Da Sarjeta ao Terceiro Tempo

Chico Santo, repórter internacional
Paula Vares Valentim
Jornalista responsável
Quem olha para a foto tirada em um momento de raro descanso no apartamento do jornalista Francisco de Assis, no 26º andar de um condomínio de luxo de propriedade do apresentador Milton Neves, no bairro dos Jardins, em São Paulo, pode até pensar que a vida do repórter internacional do Terceiro Tempo se resume em paz e tranqüilidade. Balela. Mais do que água e sombra fresca, Chico Santo, como é conhecido nos bastidores da imprensa paulista, é um exemplo de garra e superação que, durante sua interminável luta pela conquista dos sonhos, teve a sorte de ter o trabalho reconhecido pelo principal nome da história do rádio esportivo brasileiro. O que, a bem da verdade, lhe rendeu os novos e sólidos horizontes que fazem parte do seu atual comenos. "Conheço Milton Neves desde 2002, quando ainda era estudante de jornalismo e trabalhava com ele como produtor do Terceiro Tempo da Jovem Pan. De lá para cá, muita coisa mudou. Estive em 40 países, cobri 3 terremotos (Haiti, Itália e Chile), um Tsunami, fiz as tragédias de Santa Catarina e Rio de Janeiro, fui enviado para a Gripe Suína do México, vivi os conflitos da Guerrilha Colombiana, o caos da Bolívia de Evo Morales, os 35 anos de Golpe Militar de Augusto Pinochet em Salvador Allende, assim como a Copa do Mundo (2010) e Copa das Confederações da África do Sul (2009), entre outros trabalhos internacionais que marcaram a minha carreira pelo mundo. Enfim, atuei como repórter em alguns dos principais veículos de rádio, internet, mídia impressa e televisão do país. Mas sozinho não teria chegado a lugar nenhum e tudo o que construí em apenas 31 anos devo, principalmente, aos jornalistas Milton Neves, Pedro Basan, Telmo Zanini e Rogério Silva, que ? indiscutivelmente ? estiveram comigo quando tudo isso parecia muito mais uma altaneira do que propriamente a minha realidade atual.?

 

De volta a São Paulo, após 3 anos de aeroportos, Chico Santo passa a maior parte do tempo que tem disponível curtindo sua casa. Gosta, em especial, do ofurô no jardim japonês, onde em contato com a natureza encontra o clima ideal para canalizar a energia que o faz uma pessoa extremamente alegre e positiva. De qualquer forma, apesar do apreço junto ao lago suspenso, habitado por plantas aquáticas, cardumes e pássaros que dão ao local todo o espírito de suntuosidade da colônia oriental, o repórter muitas vezes troca a paz da calmaria do recinto pelo condicionamento físico que adquire ora na piscina aquecida, jacuzzi, academia ou sauna seca. "Tenho tudo o que preciso aqui. Desde professores de natação, yoga e até um personal trainer com o Marcos Luiz da CP Trainer Assessoria Esportiva. Estou pronto para cobrir uma partida de futebol ou um terremoto. Veja, aquela é a sacada do apartamento que morou o vice-presidente da república José Alencar. Parece difícil de acreditar, mas sou apenas mais um cara que caiu nas graças do Milton Neves e que está em sintonia com Deus.?
Bem humorado, enquanto caminha no apartamento que mora, o jornalista aponta o segredo de sua vida. "Na realidade, quando eu estava na velha sarjeta, chutado como um cachorro, destes que ladram à noite, eu fiz aquilo que todo publicitário, jornalista ou esportista faz quando se encontra na pior. Procurei o Milton Neves. E ele transformou a minha vida. Disse que estava se mudando para a periferia de São Paulo, em uma casinha em Osasco, e tinha um lugar simples que talvez desse para eu matar o inverno. Desde então, tenho dormido em colchões Gazin, tomado Gerovital com água mineral Bioleve, usado sapatos Rafarillo e comprado, apenas, cerveja da Brahma...?.
