"Bíblico" médico do São Paulo
por Marcos Júnior
Dalzell Freire Gaspar, o Dr. Dalzell, "bíblico" médico do São Paulo Futebol Clube, faleceu em 05 de novembro de 2000 em São Paulo, vítima de insuficiência renal.
Paulista de Pirassununga, nascido em 26 de outubro de 1918, foi médico do São Paulo Futebol Clube entre 1951 e 1989.
Jogadores como Canhoteiro, Mauro, Gino Orlando, Pagão e De Sordi foram alguns, entre tantos, que receberam os cuidados do competente médico, formado pela Escola Paulista de Medicina.
Filho do "Seu" Antenor Freire Gaspar (natural de Muzambinho-MG) e de Dona Olga, foi casado com a senhora Berenice Soares Gaspar, também falecida.
O casal teve cinco filhos (Marcelo José, Luiz Augusto, Luiz Roberto, José Luiz e Gilberto) e 16 netos.

Em 26 de abril de 2011, recebemos o e-mail de Luiz Roberto S. Gaspar, filho de Dalzell:

Prezado Marcos
A página ficou muito bonita.
Muito me emociona ver meu pai homenageado desta forma e eu agradeço muito a você e ao Milton Neves.
Há uma foto muito boa em que ele aparece, que está no site do Milton Neves, que é esta que segue em anexo.
Segue também uma matéria escrita pelo jornalista José Maria de Aquino sobre ele.
Dalzell era o segundo de 9 filhos do "Seu" Antenor e D. Olga, seus pais.
Meu pai casou-se logo ao se formar na Escola Paulista de Medicina. Minha mãe, também já falecida, chamava-se Berenice Soares Gaspar.
Tiveram 5 filhos: Marcelo José, Luiz Augusto, Luiz Roberto, José Luiz e Gilberto, hoje todos casados (alguns no segundo casamento) e com filhos.
Dalzell e Berenice tiveram 16 netos e 1 bisneto.
Entrou para o SPFC em 1951 depois de terminar o curso de especialização em medicina esportiva.
Para o meu pai, o São Paulo vinha em primeiro lugar. A dedicação ao clube era total. Nos fins de semana, quando toda a familia se reunia, ele estava fora de casa, participando dos jogos do SPFC, seja na cidade de São Paulo, no Pacaembú ou no Morumbi, ou viajando por todo o Brasil e pelo exterior.
Nos início de cada ano, quando os campeonatos paulista e brasileiro já haviam terminado, o SPFC viajava em excursão para jogar na Europa. Era quando ficávamos sem o nosso pai por 2 e até 3 meses.
Meu aniversário que é em janeiro, quase nunca contou com a presença dele, que estava sempre em viagem.
Ele nunca ficou rico, como alguns diziam que ele era e nunca ganhou dinheiro com a medicina.
Tudo o que foi conquistado, o foi com muito trabalho do casal. Minha mãe trabalhou fora até se aposentar e assim, juntando forças, eles foram construindo um pequeno patrimônio.
Vi uma vez ele dar dinheiro do próprio bolso para que o cliente sem dinheiro que ele atendia pudesse comprar o remédio.
O fato de ser o médico do SPFC trouxe notoriedade para ele, sem dúvida.
A foto dele estava sempre na página esportiva de um grande jornal. Suas declarações eram aguardadas pelos jornalistas do esporte e publicadas em seguida. Ele era reconhecido e parado na rua. Uns só o cumprimentavam, outros perguntavam por este ou aquele jogador.
Os clientes o procuravam no consultório. Muitos queriam ser tratados pelo médico do São Paulo, mas quase sempre não podiam ser atendidos porque o Dr. Dalzell não estava. Estava acompanhando o treino, o jogo, estava viajando com o clube, só voltaria dali a 2 meses.... e os clientes acabavam desistindo e indo embora.
Em 1989, aos 70 anos, quando foi aposentado compulsoriamente do SPFC, ele chorou.
O clube era a vida dele. As pessoas que faziam parte do direção e gerência, jogadores, funcionários, enfim, todos do clube eram os "seus amigos", como ele dizia.
Depois de aposentado, ele finalmente dedicou o que lhe restava de tempo útil ao consultório que ele dividia com o meu irmão Luiz Augusto, também médico ortopedista.
Finalmente, a diabetes e a insuficiência renal se acentuaram deixando-o como se ele tivesse meio "fora do ar". Até que a família descobrisse que era por insuficiência renal, passou um bom tempo. Até que ele, por fim, teve que se submeter à hemodiálise 3 vezes por semana até o seu falecimento em 5 de novembro de 2000.
Lembro-me de um tempo, quase no final de sua vida, quando uma emissora de TV foi até a casa dele para fazer uma entrevista.
Queriam a opinião dele sobre algo. Ele estava alquebrado e sua doença nos últimos estágios. A figura dele na TV me deu pena. A emissora de TV poderia tê-lo poupado de aparecer daquele jeito. Não precisava.
Em novembro de 2000, eu estava nos EUA quando recebi a notícia do falecimento dele. Eu não tinha como vir. Talvez tenha sido melhor que eu não o tenha visto nos últimos instantes da sua vida.
Ficou a imagem. Esta que voce vê neste site.
Obrigado.
Luiz Roberto
Na próxima página, leia uma crônica escrita pelo jornalista José Maria de Aquino, em homenagem ao Dr. Dalzell Freire Gaspar


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