Clodoaldo Pacce

Ex-jogador do São Paulo

Clodoaldo Pacce foi ponta-esquerda do São Paulo na década de 1950.

Em 2016, Pacce seguia morando em São Paulo, aos 85 anos de idade. O ex-jogador tem quatro filhos.

Patinho, como é conhecido atualmente, foi treinado pelo técnico Feola.

No São Paulo, Pacce jogou ao lado de Luizinho e Leônidas da Sila. Inclusive, o ex-jogador era reserva do famoso Canhoteiro.

Ainda nos anos de 1950, Pacce teve sucessivas torções nos joelhos e encerrou a carreira profissional.

Após deixar o futebol profissional, o ex-ponta formou-se como cirurgião dentista.

Pacce atuou no futebol amador, mais precisamente no Clube Pinheiros, até 2008.

No dia 6 de agosto de 2016, a redação do Portal Terceiro Tempo recebeu o seguinte e-mail de Clodoaldo Pacce Filho:

TURMA DA ODONTO 66 – CINQUENTENÁRIO

No início do ano de 1963, meu pai Clodoaldo Pacce, buscava realizar um sonho. Cursar uma Faculdade de Odontologia, ele que desde a infância sempre lidou com a arte e sempre esteve afeito a ela, seu pai, meu velho Avô CHICO era técnico da White Martins, uma das principais fabricantes de equipamentos odontológicos, coube a ele, por exemplo, montar a faculdade de Campinas.

Até os seus 33 anos, atuava como Protético desde seus 11 anos de idade e a odontologia sempre foi sua paixão, mais do que um sonho que estava prestes a se realizar. Naquele Fevereiro ele foi a UBERABA para prestar vestibular, quando na véspera inicia-se uma greve universitária. Dura decepção.
Graças ao amigo Ataliba CEVÁ, de Campinas foi então levado às pressas para LINS, pois novo vestibular seria realizado logo nos dois dias seguintes. Deu tempo de se inscrever e o melhor, foi aprovado. Ufa!

Casado, com 4 filhos, eu o maior com 11 anos e minhas irmãs, Márua com 9, Christiane com 6 e a Lilian com 1 aninho, chegamos no início de abril aí em LINS, de mala e cuia. Alugamos uma casa modesta próxima ao Jardim Americano, exótica, o único banheiro da casa parecia mostruário de azulejos, tinha pra todos os gostos e mais, de fácil acesso, eram 3 portas, uma pro corredor, uma pra sala e outra pra cozinha !

Só um detalhe, nossa mudança não coube, ou ela entrava e nós ficávamos de fora, ou ao contrário. Mudança e família não cabiam no mesmo espaço!

Fomos socorridos pela generosidade da Família GUITE MELGES, do colega de turma de meu pai, o Inácio, seus pais Edson e Geni, mais seu irmão Roberto, nos acolheram aí “no Garcia”, como vocês gostam de falar no LINENSÊS!

Dormíamos em casa e passávamos o dia na casa dos Melges, enquanto meu pai ia para as aulas. O Sr. Edson, tinha um Táxi, um velho FORD branco e o seu ponto era na Cel. Piza, e nos levava de um lado para o outro, isto durou uns 10 dias até que encontramos uma outra casa aí na Rua Nilo Peçanha 139, que acabara de ser construída. As coisas começavam a melhorar, nos mudamos e logo começamos a sentir saudades da mandioca frita ou cozida que a Da. Geni nos servia. Obrigado.
Bem, de casa nova todos nos matriculamos no 21 de Abril, menos a Lilian que era muito pequena, por sinal começou a andar no dia em que chegamos nesta terra abençoada.

Nossa casa era um grande reduto de estudos e dos colegas de meu pai, para citar os principais “malas”, Inácio, NOHAD Chaim Godói, Reny Petereiti, Celso Cunha, na falta de uma Cilene, eram Duas ! Zuleika, Mário Ayala, boliviano seresteiro, o Raul peruano, Didu e Irene, o grande “Mosquito” e outros tantos que certamente batiam o “ponto”, dia sim, dia também. Uma alegria só.