Fiel em seus ideais, característica ímpar que carrega da casa para a redação do Terceiro Tempo, na Avenida Paulista, o primeiro jornalista a assinar uma matéria internacional para o Portal de Milton Neves, pioneiro no Brasil, cujo conteúdo entrou no ar um ano antes do poderoso UOL, não esconde o amor que tem pela maior marca do pós jogo do futebol brasileiro e, não por acaso, literalmente veste a camisa da empresa. "Meus colegas brincam: ?o Chico chegou?. Tenho prazer em trabalhar no Terceiro Tempo. A bem da verdade, desde que me formei, jamais me sentei em uma mesa tão grande. Nem quando tive que tirar o prefeito de Chillán da sua cadeira para passar uma matéria ao Brasil, durante o Terremoto do Chile. Quando soube que teria uma mesa só para mim, ao lado do editor Túlio Nassif, do Terceiro Round, de cara comecei a decorar o meu cantinho de trabalho. Falta um aquário. Estou negociando com o Evandro Ribeiro. Mas, por lá, estão os meus livros autografados, bem como os jornais do dia a dia e os demais objetos que me transmitem um tom de equilíbrio na redação fazendo dela literalmente um complemento da minha casa. Até porque, daqui, do alto do espigão da Paulista, além do campo de visão do Aeroporto de Congonhas ? que me dá a sensação de liberdade -, posso ver da sala do Milton Neves, a minha sacada. Ou seja, demora mais para descer os 22 andares do Terceiro Tempo e subir os 26 restantes do meu prédio do que para ir de um lugar para o outro. Isso é o que eu chamo de qualidade de vida?.
Apesar do momento de reconhecimento pessoal, profissional e econômico, Chico Santo não esconde suas raízes. "Sou de uma família de classe média baixa de São Paulo. Meu pai é bancário aposentado e só se formou em Teologia aos 60 anos, depois de estudar os filhos, graças ao meu irmão, coordenador de projetos de uma multinacional americana, que arcou com as mensalidades da faculdade e que não gosta muito de aparecer na mídia. Minha mãe, Margarida, a melhor amiga que tive na vida, é técnica de enfermagem e hoje pintora. Ela é quem decora a minha vida. Os dois fizeram de tudo para que eu pudesse enxergar o que o mundo oferece a qualquer pessoa arrojada. Eles abriram mão de viver para que os filhos pudessem ter um futuro melhor. Investiram em aulas de piano, guitarra, violão, inglês e tudo o que ? de fato ? pudesse ser um diferencial, tanto na minha quanto na carreira do meu irmão, indiferente a profissão que fosse escolhida. Na verdade, meu pai nunca teve um carro acima de um fusca 73. Apenas um Voyage 94, por um ano, quando recebeu o fundo de garantia que lhe rendeu a casa que vive. Em compensação, sempre nos deu bons colégios. E eu estudei junto com a advogada Dra. Telma Solves Catta-Preta, a filha do Dr. Catta-Preta, com quem apresento o Dr. São Paulo do Terceiro Tempo. E isso mostra o quanto meus pais se preocuparam com a gente. Meu irmão, em uma tacada só, foi aprovado nos vestibulares da USP, Unicamp, Unesp e Cásper Líbero. Eu, por minha vez, me graduei em jornalismo em uma universidade particular que jamais me deu qualquer tipo de ajuda monetária, mesmo diante de tudo o que construí quando estudante. Por isso, por uma questão de justiça, hoje, não divulgo o nome da instituição que me graduei. Quem sabe um dia, se ela resolver colocar um banner publicitário na minha coluna...?
Antes de ser registrado pelo Terceiro Tempo, Chico Santo deixou o seu trabalho assinado em reportagens exibidas pela Globo Internacional, Globo News, SporTV, RBS TV (Globo-RS/SC), RPC TV (Globo Paraná), TV Anhanguera (Globo-TO/GO), Diário dos Associados, Jornal do Brasil, Jornal O Dia, Terra, Yahoo!, Rádio Jovem Pan e CBN, além dos sites pessoais dos jornalistas Flavio Prado, Marcello Lima, Nilson César e Wanderley Nogueira, onde participou de todo o processo de criação e coordenação. "Aprendi muito com cada um deles. Destes, sou grato, principalmente, ao Flavio Prado que em 2006, em um dos muitos momentos de dificuldade da minha vida, cedeu o seu nome para que eu construísse e comercializasse todos os direitos do Site Flavio Prado, junto com a jornalista Vanessa Rosal, que hoje vive na Espanha. O Wanderley Nogueira ? em determinado momento - foi muito importante na minha carreira. Basta dizer que, sem ele, eu não teria conhecido o Milton Neves, que me projetou internacionalmente.?
