Copa do Mundo de 1954

O primeiro Mundial televisionado
por Túlio Nassif
No dia 16 de junho de 1954, iniciou a Copa do Mundo na Suíça.
Sediada no país da famosa cidade de Zurique, a Copa de 1954 foi a primeira em solo europeu depois da Segunda Guerra. Algumas escolhas simples ajudaram na decisão, a neutralidade da Suíça durante o conflito, o 50º aniversario da Fifa e pelo fato do órgão sede se situar no país europeu. Curiosamente, essa determinação foi tomada oito anos antes do inicio da Copa, em 1946.
O diferencial dessa Copa foi a cobertura pela televisão, a primeira. Outro fato interessante, foram as moedas comemorativas cunhadas por causa do evento.
Raridade a ser guardada na memória dos brasileiros, é o fato dessa Copa ser marcada pela troca de cores do uniforme. O Brasil passou a usar a camisa amarela e o calção azul depois da derrota no Mundial de 1950, uma vez que, o uniforme antigo com a camisa branca e calção azul, esse usado desde 1919, foi considerado uma das fontes de azar para a não conquista de títulos.
Em 1953, o professor e jornalista gaúcho Aldyr Garcia Schlee venceu outros treze candidatos no concurso para escolha do novo uniforme da Seleção Brasileira, que como prêmio, daria ao vencedor uma cadeira cativa no Maracanã, um estágio como desenhista no extinto jornal Correio da Manhã e uma somatória em dinheiro.
Por falar em Brasil, a nossa seleção fez uma discreta competição. Na fase de grupos, venceu uma partida e empatou outra. Mesmo classificada, nas quartas de finais, perdeu para a forte e vice-campeã Hungria, dando adeus ao Mundial.
Para disputar essa edição do campeonato, foram classificadas 16 seleções, dentre elas as europeias Suíça, Hungria, Áustria, Inglaterra, Alemanha Ocidental, Iugoslávia, França, Itália, Tchecoslováquia, Bélgica e Escócia; as americanas México, Brasil e Uruguai e as asiáticas Turquia e Coreia do Sul.
Certamente foi uma Copa bastante confusa. Cada grupo de quatro equipes, tinha dois cabeças de chave que não se enfrentavam, assim como as duas equipes restantes que também não se enfrentavam. Portanto, ao invés de serem seis jogos, todos contra todos, realizaram-se apenas dois jogos para cada equipe.
Os cabeças de chave foram os seguintes: "Grupo 1?: Brasil e França; "Grupo 2?: Hungria e Turquia; "Grupo 3?: Áustria e Uruguai e "Grupo 4?: Inglaterra e Itália.
Com 140 gols em 26 partidas, esta edição entrou para a história dos Mundiais, com a que teve a maior média de gols, 5,4 tentos por partida. Recorde este jamais quebrado, devido as inúmeras goleadas que as seleções do "Grupo 2? realizaram. Hungria, Alemanha Ocidental, Turquia e Coreia do Sul, não fizeram feio em seus jogos e alegraram seus torcedores.
Além disso, um pouco mais tarde na competição, nas quartas de finais, um novo recorde. No dia 26 de junho, aconteceu a partida com o maior número de gols em todas as Copas, Áustria 7 a 5 na Suíça.
Craques e mais craques fizeram dessa Copa um charme, dentre eles, Fritz Walter e Helmut Rahn, ambos da Alemanha Ocidental, Didi e Djalma Santos do Brasil, o capitão uruguaio Obdulio Varela, Sándor Kocsis e Ferenc Puskas da Hungria.
Quantas jóias reunidas e apenas uma poderia ser encolhida como a melhor do mundo.
Apesar da Hungria não ter sido campeã, Puskas foi considerado o melhor jogador da competição e já era cogitado um dos melhores da história do clube espanhol Real Madrid, além de ser um dos melhores da história do futebol mundial.
O time de Puskas foi célebre ao derrotar na seminal, o atual campeão do mundo Uruguai, que vinha fazendo uma excepcional competição, com 26 gols em quatro partidas, média de 6,5 gols por jogo.
Mas a finalíssima ainda estava por vir.
Assim como o Uruguai, até então invicto, a Alemanha Ocidental vinha de ótimos resultados, com apenas uma derrota na fase de grupos para a favorita Hungria. Foram 22 gols em quatro partidas, média de 5,5.
A decisão do terceiro lugar ficou com a Áustria, que venceu o Uruguai por 3 a 1. Mais uma derrota sofrida para os torcedores da Celeste, que apesar de atual campeã, não subiu no pódio para receber a medalha de bronze.
Já a final, realizada no dia 4 de julho, às 17 horas, no Wankdorf Stadium, com um público de aproximadamente 60 mil pessoas, teve como grandes adversárias as seleções da Alemanha Ocidental e da Hungria.
A partida, cujo árbitro era o inglês William Ling, começou com uma Hungria arrasadora marcando dois gols. Contudo, a Alemanha de Fritz Walter, Helmut Rahn e tantos outros bons atletas, conseguiu uma virada histórica, finalizando a partida em 3 a 2.
Aos alemães foi entregue a Taça Jules Rimet e o título de vencedores da Copa do Mundo com a torcida cantando junto ao hino nacional alemão. Na Alemanha, esta partida é conhecida como o "Milagre de Berna? e um filme baseado nessa conquista foi lançado no ano de 2003, para a satisfação dos alemães. Para os húngaros, a derrota foi um desastre.
Assim iniciou a saga de títulos da Alemanha e a Hungria, uma potência futebolística, nunca mais disputaria uma outra final.
* Legenda da foto acima: era o dia da tão esperada final. Do lado esquerdo, o capitão alemão Fritz troca a flâmula com outro grande capitão, o húngaro Puskas.
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