Copa do Mundo de 1950

Brasil, o primeiro mundial na era pós-guerra

Por Chico Santo


Em 1950 o mundo se recuperava do genocídio humano provocado pela 2ª Guerra Mundial, quando a FIFA decidiu dar ao Brasil a oportunidade de realizar a quarta Copa do Mundo da história do futebol. Dados oficiais apontam para o saldo negativo de aproximadamente 73 milhões de pessoas em todo o planeta, dentre os quais, 50 milhões eram civis. Durante todo o processo de divergência social, incluindo a França em 1938 como o último país a sediar o torneio antes do maior conflito armado visto em toda a Terra, a bola deu espaço à união dos Aliados contra as forças do Eixo e só voltou a rolar em 24 de junho, no Rio de Janeiro, na goleada da Seleção Brasileira em cima do México por 4 a 0 no Maracanã.

Com a Europa praticamente destruída, coube as cidades de Belo Horizonte (Estádio Independência), Curitiba (Vila Capanema), Porto Alegre (Eucaliptos), Recife (Ilha do Retiro), Rio de Janeiro (Maracanã) e São Paulo (Pacaembu) o desafio de receber o primeiro mundial da era pós-guerra. Dentre os estádios utilizados em 1950, o Maracanã foi o úncio a ser escolhido pelo comitê de organização do mundial de 2014 para sediar a 2ª Copa do Mundo em solo brasileiro.

O "Maracanaço?, como ficou conhecido o então maior complexo esportivo do planeta após a derrota do Brasil para o Uruguai - no que foi uma espécie de final da competição, já que oficialmente o torneio foi decidido na somatória de pontos entre as quatro melhores equipes, com Espanha e Suécia como coadjuvantes do quarteto ? registrou o maior público da história das Copas. Ao todo, 199.854 pessoas assistiram a decisão do mundial em 16 de julho de 1950.

Japão e Alemanha, com sanções internacionais em virtude da guerra, foram proibidos de disputar o torneio. A Itália, então bicampeã mundial, mesmo diante do apoio ao nazismo com o fascista Benito Mussolini, foi convencida pela FIFA a embarcar ao Brasil. Rumores extra-oficiais dão conta de que a entidade máxima do futebol teria arcado com os custos da viagem.

A França, por fim, impôs ao Brasil a condição de permanecer instalada em uma única cidade para evitar o desgaste de viagens de até 3 mil quilômetros durante a Copa. Como o comitê organizador se recusou a aceitar, os franceses ficaram de fora da competição. Sendo assim, com a Índia proibida de jogar descalça mediante, ainda, a desistência de Portugal, Escócia, Birmânia e Turquia, das 16 seleções classificadas, somente 13 participara do mundial.

Do ponto de vista lógico, faltou inteligência à FIFA e ao comitê organizacional da Copa do Mundo de 1950. Basta dizer que, diante do boicote de algumas seleções qie abdicaram do torneio, a chave de grupos não foi dividida com coerência. Enquanto no Grupo I (Brasil, Iugoslávia, Suíça e México) e Grupo II (Espanha, Inglaterra, Chile e Estados Unidos), quatro equipes lutaram pelo direito de se classificar para o quadrangular final, o Grupo III (Suécia, Itália e Paraguai) e o Grupo IV (Uruguai e Bolívia) foram privilegiados.

Melhor para o Uruguai que, indiferente a isso, em seu único jogo dentro da fase de grupos, derrotou a Bolívia por 8 a 0 em 2 de julho de 1950 no Estádio Independência de Belo Horizonte. A vitória diante da frágil seleção boliviana foi o suficiente para garantir o time celeste no quadrangular final da Copa do Mundo, composto por Brasil, Suécia e Espanha, os respectivos vencedores dos demais grupos.

Contra a Espanha, no Estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, em 9 de julho, o Uruguai não conseguiu nada além de um truncado empate em 2 a 2. Na partida seguinte, diante da Suécia, também em São Paulo, em 13 de julho, vitória celeste por 3 a 2. Um último respiro antes da histórica partida contra o Brasil, na tarde de 16 de julho de 1950.

O duelo, batizado como Maracanaço, contou com a presença de aproximadamente 10% de toda a população carioca nas arquibancadas. Para levantar a taça a equipe de Juan López Fontana precisava vencer. Os uruguaios, entretanto, sairam atrás no marcador. Ademir de Menezes abriu o placar para a Seleção Brasileira. A Seleção Nacional do Uruguai  não se abateu. Foi para cima e, diante de uma das maiores pipocadas da história do time canarinho, virou o placar com Juan López Fontana e Alcides Edgardo Ghiggia. O título conquistado no Brasil igualou o Uruguai a Itália. Cada um, então, com duas taças na galeria.

Em 1950, a Seleção Nacional do Brasil esteve muito próxima do título. A exemplo do que ocorreu em 1982, na Espanha, foi, indiscutivelmente, a equipe que melhor atuou dentro de campo. Tendo de se classificar para o quadrangular final em uma chave de quatro equipes, diferente do Uruguai que jogou apenas com a Bolívia, o Brasil estreou na Copa contra o México em 24 de junho, no Estádio do Maracanã.

Na partida apitada pelo inglês George Reader, com um público de 81.649, venceu o time mexicano por 4 a 0 com gols de Ademir (2), Jair e Baltazar. Em São Paulo, quatro dias depois, empate em 2 a 2 com a Suécia, no Estádio do Pacaembu com 42 mil espectadores. Alfredo e Baltazar balançaram as redes para o time canarinho enquanto Fatton descontou para a Suíça. De volta ao Rio de Janeiro, em 1º de julho, dentro de um Maracanã tomado142 mil torcedores, derrotou a Iugoslávia por 2 a 0. Gols de Ademir e Zizinho.

No quadrangular final, o Brasil goleou a Suécia por 7 a 1 no Estádio do Maracanã, em 9 de julho. Ademir (4), Chico (2) e Maneca garantiram a vitória da Seleção Brasileira, assistida, por perto, por 138 mil pessoas. No duelo seguinte, vitória de 6 a 1 contra a Espanha. Cento e cinquenta e duas mil pessoas viram os gols de Ademir (2), Chico (2), Jair e Zizinho na tarde de 13 de julho.

Faltava, apenas, o Uruguai. O time celeste havia empatado com a Espanha em 2 a 2 e vencido a Suécia por 3 a 2. Jogando em casa, sobretudo com uma campanha infinitamente melhor do que o Uruguai, a Seleção Brasileira era favorita. Bastava, apenas, o empate. O Brasil saiu na frente. Abriu o placar com Ademir de Menezes. Contudo, os gols de Juan López Fontana e Alcides Edgardo Ghiggia fizeram daquele 16 de julho de 1950, a maior tragédia brasileira da história das Copas.

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