Carlão

Ex-goleiro do Santo André e Francana

por Marcos Júnior Micheletti

Carlos Sérgio Jacob, o querido Carlão, goleiro com passagens por Francana e Santo André, entre outros, atualmente está aposentado, residindo no bairro da Mooca, na principal artéria do bairro da Zona Leste paulista, a Avenida Paes de Barros.

Nascido em 3 de agosto de 1946 na capital paulista, é casado com Maria Inês, com quem tem um filho e uma filha, Marcelo (que mora em Atibaia) e Mariana (que reside em São Paulo). Carlão é o orgulhoso vovô de Maia (filha de Marcelo) e Miguel (filho de Mariana). 

Morando em sua infância e adolescência no bairro do Moinho Velho, na parte inicial da Via Anchieta, região sudeste da capital paulista, Carlão iniciou sua trajetória no futebol pela Cerâmica São Caetano, na divisão que à época era chamada de Infanto-Juvenil, em 1962.

Em 1963 migrou para o Corinthians, ainda no infantil, e conseguiu um trabalho de escritório no Parque São Jorge, concomitante à carreira de goleiro nos gramados.

Foi neste momento que um diretor do Orlândia, clube da cidade homônima na região norte do estado de São Paulo, nas proximidades de Ribeirão Preto, viu suas atuações pelo Alvinegro de Parque São Jorge e o levou ao interior para jogar na agremiação, já no ano de 1964.

Profissionalizou-se pelo Orlândia em 1965, ocasião em que a equipe disputava a Intermediária (hoje equivalente à A-3 do Campeonato Paulista).

Com o Orlândia, Carlão subiu de divisão, para a A-2, mas logo depois o treinador do Orlândia, Sr. José Chagas, que todos conheciam como "Eca", deixou o clube e foi para a Francana, e este o convidou para jogar na equipe.

Carlão permaneceu na Francna até 1968, quando teve um desentendimento com um diretor do clube e transferiu-se para o São Bento de Marília, onde atuou ao lado de Geraldão, que depois marcou época no Botafogo de Ribeirão Preto e Corinthians.

Mas a permanência no São Bento de Marília não foi grande, pois o clube acabou suspenso pela Federação Paulista de Futebol por falta de pagamentos, momento em que o MAC (Marília Atlético Clube) surge no cenário futebolístico.

Assim, Carlão novamente tem uma nova experiência clubística, desta vez no Santo André, a partir do final de 1969.

"O treinador, que também era diretor do Santo André, me convidou para ficar no banco do jogo do Santo André na inauguração do Estádio Bruno José Daniel, um amistoso contra o Palmeiras, e eu acabei aceitando. Infelizmente o Santo André perdeu neste jogo festivo em seu estádio, 4 a 0 para o Palmeiras", comentou Carlão em entrevista ao Portal Terceiro Tempo no dia 16 de agosto de 2022.

No Santo André, Carlão começou a temporada de 1970 disputando três memoráveis amistosos no Estádio Bruno José Daniel, contra a Portuguesa (0 a 0), em derrota para o Corinthians por 2 a 1, jogo em que defendeu dois pênaltis cobrados pelo saudoso Adnan (1946 - 2022) e derrota para o São Paulo por 1 a 0.

Com alguns problemas internos, o Santo André acabou abrindo mão da vaga na Intermediária passando-a para o Corinthians de Santo André.

Mas no final de 1970 o Santo André retornou e Carlão voltou a defender o gol da equipe, onde atuou ao lado de Sebastião Lapola, Ulisses e Pereirinha, entre outros.

Porém, o Ramalhão acabou não subindo da Intermediária e foi o Marília que acabou ficando co a vaga em 1971, ocasião em que Manga (o Agenor Gomes), ex-goleiro do Santos, comandou a equipe, antes da chegada de Lula, o Luis Alonso Peres, trazido pelo então presidente do Santo André, Amazonas Cabral, que era superintendente da Cofap.

O mandatário andreense reforçou bem o Ramalhão, e seu renovado elenco foi responsável por um feito histórico para o clube, em 15 de novembro de 1971, quando o time defendido na meta por Carlão derrotou o Santos por 2 a 1, jogo realizado no Estádio Américo Guazelli, do Corinthians de Santo André, pois o Bruno José Daniel passava por reforma em seu gramado.

"O Santos jogou com um time misto esta partida amisota patrocinada pela Prefeitura de Santo André, que pagou os dois clubes, mas lembro bem do Carlos Alberto Torres jogando na zaga santista, mas o Pelé não atuou", comentou Carlão ao Portal Terceiro Tempo.

Aliás, aqui vale lembrar que Carlão foi eleito o melhor jogador desta marcante vitória do Santo André sobre o Santos.

No final de 1971 o Santo André ainda fez mais dois amistosos, contra o SAAD e o Grêmio Catanduvense, mas o treinador Lula não retornou para comandar a equipe no começo de 1972, pois enfrentava sérios problemas de saúde.

Carlão chegou a visitar Lula no Hospital das Clínicas, com um cartão emprestado por um parente, pois o controle de visitas era rigoroso.

"Ele estava tomando suco de laranja, pois os médicos tentavam fazer seus rins funcionar. Ele chegou a fazer um transplante, mas acabou morrendo em 15 de junho de 1972", disse Carlão ao Portal Terceiro Tempo.

Na ocasião, outro jogador esteve com Carlão na visita a Lula, Ipojucã, que havia tido um problema renal similar.

Ainda sobre a morte de Lula, Carlão tem na memória o dia de sua morte, pois havia terminado o treino no Santo André, comandado pelo novo treinador que chegara, Chico Formiga, para visitar Lula no Hospital das Clínicas, em companhia do goleiro Odaci e do lateral Augusto, que jogou no Corinthians.

Porém, o trio acabou parando para tomar uns goles em um bar no caminho para o hospital e não chegaram a encontrar com Lula naquele 15 de junho de 1972. E, provavelmente, nem o conseguiriam vê-lo, pois seu estado era muito grave.

Em 1972, Carlão iniciou curso de Educação Física na FEFISA (Faculdade de Educação Física de Santo andré), tendo como colegas de sala Sebastião Lapola e Moraci Sant´Anna,  ano em que aida disputou alguns jogos pela FUPE (Federação Universitária Paulista de Esportes), mas foi gradativamente deixando o futebol, começando a lecionar Educação Física no Colégio Modelo, no começo da Via Anchieta, nas proximidades do Sacomã.

Chegou a recusar um convite de Sebastião Lapola, então treinador do Santo André, para trabalhar como preparador físico da equipe, dando uma importante guinada em sua vida, para trabalhar na área comercial da Johnson & Johnson com muito sucesso, e em seguida, na mesma função, na Rayovac, fabricante de pilhas.

Sócio do Clube Atlético Juventus, pertinho de sua residência, costuma frequentar o clube pelo qual chegou a disputar alguns campeonatos internos de futebol de campo, assim como a Rua Javari, o Estádio Rodolfo Crespi, para assistir jogos do Moleque Travesso e saborear os cannolis de creme, tão tradicionais do local que faz parte da história da cidade de São Paulo. 

"Mas a fila para comprar os cannolis normalmalmente é tão grande que a gente até perde a partida", brinca o sorridente Carlão.

Colaborou: Carlos Sérgio Jacob, o Carlão

 

No dia 21 de agosto de 2022, Carlos Sérgio Jacob, o querido Carlão (ex-goleiro do Santo André e Francana), participou do Domingo Esportivo da Rádio Bandeirantes.

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