Chico Santo, na BBC de Londres

O reconhecimento internacional
Paula Vares Valentim
jornalista responsável

Pode até ter demorado, um pouco, no início, como costuma dizer o jornalista Chico Santo, em relação ao reconhecimento da própria carreira. Entretanto, em janeiro de 2012, com um currículo invejável debaixo dos braços, sobretudo para um jovem de apenas 32 anos, Chico Santo entrou de vez para as páginas da história da imprensa brasileira. A dedicação ao jornalismo, vista em quase uma década de atuação profissional, com um passaporte carimbado em mais de 40 países do mundo, chamou a atenção da BBC de Londres, do outro lado do Atlântico. "Parece algo de outro mundo. Até porque, você nunca imagina que esse tipo de coisa possa acontecer um dia. Ainda mais com apenas 32 anos, dentre os quais, apenas oito foram como jornalista diplomado. O que aconteceu, para mim, foi como a coroação de um trabalho que, pela lógica da vida, está longe de terminar. Beira, realmente, o absurdo. Ter o nome associado à principal rede de comunicação da Europa, sem nenhum tipo de modéstia, me perdoe, não é para qualquer um.? Por essa razão, muito mais do que um dos corriqueiros vôos pelo Atlântico registrados em sua memória, a tarde de 13 de janeiro do primeiro mês do ano teve ao jornalista um gosto especial. "Embarquei pela Alitalia, saindo de Guarulhos com o destino inicial ao aeroporto Leonardo da Vinci, em Fiumicino, Roma. Depois, com a Air France segui para Paris. Da capital francesa, ao melhor estilo valentiano, sem dúvida nenhuma uma cidade incomparável com qualquer outra que já conheci, segui, na última etapa do trajeto, por baixo do Canal da Mancha, com os trens da EuroStar até Londres. Quer dizer, foi um dia incrível da minha vida. Montei uma rota que me permitisse cruzar o Deserto do Saara à noite, tomar o café da manhã em Roma, almoçar em Paris e fechar à noite do sábado com um jantar em Londres. Levando-se em consideração que a viagem já tinha um gosto muito saboroso, evidentemente, não dá para dizer que foi ruim.? Antes de subir do avião e cruzar também o famoso Red Light District de Amsterdã, na Holanda, como sempre, correndo pelos saguões de embarque no Brasil, o repórter assinou em sua coluna semanal do Terceiro Tempo, o que considera um desabafo por tudo o que teve que passar antes de ser reconhecido como um dos principais jornalistas internacionais do Brasil. O texto chacoalhou os bastidores da imprensa esportiva paulista, principalmente, pelo teor forte e direto que caracteriza o estilo do jovem repórter.
"A caminho da BBC,
Escrevo da sala de embarque da Alitalia em direção a Londres a convite do Recursos Humanos da BBC.
Desço em Roma, durmo em Paris, sigo de trem por baixo do Canal da Mancha e amanheço na Inglaterra.
Em pauta um contrato de 61 mil libras com um cargo de correspondente internacional. Diárias de 100 libras, as primeiras que recebo oficialmente da maior empresa de comunicação da Europa já estão acertadas.
Muito para um cara que nunca quis nada além de um cargo de reportagem. Função que, aliás, comecei a exercer no Terceiro Tempo como setorista do São Paulo Futebol Clube em 2003, quando deixei a Jovem Pan.
Na época, um momento extremamente difícil. Hoje dou Graças a Deus. Foi bom para todo mundo, sobretudo, para mim. É que depois de cruzar definitivamente pela última vez a porta do 24º andar da Avenida Paulista tive a sorte de trabalhar com o principal nome da história do rádio esportivo brasileiro.
Se não bastasse o emprego, a bem da verdade, Milton Neves ainda me arrumou um cantinho para morar no 26º andar de um dos mais cobiçados condomínios de luxo do bairro dos Jardins, em são Paulo.
Apartamento com vista para a sacada do saudoso vice-presidente do Brasil José Alencar, avaliado em R$ 1 milhão e de propriedade da Família Terceiro Tempo (aquela mesma, acostumada a tirar a turma da sarjeta)
No jornalismo, só não vê isso quem não quer...
Ou evita enxergar que os pupilos estão descendo dois andares para pedir uma ponte a Edu Zebini, ex-diretor do Terceiro Tempo e hoje vice-presidente da Fox Sports...
Milton Neves que, ao saber da BBC, me deu todo o apoio possível. Diferente do que outros um dia fizeram... Como o importante repórter internacional que em uma infeliz noite de sexta-feira procurei para pedir uma oportunidade em televisão. Sabe o que aconteceu?
