Copa do Mundo de 2002

O pentacampeonato mundial...
Em 2002, pela primeira vez na história das Copas, duas nações sediaram simultaneamente o mundial da FIFA. Na 17ª edição do campeonato, Coreia do Sul e Japão driblaram as diferenças históricas, findadas em 1910 com a invasão do exército nipônico junto ao território coreano - naquilo que resultou em um longo período de dominação japonesa - para organizar a principal competição de seleções do planeta.
 
Torneio que reuniu 32 nações e teve uma média de 2,52 gols por partida. Ronaldo Nazário foi a estrela dos palcos. Tido como uma aposta ousada de Luís Felipe Scolari, balançou as redes por oito vezes e teve um papel importante na conquista do pentacampeonato brasileiro. Oliver Kahn, arqueiro instável da Alemanha, entretanto, ficou com o prêmio de melhor atleta. Brasil e Alemanha, protagonista da decisão, jamais haviam se encontrado em uma partida de Copa do Mundo.

Nos bastidores, sobretudo através das denúncias do jornalista britânico Andrew Jennings, considerado o inimigo número 1 de Joseph Blatter, chegou aos ouvidos da FIFA a informação de que parte do quadro de arbitragem da entidade estaria comprometendo os resultados. Os principais erros foram computados justamente com a Coreia do Sul, uma das anfitriãs da Copa. Nas oitavas-de-final contra a Azzurra, além de ter o principal jogador do elenco, Francesco Totti, expulso em uma decisão que a própria FIFA considerou equivocada posteriormente, os italianos tiveram ainda um gol legal anulado. Na partida seguinte, o suposto esquema ficou ainda mais evidente. A vitima, contudo, foi a Espanha. A Fúria teve dois gols legais anulados e uma coletânea de impedimentos marcados que foram marcados de forma equivocada. Os confrontos foram apitados respectivamente pelo equatoriano Byron Moreno e o árabe Gamal Ghandour. A Coreia do Sul terminou como a quarta colocada.

Quem, ademais, comprovadamente acabou tendo sérios problemas foi Lu Jun. Em 2002, o chinês apitou os duelos de Croácia x México e Polônia x Estados Unidos. Oito anos mais tarde, por pouco não foi sentenciado à morte depois de ser preso ao lado de Zhou Weixin e Junjie Huang com a acusação de suborno mediante a manipulação de resultados na Liga de Futebol da China.  Aposentado no futebol, Lu Jun ocupava um cargo de serviço público quando foi a julgamento...

Dentro de campo a vergonha ficou por conta da França. Os bleus, defensores do título em 2002, conseguiram a façanha de terminar a competição na 28ª posição. Pela primeira vez na história uma seleção que sustentava a conquista do mundial anterior foi eliminada ainda na fase de grupos. O Brasil, por sua vez, vice-campeão em 1998, igualou a campanha da Alemanha em 1982, 1986 e 1990 e disputou a terceira final consecutiva contra o próprio time germânico. Cafu, capitão do time canarinho, entrou para a história do futebol mundial como único atleta a disputar três decisões de Copa.

A escolha de Felipão

Antes de assumir a Seleção Nacional do Brasil, em 12 de junho de 2001, Luís Felipe Scolari já possuía um currículo invejável. Somente entre os anos de 1994 e 2000, ganhou praticamente tudo o que disputou. Exceção feita aos mundiais interclubes de 1995 e 1999, venceu tudo o que disputou e consequentemente se consagrou com os títulos da Copa do Brasil (1991, 1994 e 1998), Libertadores (1995 e 1999), Recopa Sul-Americana (1996), Campeonato Brasileiro (1996) e Copa Mercosul (1998).

