Carlos Roberto Escova

Humorista
Por trás das imitações de Lula, Fernando Henrique Cardoso, Zagallo e inúmeros personagens, ouvidos na madrugada pelos 810 KHz da Rádio Clube de Ourinhos (AM), estava o humorista e jornalista Carlos Roberto Escova, que faleceu em 20 de dezembro de 2015, na cidade de Ourinhos, interior de São Paulo, onde foi sepultado, no Cemitério Municipal. Ele sofria de diabetes e estava na UTI da Santa Casa de Misericórdia de Ourinhos, por conta de uma infecção hospitalar.
 
Natural de Araraquara-SP, cujo nome de batismo era Carlos Roberto Isiais, Esova morou em São Paulo e Porto Alegre, onde trabalhou por aproximadamente oito anos em rádio esportiva, e voltou para o interior paulista. 
 
Ele integrou a equipe do Balancê da Rádio Globo de Osmar Santos e, entre 1985-1988, esteve com o humorista Tatá Alexandre no palco do "Perdidos da Noite", que revelou Fausto Silva, o Faustão, à Rede Globo.
 
A maior parte dos ouvintes desconhece o locutor recém-contratado, que conta piadas na "Hora do Escova" entremeado com efeitos sonoros de mugidos de vaca e barulho de balde de água, das 5h às 7h na rádio ourinhense.
 
Escova passou pelas principais emissoras de São Paulo ? na Jovem Pan foram 20 anos e pelo menos 8 anos na rádio Globo. Lá, esteve no "Balancê" comandado por Osmar Santos, o mais criativo narrador esportivo cujo estilo é até hoje copiado nas jornadas esportivas Brasil afora. Santos interrompeu sua carreira radiofônica depois de acidente em dezembro de 1994, que o deixou com parte do corpo imobilizado e com problemas na fala.

Escova fez parte do "Show de Rádio" com Nelson Tatá Alexandre, Serginho Leite e Osvaldo Sangiardi, estrelas do humor radiofônico.
 
O "Balancê", criação de Osmar Santos, foi, na verdade, a tentativa de recriar os programas de auditório no rádio. O país vivia a transição da ditadura militar para o regime civil e o programa radiofônico influenciou a criação do "Perdidos na Noite (1985-1988) na televisão, inicialmente em horário comprado na TV Gazeta, depois Record e Bandeirantes.

Tatá Alexandre e Escova improvisavam as apresentações. Fausto Silva lia a programação da concorrente, dava bronca na equipe e falava palavrões no ar - um pouco do que faz o "Pânico na Band" de Emilio Surita nos tempos atuais.
 
Foi Goulart de Andrade quem teve a idéia de levar a dupla para esquetes no "Plantão da Madrugada", quando o programa estava na TV Gazeta, e dali chegou ao "Perdidos da Noite".
 
Apesar da precariedade da produção, o programa misturava humor e números musicais, principalmente de nomes do então emergente rock brasileiro. Ia ao ar aos sábados. Fausto cunhou uma das frases, até hoje usada por ele em seu programa de auditório na Globo: "Quem sabe, faz ao vivo"
.
Escova conta que o "Perdidos na Noite? foi realmente influência do Balancê. E revela: no início havia rotatividade de apresentadores (Osmar Santos, Juarez Soares, Reinaldo Costa, entre outros), até Fausto Silva, na ocasião desempregado, pedir emprego e substituir os titulares ? a maior parte não podia apresentar o programa todos os sábados devido a jornadas esportivas. Fausto Silva acabou ficando no "Perdidos na Noite" até a Rede Globo contratá-lo para o programa dominical líder de audiência, após frustradas tentativas de tirar Gugu Liberato do SBT.

Escova iniciou no rádio esportivo devido à sua formação de jornalista antes de ser comediante. Osmar Santos usava as esquetes humorísticas para possibilitar o intervalo de uma entrevista ou número musical durante o programa. No "Perdidos na Noite", Escova e Tatá Alexandre, num clima arnáquico, também exerciam essa tarefa.
 
Já na incursão pelo rádio, o Balancê ficou marcado nos tempos das Diretas-Já e da democracia corintiana de Sócrates e Casagrande. "O programa era um cartum pré-produzido com quatro esquetes. Havia paródia, política e besteirol?, lembra. Nesse período de abertura política começa a fase de imitações de vozes de Jânio Quadros (que se elegera prefeito de São Paulo), Paulo Maluf, Lula, entre outros.
 
Até hoje o "Perdidos na Noite"é lembrado como uma das inovações do humor na TV. Escova acredita que a fórmula pode ser repetida e a Rede TV! e a Record já demonstraram interesse. Embora esteja fora da mídia de São Paulo, depois de 10 anos no Rio Grande do Sul e um ano em Miami, Escova acreditava que a dificuldade de o programa de humor emplacar no rádio é a falta de bons redatores. "Há grandes humoristas, mas faltam redatores". Depois de um período pelas rádios Gaúcha e Atlântica, da rede RBS, Escova se separou da mulher e veio para Ourinhos "esfriar a cabeça".
 
Seu grau de parentesco com Nilton Cesar, radialista da Itaipu-FM, abriu-lhe as portas na emissora de Ourinhos. Após alguns dias na Itaipu, a direção achou por bem apostar em Escova no horário da madrugada na AM. Num clima otimista, hora certa a todo momento, imitações de vozes de celebridades nacionais feitas ao vivo, Escova mesclava na rádio Clube blocos informativos e a seleção musical de J. Amaral, que vai do pagode à tradicional música sertaneja.
 
Escova garantia que seu repertório é de centenas de vozes. "Acho que sei imitar umas 800 vozes", exagera. E dá a receita: "Fazer imitação não é preciso fazer igualzinha a voz. Basta lembrar os cacoetes da fala de quem você escolheu para imitar?, conta. Junto com Tatá Alexandre, Escova gravou o elepê "Perdidos no Disco" com a faixa título Melô do Sai Capeta, mas tem ainda Tarzan é Gay, Chicrinha (show de imitações), Lobo Informa, Introdução ao Sexo, Vagabunda, entre outras.

ABAIXO, REPORTAGEM DE GOULART DE ANDRADE SOBRE O PROGRAMA BALANCÊ, COM FAUSTO SILVA. TAMBÉM APARECEM: NELSON "TATÁ" ALEXANDRE, CARLOS ROBERTO ESCOVA E LUCIMARA PARISI

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