Carlos Alberto Alimári

Ex-goleiro da Ferroviária
Excelente goleiro da Ferroviária de Araraquara nos anos 60, Carlos Alberto Alimári morreu quando atravessava ótimo momento na carreira no dia 11 de outubro de 1971. Ele foi vítima de afogamento quando participava de uma festa junto com outros jogadores da Ferroviária.
O acidente aconteceu no Rio Mogi Guaçu. Além da Ferroviária, Alimári também defendeu o Apucarana FC, o Jabaquara nos anos 60 e equipes amadoras de São Paulo, onde nasceu no dia 10 de abril de 1944. O goleiro era casado com Neusa Aparecida Minoti, com quem tinha uma filha: Cátia Cristina, que estava com apenas 10 meses quando o pai morreu. Abaixo, veja a matéria especial da jornalista Tetê Viviani publicada no jornal "O Imparcial", em março de 2004.
O "Chalin" da Bela Vista
Em plena Segunda Guerra Mundial, o casal Alfredo Alimári e Jacintha Baptista, residentes em São Paulo, tiveram o caçula Carlos Alberto Alimári, o quinto filho, que veio ao mundo em 10 de abril de 1944, tendo os irmãos Neide, Waldemar, Emília e Cleide. O chefe da família, Alfredo Alimária, trabalhou a vida toda no Supremo Tribunal de Justiça e conseguiu educar os filhos condignamente com a ajuda da esposa, Jacintha. O casal Alimária gozava de prestígio e amizade da vizinhança do bairro da Bela Vista e foi nos arredores do Bexiga, centro da capital paulistana, que Carlos Alberto foi criado. Os comerciantes turcos achavam o nariz do menino parecido com os dos oriundos do Oriente Médio e lhe deram o apelido de "Chalin". Desde cedo, o garoto mostrou tendência para ser atleta. Na adolescência, o seu físico avantajado se destacava dos demais garotos e começou correndo atrás da bola pela ponta-esquerda do Corinthinha, equipe amadora da Bela Vista. Num jogo no campo do Éden Liberdade, o goleiro titular faltou e Chalin foi deslocado da ponta para o gol, fez sucesso, pegando tudo. Passou pelo Lusitano, node deixou grandes amigos: Pixoxó, Feiticinho, Garrincha, Chicão, Colombinho, Pinguinha, entre outros. As vitórias na várzea da grande São Paulo eram comemoradas no Bar Fonte Nova, na Rua Major Diogo, 702, dos proprietários Sérgio e Vitorino Vicente Batista, primos de Carlos Alberto. As atuações do jovem goleiro despertaram a atenção de um olheiro que o levou para o Apucarana FC, norte do Paraná. Em 1961, com apenas 17 anos, Carlos Alberto conseguiu ser titular, iniciando a carreira profissional. A Ferroviária de Araraquara revelava e vendia jogadores com facilidade nos anos 60 e foi numa excursão ao norte do Paraná que os diretores descobriram Carlos Alberto. As campanhas memoráveis da Ferroviária conquistando o tricampeonato do interior 1967, 1968 e 1969 e mais a excursão à América Central fizeram de Carlos Alberto um goleiro respeitado e querido por toda Araraquara. O futebol romântico, prevalecia o amor à camisa, desta época foi vivido intensamente por Carlos Alberto que pôde enfrentar Pelé, Rivelino, Gérson, Ademir da Guia, entre outros craques. Os times grandes mostravam interesse em contratá-lo, mas as negociações não chegariam a seu desfecho.
O casamento de Neusa e Carlos Alberto
O namoro de Neusa Aparecida Minoti e Carlos Alberto começou de forma platônica. Ouvindo uma entrevista do goleiro afeano, concedida ao repórter da Rádio Cultura, Neusa sentiu-se atraída pela voz de Carlos Alberto. A sede da Ferroviária ficava na Avenida Duque de Caxias, entre as ruas São Bento e Padre Duarte, e era frequentada por associados e torcedores. Neusa conseguiu com uma funcionária da Ferroviária deixar o número de seu telefone e o interesse em conhecer Carlos Alberto. O plano deu certo. Carlos ligou e marcou um encontro. Neusa desistiu do antigo namorado e com Carlos Alberto foram assistir ao fime Doutor Jivago, no Cine Odeon. O namoro se transformou em paixão ardente. O casamento de Neusa e Carlos Alberto aconteceu na Igreja de Santa Cruz, em 20 de junho de 1970, e a música preferida do casal, "Dio Comi Te Amo", emocionou a todos presentes. A felicidade de Neusa e Carlos Alberto aumentou com a chegada da filha, Cátia Cristina, em dezembro de 1970. A nova família morava na Avenida Bandeirantes, 1460, e era querida pelos vizinhos. O casamento foi interrompido pelo destino trágico que abalou a cidade de Araraquara.
A tragédia que comoveu Araraquara
Carlos Alberto estava em excelente forma física e técnica. A Ferroviária vinha liderando o Paulistinha, torneio seletivo para o Paulistão de 1972. No dia 10 de outubro de 1971, um domingo, a Ferroviária derrotou o Botafogo, no Estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto (SP), por 3 a 1, atuando com: Carlos Alberto; Pádua, Fernando, Ticão e Pedro Rodrigues; Muri e Ademir (Bazani); Nicanor, Zé Luiz (Valtinho), Bebeto e Nei. Os gols da Ferroviária foram marcados por Bebeto (2) e Muri. Na segunda-feira, dia 11, o elenco afeano participou de um churrasco, às margens do Rio Mogi-Guaçu, em um pesqueiro da família Lia. Carlos Alberto não gostava de pescar, não sabia nadar e não tinha intenção de participar da festa. O técnico Almeida, da Ferroviária, insisiu em demasia para que Carlos Alberto fosse ao pesqueiro. Os jogadores já estavam comemorando e o goleiro na sua casa em dúvida: se iria ou não? Almeida conseguiu convencê-lo. Recorda a esposa Neusa: "Carlos queria ficar conosco. A Katia tinha dez meses. Eles jogavam muito, ficam vários dias na concentração, quase não tinham folga. O Almeida foi buscá-lo e Carlos acabou indo ao churrasco, mas me prometeu ficar pouco e voltar cedo...", conta Neusa. Carlos Alberto caiu... nas águas turbulentas do Rio Mogi-Guaçu, seu corpo foi encontrado 60 horas depois, no dia 13 de outubro, às 23h30. Durante as buscar, a imprensa noticiava boatos que Carlos Alberto tinha sido resgatado por pescadores rio abaixo. Ledo engano. Bombeiros, mergulhadores, rezadeiras, cães pela mata, dragas pelo rio. Araraquara se mobilizou e o caso foi ganhando dramaticidade e primeiras páginas dos grandes jornais. O corpo foi velado na sede antiga da Duque de Caxias e foi sepultado em São Paulo, no Cemitério Santo Amaro.
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