Mesmo assim, diante da sombra de Vanderlei Luxemburgo, esteve perto de ficar de fora da Copa do Mundo de 2002, conforme revelou o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em um bate-papo ao vivo com Milton Neves veiculado pela Rádio Jovem Pan.
(clique aqui e ouça). "Presidente, eu vou falar uma coisa para o senhor agora. Uma coisa que eu nunca tinha dito com todas as letras?, afirmou Milton Neves. "O senhor me ligou dizendo o seguinte: Milton Neves eu estou ouvindo sete pessoas que eu respeito no futebol para escolher o novo técnico e vai sair o Leão e vai entrar alguém. Está havendo um empate ou coisa parecida e eu queria o seu voto. Eu falei: Então presidente me diga quem é que está empatado?. Em um primeiro momento, Ricardo Teixeira não revelou a disputa de Luis Felipe Scolari e Vanderlei Luxemburgo: "Não, dá o teu voto?. Foi, então, que o apresentador do Terceiro Tempo selou o que seria o maior gol brasileiro marcado fora das quatro linhas durante a conquista do pentacampeonato mundial. "Então vou votar como brasileiro?, acrescentou Milton Neves. Opinião enfatizada com a garra do gaúcho. "Votei no Felipão. Aí o senhor disse acabou de desempatar, estava empatado com o Luxemburgo.? Ricardo Teixeira, evidentemente, confirmou a história. "Verdade, verdade, verdadeira, como diria o mineiro".

Luis Felipe Scolari jamais aceitou a maneira como chegou à Seleção Brasileira. Em novembro de 2011 contrariou o presidente Ricardo Teixeira, mandatário da Confederação Brasileira de Futebol e ex-chefe durante os anos em que o treinador esteve no comando do Brasil, e disse à revista Placar que o jornalista Milton Neves "erra novamente ao insistir que me colocou na Seleção Brasileira em 2001.

O apresentador, então, voltou a explicar o assunto, embasado na confirmação do presidente da CBF. "Depois desta gravação do Ricardo Teixeira você deveria ficar morrendo de vergonha. Ah, você me "deve? R$ 12 (risos), que tive que pagar para a Helô Campanholo por ter utilizado o celular dela para contatá-lo em Belo Horizonte para avisá-lo que, se você quisesse, era o novo técnico da Seleção Brasileira, a partir daquele domingo à noite de 2001. E eu só tive de me utilizar da celular da Helô para convidar o Felipão a pedido do presidente da CBF porque um enciumado assessor do treinador não quis dar o numero dele em Belo Horizonte. Ele não queria que eu soubesse do tal numero ´secreto´ e exigiu que a Helô ligasse longe de mim, mas do celular dela. Falei com você (eu estava pelado, trocando de roupas, em meu camarim da Band), antes de um SuperTécnico. E como você ficou aflito porque não conseguia achar o Ricardo Teixeira e ele a você, hein? Você me ligou várias e várias vezes durante e depois do SuperTécnico, em minha casa, então no bairro do Campo Belo na madrugada de domingo e também na segunda-feira no meio da manhã e em meio ao Jornal de Esportes da Jovem Pan. Lembrou agora, grande gauchão campeão do mundo de 2002? E aguarde meu livro que publicarei datas, números de telefone e depoimentos. Em meu livro não omitirei este bom serviço que prestei ao futebol brasileiro. Coisa que você não soube fazer em seu livro. Você foi um omisso ingrato.

O Brasil na Copa

A exemplo do que aconteceu em 1994, nos Estados Unidos, a Seleção Brasileira de 2002 esteve perto de ficar de fora da Copa do Mundo da Coreia e Japão. Com um futebol tecnicamente muito abaixo do esperado, o time de Luis Felipe Scolari deixou a desejar durante as Eliminatórias Sul-Americanas. Basta dizer que dos 54 pontos disputados, a equipe canarinho conquistou apenas 30 e terminou a vexatória campanha seletiva ao lado do Paraguai e atrás da Argentina (43) e Equador (31). Uruguai, classificado na repescagem, (27) e Colômbia (27) foram as grandes ameaças do penta. 