Em fevereiro de 2011, experiente e com uma bagagem respeitável para um jovem de apenas 31 anos, o atual editor responsável pelo Blog do Milton Neves, que tem a coordenação de Ednilson Valia e a audiência contabilizada em recordes de audiência através do Google Analytics, desembarcou em São Paulo, sua terra natal, para fazer valer as palavras que lhe foram ditas um ano antes, em maio de 2010, dentro do apartamento de Milton Neves, em Joanesburgo, durante a Copa do Mundo da África do Sul. Ao acertar com o Terceiro Tempo, Chico Santo não só retornou em grande estilo à capital paulista como também se consolidou como mais um exemplo de casos que cada vez mais enriquecem o currículo social de profissionais como Milton Neves, Fausto Silva e Pedro Basan.
"Eles fazem muita coisa e ninguém fica sabendo. O Sr. Pedro Basan me pagou hotel em tudo o que é lugar do mundo. Conheci o filho dele nessas andanças e também é outro que tem o coração do tamanho do oceano. Não tive, até agora, nenhum contato com o Faustão. Mas sei de muitas coisas que faz. Com o Milton, o que posso dizer é que trabalhei com ele nas Copas de 2002 e 2010. Na África do Sul foi especial porque em determinado momento ele me chamou para dividir o apartamento que ele estava com o seu filho - o Publisher do Terceiro Tempo - Milton Neves Netto. E eu sabia que só o fato de estar no mesmo teto que ele já me colocava, ainda que de forma discreta, no rodapé das páginas da história. Imagine quantos publicitários ou jornalistas muito mais experientes do que eu não gostariam de estar naquele lugar, com o principal nome do rádio esportivo brasileiro de todos os tempos? Mas o que eu me lembro, mesmo, foi da bronca que eu tomei. Uma das maiores que já levei. Nunca vou me esquecer do Milton com aquela foz grossa dizendo: ´Pelo amoooor de Deus, Santo, olha só o seu estado! Você parece um morto de fome. Vai fazer essa barba no banheiro. Está cheio de aparelhos dos nossos patrocinadores. Depois abre um vinho que eu quero falar sobre o seu futuro. Quando voltar ao Brasil vou dar um jeito em você. Não dá mais para você ficar fazendo essas loucuras pelo mundo. Vai acabar morrendo. Está na hora de você levar uma vida normal. O que seus pais dizem sobre isso? Você já parou para pensar que pode morrer nessas suas viagens pelo mundo? Você parece o Ricardo Setyon. Não para nunca e está em todo lugar!? Daquela conversa, provavelmente, brotou a semente de tudo o que tenho vivido, dentro e fora da redação, seja na minha mesa no Terceiro Tempo ou em casa, no apartamento de propriedade da Família Neves.?
De qualquer forma - vale a pena ressaltar - se o objetivo de Milton Neves nos bastidores da Copa do Mundo de 2010, em verdade, era tirar o repórter Chico Santo da sarjeta, tudo bem. O que o apresentador, realmente, não conseguiu foi tomar o passaporte do jornalista. Basta dizer que após a famosa repreensão que mudou a vida do jovem de família pobre de São Paulo, Chico Santo embarcou em uma das mais perigosas aventuras de sua vida. De ônibus seguiu de Pretória, na África do Sul, para Harare, no Zimbábue, em uma viagem de 80 horas em terra pelo continente africano, onde, posteriormente, foi visto no gramado da Seleção de Dunga ao lado de Caco Barcellos. Desde que assinou com o Terceiro Tempo, o ousado cidadão do mundo, jornalista sem fronteira, também esteve em jogos da Seleção Brasileira contra a Holanda, em companhia de Milton Neves e Milton Neves Netto, e Romênia, na despedida de Ronaldo Nazário. Se não bastasse isso, de La Plata, na Argentina, trouxe uma entrevista exclusiva com Juan Sebastian Verón. E, quando perguntado sobre o futuro, a resposta, geralmente, foge da imaginação de qualquer pessoa normal e muitas vezes se resume naquilo que como sempre ocorreu em sua carreira, só o tempo é capaz de provar. "Não sei se vou plantar café nas fazendas do Milton em Guaxupé ou fazer parte da sucursal de Miami que um dia há de sair. De qualquer forma, a bem da verdade, me contento em fazer bem feito aquilo que a coordenação, com Ednilson Valia, me pedir.            
                                     
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