Christian Heins

Ex-piloto
por Marcos Júnior
 
O piloto brasileiro Christian Heins faleceu em um acidente no dia 16 de junho de 1963, aos 28 anos, durante a edição das 24 Horas de Le Mans, na França, com um Alpine.
 
"Bino", como era apelidado, derrapou seu carro por conta do óleo derramado pelo Aston Martin de Bruce McLaren e acabou batendo em outros dois carros e capotando em seguida, incendiando-se imediatamente.
Heins foi retirado do Alpine, mas seu corpo já estava praticamente carbonizado, e a notícia de sua morte foi confirmada alguns instantes depois, a caminho do hospital.
 
Em sua homenagem, a Willys batizou seu carro de competição com o nome "Bino", modelo que marcou época conduzido por Bird Clemente, Luiz Pereira Bueno, José Carlos Pace e Lian Duarte.
 
Christian Heins estudou na Alemanha, na "Technische Hochschule" e começou a trabalhar com carros na Mercedes-Benz e da Mahle (fábrica de Pistões), em Sttutgart, antes de começar a competir, tendo estreado em Interlagos, em São Paulo, em 1954, aos 19 anos de idade.
 
Um dos grandes amigos de Heins foi Wilsinho Fittipaldi, que batizou seu primogênito com o nome de Christian, piloto que compete até hoje, com passagens por Fórmula 1, Indy, Nascar, Stock Car, Le Mans Series e Grand-Am, entre outras categorias.
 
ABAIXO, CRÔNICA ESCRITA PELO JORNALISTA FLAVIO GOMES, PUBLICADA EM SEU BLOG, EM 25 DE AGOSTO DE 2015, UM TEXTO QUE SE COADUNA PERFEITAMENTE A TODOS OS PILOTOS QUE MORRERAM EM DECORRÊNCIA DE ACIDENTES NAS PISTAS

CARTA À MORTE

Dona Morte,

Não te regozijes. No fundo, és uma incompetente, fracassada. Espreita-nos há mais de um século, vestindo este costume ridículo e carregando uma foice burlesca.

A cada volta, tens ganas de nos levar contigo e crês que lograrás sucesso. Esconde-te após as curvas, coloca-te diante de nós nas retas, não nos importamos; passamos por ti como se não existisses, rimos na tua cara, rimos da tua cara. O tempo todo.

Dona Morte, és uma figura parva, tola, quase nula, despida de mínima aptidão para nos tocar.

Às vezes consegues, admitimos. Mas conta: quantos somos? Quantos fomos? Milhares, dezenas de milhares, centenas de milhares, milhões, talvez.

E quantos de nós levaste graças à tua perfídia, à tua existência vulgar e desprezível? Poucos, Dona Morte. Pouquíssimos.

Por isso, não te regozijes por ter arrastado mais um de nós. Saberemos, como sempre fizemos, gargalhar de tua efígie chula na próxima curva, na próxima reta, mesmo sabendo que estarás por perto, e por ti passaremos velozes e indiferentes à tua ceifadeira inútil e picaresca. Desafiamos-te a todo instante, ignorando tua infeliz presença, ainda que penses que inspiras em nós algum temor.

Não nos inquietamos diante de tua inglória missão, antes desprezamo-la, e isso se nota quando, à tua expectativa, aceleramos mais e mais, de modo que, quando nos aproximamos de tua estampa lúgubre, tão rápido estamos que não tens a destreza necessária para interromper-nos, e ficas a brandir teu instrumento no vazio, como se fosses um fantoche apalermado, enquanto seguimos zombando de ti.

Para cada um de nós que, apesar de tua imperícia, carregas ao acaso, uma centena nascerá para troçar de tua inépcia.

Não temos medo de ti. E se morremos, é porque assim decidimos viver.

Subscrevemo-nos,

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