FARTAVA muita coi$$$$a mas sobrava amor e carinho entre todos. Meu Avô Chico esteve conosco durante o mês de maio, foi curtir o filho e montar o pequeno laboratório de prótese de meu pai, ali ao lado do antigo Hotel Astória, coisa que era para durar uma semana, no máximo, levou um mês, não sem antes ter dispensado seu irmão, o Caetano, pois com os dois juntos o serviço acabaria “rapidinho” e a intenção era mesmo demorar, para poder ficar ao lado do filho e dos netos, o máximo possível.

Certo dia, na passagem do famoso BUCHEIRO em sua carrocinha vermelha, o velho CHICO, comprou nada menos do que 5 kg de Bucho de Boi, coube a minha mãe preparar a famosa Dobradinha, que para nós era uma novidade, coube a ele se satisfazer com uns 4 kg da guloseima.

O velho Chico sabia das coisas, em julho daquele 63, veio a falecer.

Meu pai na FOL, minha mãe Tereza, também foi concluir o seu Normal, com aulas a noite, sempre no “21”, televisão só chegou a Lins em 1965, tínhamos um “monstrengo” dos tempos de São Paulo que mal ligava, o jeito foi comprarmos uma TV Philips, na Ótica Moderna, pra isto tive que aceitar a venda da minha saudosa bicicleta azul, que me levava até o “Gilbertão”, pois graças ao Celso, lateral direito, Newton, quarto zagueiro ou do Edgar Bergamaschi, lateral esquerdo, todos colegas de turma de meu pai e saudosos jogadores do nosso Elefante, eu não perdia nenhum jogo e nem mesmo treino. Natalino, completava esta defesa consagrada.

O Roque, goleiro, era nosso vizinho de frente e sua família era muito atenciosa conosco também. No ataque, Cardozinho, Leivinha e Piau, eram foras de série. No meio campo tinha o Célio, um “crioulo” que veio do Maringá, quando estava “desengarrafado”, jogava muito. A antiga zona da Vila São João, era local de concentração “oficial” do time. Saudades.
Outra “figura” impagável, Deoclécio e sua querida Madame, Madalena, que até hoje próximo de seu centenário, sempre que nos recebe aí em sua casa da Rua Avanhandava, nos diverte imitando a subida da Lagartixa pelas paredes, não sem antes nos oferecer deliciosas jabuticabas do seu quintal majestoso. O casal todas as noites, aguardava pelo retorno de meu pai da faculdade, preparando delicioso lanche com o antigo queijo linense, aí ele estava “autorizado” a ir pra casa.

Enfim, esta aventura vitoriosa, durou 4 anos, maravilhosos e exatamente na manhã do dia 24 de dezembro de 1966, retornamos a São Paulo, para reinício de vida, agora meu pai realizara seu antigo sonho, de menino pobre, morador no Bixiga, entregava o “point a jour”, que minha Avó Miquelina tecia com maestria, o Clodão era o novo Dr., graças à Odonto de Lins, em breve relato.

Neste fim de semana, a turma está se encontrando novamente aí, várias solenidades e homenagens serão prestadas, aos antigos mestres e velhos colegas, infelizmente alguns partiram antes do combinado, Acyr, Angoti, Cabernite, o impagável Lica, pai da Laís e do Rogério Amaral, NOHAD CHAIM GODOY, esta grande benemérita linense que me adotou especialmente junto aos seus, o Celso Cunha e mais recentemente o NEWTÃO, sendo certo que outros também se foram, mas a memória me falha, mas deixaram saudades iguais. Destaque para o grande NICÁCIO, pelo exemplo de vida e de superação, provando que se educa, dando bons exemplos e não apenas pelo saber, deixando também nossa saudade da Rhodes, então secretária da faculdade, residente na “longínqua” Guaiçara.

Infelizmente, aos 86 anos, o decano da turma, meu pai o CLODÃO, não estará presente ao festivo encontro, pelas dificuldades que a geriatria traz, mas apresento a todos os amigos e colegas de sua turma, nosso fraterno abraço e a gratidão por terem nos proporcionado momentos inesquecíveis, na certeza de que todos se realizaram profissionalmente, permanecendo em nossos corações para sempre, graças à generosidade de cada um.

Por esta história de luta vitoriosa, é que guardo Lins em meu coração. Obrigado.

Parabéns, Turma da FOL 66!

CLODOALDO PACCE FILHO – Agosto 2016.

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