Chico Santo, na Grécia Antiga

Pela rota do Conde Drácula
Paula Vares Valentim
jornalista responsável

Em Atenas, Chico Santo estendeu seu banho cultural pelo berço da civilização humana por mais 3 dias. "Desde o momento em que desci no avião e pisei pela primeira vez na Grécia, senti uma energia muito forte, diferente de qualquer outro país. É engraçado analisar como a cultura européia muda de um lugar para o outro indiferente à distância. É verdade que cruzei toda a Europa. Mas enquanto na Bélgica tudo parecia muito frio, em Atenas foi exatamente o oposto que aconteceu. Não só em relação ao clima da cidade como também o espírito de receptividade das pessoas. Tavez, até, por influência do Mar Mediterrâneo. Indiscutivelmente, um dos lugares mais especiais que estive.? O contato com a cultura grega não foi nenhuma novidade para o jornalista. Durante a infância, o repórter teve uma convivência direta e muito próxima no Brasil com os Kanellis, uma das famílias de imigrantes gregos mais tradicionais do país. "Aprendi com eles um pouco do que sei desses costumes milenares. Um dos meus melhores amigos de infância, o Bruno Kanellis, já falava grego antes mesmo de pronunciar sua primeira palavra em português. Aliás, a língua inglesa foi o segundo idioma falado por ele. Sem levar em conta os dialetos. Fomos colegas de classe no Colégio São José e carregamos esta amizade desde então. Lembro de ir na sua casa e ver o seu avô assistir televisão em várias línguas. Aquilo foi muito bom para mim porque me despertou o interesse por outras culturas e o respeito à tradição grega.? Influenciado pela amizade da família Kanellis, em 2004, cinco anos antes de desembarcar na Grécia, Chico Santo esteve perto de cobrir os Jogos Olímpicos de Atenas. "Eu ainda era um estudante de jornalismo e minha mãe chegou a me dar as passagens aéreas de presente. Por algum capricho do destino a viagem não aconteceu e pedi o reembolso dos bilhetes. Hoje entendo que não era para ter sido. Fiz tudo o que pude e lamentavelmente não consegui. Na realidade, ainda faltava um pouco de maturidade internacional. Eu sequer conhecia a América do Sul, na época. Evidentemente, fiquei decepcionado, mas quando visitei o Centro Olímpico utilizado para os jogos de Atenas daquele ano, me lembrei de todo esforço que meus pais fizeram para que eu pudesse estar lá e conquistar os meus sonhos. Então, me bateu aquele sentimento de missão cumprida.?

Com o visto grego carimbado em seu passaporte, em uma espécie de ajuste de contas com o tempo, o repórter se deparou ao acaso com uma das principais relíquias da humanidade, em 2009. "A Grécia lembra um pouco de Roma, neste sentido. Você começa a andar e de repente se vê em um lugar incrível. Foi exatamente o que aconteceu comigo. Estava caminhando de bobeira pelo centro de Atenas, no distrito de Pangrati, quando do nada vi o Panathinaiko, o Estádio Olímpico da Grécia Antiga.? O complexo esportivo, também conhecido como Kallimarmamo, serviu como palco da primeira olimpíada da era moderna, em 1896. "Foi uma cena tipo miragem. O único estádio do mundo construído em mármore, graças ao bom gosto de Licurgo de Atenas, um dos 10 oradores áticos incluídos no Alexandrino Canon, responsável pelo projeto arquitetônico de 329 a.C. Na época clássica, o estádio ainda possuía assentos de madeira e nos tempos antigos sediou os Jogos Panathenaic, por volta de 566 a.C. em honra a deusa Atena.?

Segundo a mitologia grega, Palas Atena se tornou reverenciada como a deusa da guerra, da civilização, sabedoria, estratégia, artes, justiça e habilidade. "Ela foi cultuada em toda a Grécia Antiga, desde as colônias gregas da Ásia Menor até a Península Ibérica e norte do continente africano. O Partenon, construído no século V a.C, é dos exemplos disso.? O templo, localizado na Acrópole de Atenas, é tido como um dos principais monumentos do mundo. "Trata-se de uma obra remanescente da Grécia Antiga. Foi esculpido em marfim e ouro por Fídias e seu epíteto se refere ao estado virginal e solteiro da deusa.? O edifício está situado há 150 metros do nível do mar, em uma colina rochosa. "Estar lá é como viver a mitologia grega. Não há outra tradução. É mais ou menos como entrar no Monte Olimpo, no Mar Egeu, em Tessália. Essa é a melhor definição do que senti.?

Em Atenas Chico Santo viveu, também, um dos momentos mais dramáticos do projeto Europa. "Depois de uma semana maravilhosa, com aquela atração à primeira vista que o impossibilita deixar a cidade, resolvi seguir o meu rumo pela Rota do Conde Drácula até a cidade de Istambul, na Turquia. O que eu não sabia era que a frota de aviões gregos era tão velha quanto o próprio Partenon.? Em outras palavras, o jornalista embarcou em um turbo-hélice. "Bem pior do que ônibus na Bolívia?. A bem da verdade, não deu certo. "Decolamos e aí tudo começou a pular. Algumas malas do compartimento de bagagem caíram e o Mar Egeu aumentou significativamente na minha janela. O semblante das comissárias não era dos melhores. Teve gente do meu lado chorando. Como o piloto fez a gentileza de comunicar o problema em grego, só fiquei sabendo que o avião teve um grave problema de turbina quando ele voltou ao Aeroporto Internacional de Atenas, onde fez um pouso de emergência e saiu sacudindo pela pista. Se quer saber, naquele dia eu vi a morte de perto.?
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