Brasil e Portugal, um país em duas nações

Chico Santo, bastidores da Copa do Mundo-2010

Paula Vares Valentim
jornalista responsável

Chico Santo, direto da África do Sul - A cidade de Durban amanheceu falando um novo idioma. Quem estava acostumado a se comunicar em Zulu, Afrikaans, Hindi ou inglês, hoje, ficou de fora da roda. Na porta do Estádio Moses Mabhida, brasileiros e portugueses parecem se entender muito bem. Munidos de suas bandeiras, com as cores de seus países, os torcedores luso-brasileiros ditam a mesma língua, ainda que em sotaques diferentes. "Somos quase que a mesma nação. Temos os mesmos costumes e muitas semelhanças culturais?, afirma o português Paulo Ricardo. "É um jogo diferente. Uma partida internacional com pinta de jogo nacional?, acrescenta o brasileiro José Carlos de Souza. As diferenças, entretanto, em tom de harmonia, chamam a atenção dos mais detalhistas. Enquanto os portugueses utilizam mais o infinitivo dos verbos, os brasileiros se contrapõem do outro lado do Atlântico diante do gerúndio. "Nós falamos "estamos comemorando a Copa? e eles dizem "estamos a comemorar a Copa?, explica o torcedor brasileiro, com pinta de professor, José Inácio. Nas arquibancadas, entretanto, os torcedores precisam estar atento ao que efetivamente pode ter um significado bem diferente do que aparenta ser. Se alguém gritar "prego?, por exemplo, não estará xingando nenhum jogador. Trata-se, apenas, do bife do pão. "Grelos?, em contrapartida, significa "folhas do nabo?. "Pica?, acredite, nada mais é do que a temida injeção dada pelos médicos. Mas quando o assunto vira piada, então é melhor tomar cuidado. "Se eu vou entrar na Bicha??, pergunta curioso o comerciante João Paulo de Araújo. "Nada disso. Isso é coisa de gaúcho lá pelos lados de Porto Alegre?, acrescenta em tom provocativo o paulista de Ribeirão Preto. Na realidade, a expressão pode até causar um certo tom negativo em um primeiro momento. Mas visto por um ângulo fidedigno, nada mais é do que entrar em uma fila.
Seja como for, em clima de Copa do Mundo, brasileiros e portugueses se entendem muito bem. Uma autêntica festa cultural marca os bastidores daquela que vai definir a melhor equipe do Grupo G do mundial. Para o Brasil, um simples empate sem gols, dá a liderança ao time verde-amarelo. Empate em 0 a 0, entretanto, em uma partida que se tem Luis Fabiano de um lado e o melhor ataque da Copa do outro, contudo, é algo que parece improvável. E se tratando de futebol, o que brasileiros e portugueses mais querem é gritar a mesma palavra. Gol.
Agora, se, eventualmente, o Dunga mandar a imprensa "tomar uma bica?, esteja certo que o gentil professor, conhecedor profundo do infinitivo português, nada mais está do que a oferecer um cafezinho aos repórteres, leitores, ouvintes e telespectadores de todo o Brasil.    

 

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