Na segunda-feira seguinte fui "demito? por sua filha... Se bem que para "mandar embora?, pelos termos da lei, é preciso registrar em carteira, antes.
Como o Terceiro Tempo faz com TODOS os seus funcionários.
Tem gente, invejosa, que ainda chama o Milton de "pão duro?. Só que, se metade dos "caras? que falam isso fizessem alguma coisa pela sociedade por trás dos microfones, 50% dos jornalistas desempregados hoje não estariam passando pela situação que um dia vivi.
Acredite, pedir emprego para um "ídolo profissional? e ouvir da sua boca "sugiro que mude de profissão? é uma punhalada no coração. Se fosse com sua talentosa filha ? com todo respeito ? mesmo sem ser jornalista diplomada, teria sido essa a resposta?
Duvido.
Mas, aqui no Brasil, para ser jornalista não é preciso ter diploma... E a inglaterra não é mais a sexta economia do mundo... Mas não é que depois disso empunhei os microfones da TV Globo, através de suas afiliadas RBS TV, RPC e TV Anhanguera, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás e Tocantins? Também fiz produção para a SporTV com a VTF do Fernando Sampaio.
Veiculei matérias, ainda, com passagens e off, em todos os telejornais da Globo News e até Globo Internacional! Na Globo News, aliás, tive o primeiro VT transmitido como jornalista diplomado antes mesmo de participar da minha colação de grau.
Graças a RBS TV da coordenadora Maria Helena Soares, onde atuei como repórter da Fronteira Oeste e cobri toda a região do Uruguai e Argentina. Na Globo Internacional cheguei através de uma série especial de 8 VTs de 5 minutos cada da TV Anhanguera sobre o Jalapão.
Trabalho coordenado pelo editor executivo Rogério Silva, hoje, meu irmão. Depois disso assinei reportagens no exterior para o Terra, Jornal do Brasil e Jornal O Dia. Terceiro Tempo e Rádio Jovem Pan não contam.
É que o Milton Neves realmente gosta de mim. Ele e o Sr. Pedro Basan! Dois dos grandes homens da imprensa que me projetaram ao mundo. Um me deu espaço na maior marca do pós jogo brasileiro e o outro me pagou hotel em tudo o que era canto do mundo...
Sem falar no Flavio Prado que também acreditou no meu potencial. Esse cara eu respeito!
Daí a explicação para os meus 32 anos muito bem vividos dentre os quais oito foram como jornalista profissional com mais de 40 países nas costas, 250 cidades no mundo, três terremotos na bagagem (Haiti, Itália e Chile), um tsunami (Talcahuano), dezenas de jogos da Seleção Brasileira pela América, Europa e África, uma Copa do Mundo in loco, outra das Confederações, Guerrilha da Colômbia, Golpe do Chile, Caos da Bolívia, Incêndio de Atenas e dezenas de trabalhos "de alta octanagem? como fui descrito como exemplo de profissionalismo na revista italiana Riders.
Apesar disso, sou contra a opinião daqueles que dizem que para ser bom é preciso ser internacional. No Brasil, por exemplo, cobri a Tragédia de Angra dos Reis e as enchentes de Santa Catarina.
Fui o primeiro repórter a pisar no Alto do Baú e em determinado momento da cobertura entrei em contato com William Bonner e disse:
- "Bonner, não tive a honra de te conhecer ainda, mas é que encontrei um cara que ganhou uma blusa de doação com uma alta quantia em dinheiro no bolso. O cidadão perdeu casa, família e mandou devolver o dinheiro que apareceu por engano no seu bolso. Como o seu telejornal é o mais importante do Brasil, talvez seja interessante noticiar o assunto também.?
A matéria foi apresentada três dias depois naquele que considero o melhor telejornal do Brasil.
Desabafo?
Sim.
De um cara filho de um bancário e de uma técnica de enfermagem que venceu na garra, talento, dedicação, aos 45 do segundo tempo e ? muitas vezes ? dobrando o joelho e pedindo do fundo do coração "Pelo amor de Deus?.
Foi assim até para entrar na Inglaterra pela primeira vez, quando passei 8 dias no Reino Unido dormindo na rua. Eu tinha sede de conhecimento.
Hoje sou recebido como convidado da BBC de Londres. Terei muita história para contar quando me aposentar e montar o meu táxi em Santa Catarina.
É que, pessoas como eu, como Forrest Gump, não precisam de muito para viver. Apenas da certeza de ter feito sempre o melhor. O
brigado Milton Neves, obrigado Terceiro Tempo, obrigado Ednilson Valia, em nome de toda essa Família de Jornalistas Profissionais que atuam com caráter, respeito e competência.
Vocês mudaram a minha vida.?
Por Chico Santo, 13 de janeiro de 2012.
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