Da frieza de 94 ao calor de 2010

Chico Santo, Bastidores da Copa do Mundo

Paula Vares Valentim
jornalista responsável

Chico Santo, direto da África do Sul - Comenta-se muito sobre a insegurança. São vários os casos de roubos. Até os hotéis enfrentam problemas com seus funcionários. Alguns jornalistas foram alvos de bandidos. Torcedores também. Um tribunal especial para a Copa foi criado para atender aos incidentes que ocorram durante o mundial. A ordem é julgar os malfeitores o mais rápido possível. Há casos de marginais que já foram condenados há mais de 30 anos de cadeia. Vão passar os próximos sete campeonatos da FIFA atrás das grades. Tudo isso é fato. Como também é verdade que o sistema de transporte sul-africano é ineficiente, assim como a hotelaria é precária e a miséria, simplesmente, assustadora. Aliás, muito maior do que o que se vê em terras brasileiras. Aliás, quando a FIFA compara a África do Sul ao Brasil, a impressão que dá é que a entidade maior do futebol está vendo passarinho azul ou batendo com a cabeça na parede. Por pior que seja a realidade brasileira, o que se observa na África do Sul vai muito além do que se pode enxergar através da violência das nossas favelas e demais aspectos sócio-políticos. Mas apesar de tudo isso, acredite: A FIFA acertou ao escolher a África do Sul como sede da Copa do Mundo de 2010. Primeiro porque se o objetivo fosse realizar o torneio em um país confortável e seguro, certamente, a Copa não sairia da Europa e tampouco chegaria ao Brasil em 2014. No entanto, se tratando de um continente marcado pela pobreza, era de se esperar que todos esses problemas não fossem solucionados em oito anos. E não foram. Todavia, a África do Sul, como representante do continente africano, tinha que ser lembrada. E a FIFA fez o seu papel social. Não é isso que o mundo precisa? Um pouco de amor? O próprio técnico Carlos Alberto Parreira foi claro quando disse ao jornalista Milton Neves, dentro da concentração da África do Sul, que a Copa mudou o país. E olha, estamos falando de Carlos Alberto Parreira e não de um dos muitos tubos que nada mais sabem do que criticar da redação.
Do ponto de vista festivo, vale à pena destacar. A África do Sul é um país à parte na história da Copa do Mundo. Claro, Itália, Argentina e Brasil também merecem um capítulo singular neste contexto. Os italianos porque são fanáticos pelo futebol. Quem já esteve lá sabe o tamanho da vibração. Os Argentinos, por sua vez, porque fazem das arquibancadas um espetáculo indescritível. Já os brasileiros, como diriam os ufanistas, basta dizer que são os pentacampeões do mundo. Entretanto, na África do Sul, o clima é diferente. Por exemplo: assistir a um jogo da anfitriã do mundial em algum canto do país é maravilhoso. Com eles não há tempo ruim. Até derrota aos 48 minutos do segundo tempo é comemorada. As vuvuzelas não param nem quando os mexicanos fazem gol. E os sul-africanos estão felizes como talvez nunca tenham estado. Uma vitória que vem ao encontro da força de Nelson Mandela e do fim do Apartheid. Motivo de alegria para quem por muitos anos sequer teve o direito a vida.
E ainda, diante deste comenos de Copa do Mundo, é preciso destacar que nem sempre a segurança, o conforto e a perfeição podem ser uma combinação de sucesso quando o assunto é futebol. Para quem não sabe, a Copa do Mundo dos Estados Unidos foi um fracasso em termos de esporte. Em nada adiantou a segurança da terra de Obama. Da mesma forma, os hotéis foram incapazes de dar a graça ao mundial. O sistema de transporte, por fim, tampouco trouxe glamour a competição. O motivo? A população norte-americana sequer sabia o que era Copa do Mundo. Eles estavam mais preocupados com o Chicago Bulls de Michael Jordam e o Los Angeles Lakers de Magic Johnson do que com os gols de Romário e o doping de Maradona. Foi uma Copa sem sal, sem tempero, sem energia. E isso, aceitem os críticos ou não, a África do Sul já provou o contrário. No que diz respeito a festa do mundial, os africanos dão show em muita nação desenvolvida que tem por ai. A começar pelo todo poderoso Estados Unidos.  



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