Em 27 de março de 2002, na vitória por 1 a 0 com gol de Luizão diante da Iugoslávia, Luis Felipe Scolari definiu a lista dos 23 atletas da Copa do Mundo. A grande novidade do elenco ficou por conta da aposta de Ronaldo Nazário, um dos responsáveis diretos pela conquista do título. Arrojado, Felipão contrariou o departamento médico do Real Madrid, clube que o Fenômeno defendia na época, e colocou o atleta para jogar o 1º Tempo na histórica partida realizada no Estádio do Castelão, em Fortaleza, que marcou a volta ao gramado do maior artilheiro da história dos mundiais. Além de Ronaldo, Marcos, Cafu, Lúcio, Roque Júnior, Edmílson, Roberto Carlos, Emerson, Gilberto Silva, Rivaldo, Ronaldinho, Dida, Belletti, Anderson Polga, Kléberson, Júnior, Denílson, Vampeta, Juninho Paulista, Edílson, Luizão, Rogério Ceni e Kaká foram os convocados.

Emerson, contundido em um treino recreativo às vésperas da estreia da Seleção Brasileira contra a Turquia, foi substituído por Ricardinho. A "Família Scolari?, como ficou conhecido o time do Brasil, começou a ser montada na Copa América de 2001, na Colômbia. Romário, conforme provaria o tempo, cometeu aquele que pode ter sido considerado o maior erro de sua carreira, ao pedir dispensa em virtude de uma cirurgia no olho e aparecer em um amistoso do Vasco no México. Apesar dos apelos de todo o país, mediante aos choro do Baixinho e a pressão sustentada em cima de Felipão, ficou de fora.
Em 03 de junho de 2002, em Ulsan, na Coreia do Sul, o Brasil iniciou a campanha do pentacampeonato mundial. Teve dificuldades contra a Turquia. Saiu atrás do marcador, aos 47 minutos do 1º Tempo no gol de ?a?. Ronaldo, com raça, esticando-se todo para aproveitar o cruzamento da direita, dois minutos depois, empatou. Rivaldo, aos 42 minutos da etapa complementar, de pênalti, deu números finais ao jogo. Contra a China, em Seogwipo, cinco dias depois, vitória por 4 a 0. Roberto Carlos, de falta, abriu o placar; Rivaldo, na pequena área, aumentou; Ronaldinho Gaúcho, de pênalti, ampliou; e Ronaldo, livre na pequena área, fechou a goleada.

Na última partida da fase de grupos, no duelo frente a Costa Rica, o Brasil convenceu. Ronaldo Nazário, artilheiro, precisou de apenas 13 minutos para balançar as redes duas vezes; Edmílson, em uma meia bicicleta, fez o terceiro. Wanchope diminui; Gómez fez 3 a 2; Rivaldo, em cruzamento de Júnior, aumentou a vantagem do Brasil; Júnior, como se fosse um ponta, invadiu a área e chutou cruzado para classificar a Seleção Nacional do Brasil como líder da chave.
Nas oitavas de final, a dupla Rivaldo e Ronaldo voltou a desequilibrar na vitória por 2 a 0 contra a Bélgica, em 15 de junho, em Kobe, no Japão. Contra a Inglaterra, em Fukoroi, a Seleção Brasileira assustou. Owen colocou os britânicos à frente em uma bobeada de Anderson. Rivaldo empatou nos descontos. Ronaldinho Gaúcho, antes de ser expulso, garantiu a vaga para as semifinais em uma cobrança de falta espírita. Na última partida antes da final, a Seleção Brasileira voltou a encontrar a Turquia pelo meio do caminho. Do mesmo jeito que já havia ocorrido na abertura da Copa, os brasileiros tiveram dificuldades contra os turcos. Ronaldo Nazário foi o autor do único gol, mas quem chamou a atenção foi Denílson, no lance em que recebeu a marcação de quatro atletas vermelhos na ponta direita do campo.

Em 30 de junho de 2002, no Estádio Internacional de Yokohama, Brasil e Alemanha se enfrentaram pela primeira vez na história das Copas. Valeu a aposta de Luís Felipe Scolari. Aos 27 minutos da etapa final, Rivaldo arriscou um chute da entrada da área, Oliver Kahn não segurou e Ronaldo Nazário, no rebote, fez 1 a 0 para a Seleção Brasileira. Entrosada, a dupla voltou a funcionar. Aos 34 minutos Rivaldo fez o corta luz em uma jogada genial que resultou no segundo gol do Fenômeno. Com o placar de 2 a 0 e uma apresentação de gala o time canarinho conquistou o pentacampeonato mundial de futebol.
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