Alexandre Santos

Grande narrador e apresentador
por Marcelo Rozenberg 
 
Grande nome do jornalismo esportivo, Alexandre Santos tem sua trajetória muito ligada ao grupo Bandeirantes de comunicação.

Trabalhou como apresentador, narrador e plantonista durante muitos anos tanto na televisão quanto na rádio. Estava no canal Bandsports quando sofreu um derrame cerebral que o deixou parcialmente paralisado.

Por conta disso, foi obrigado a se afastar de suas atividades profissionais. Atualmente Alexandre reside em São Paulo, no bairro de Santo Amaro.

Sua atuação foi marcante. Seja como apresentador do programa "Gol, o Grande Momento do Futebol", ou como plantonista.
 
Nas narrações cunhou frases que os mais antigos jamais se esquecerão. Na hora do gol, por exemplo, era comum gritar "guardou". Também será sempre lembrado pelas expressões "certinho, certinho" e "tá no balaio", referência à rede.

Alexandre Santos, que foi registrado Antônio Hélio Spímpolo, é irmão de Sílvio Filho, radialista e plantonista esportivo das décadas de 70, 80 e 90. E Silvio é pai do repórter Márcio Spímpolo.

Clique aqui e vá para a página de Silvio Filho, na seção "Que Fim Levou?"


Ainda sobre Alexandre Santos, o então parceiro do Portal Terceiro Tempo, o UOL, publicou em 14 de novembro de 2012 a matéria abaixo sobre o criador de vários bordões


Afastado após AVC, Alexandre Santos diz ter 179 bordões e revela medo de usar verdadeiro sobrenome

Por José Ricardo Leite
Do UOL, em São Paulo

"Apontou, guardou!". Esse foi apenas um dos bordões utilizados na TV Bandeirantes pelo ex-narrador Alexandre Santos, 72 anos, atualmente aposentado e que apenas acompanha a nova geração e os antigos companheiros da poltrona de sua casa.
 
"Meu tempo já foi. Agora estou velhinho, velhinho. Agora fico vendo os caras trabalharem. Quero paz, tranquilidade. Quando o jogo está ruim, até mudo para um filme. É só um passatempo agora", brincou.

ALEXANDRE SANTOS HOJE

Alexandre Santos começou em 1958 na Bandeirantes e só trabalhou nesta empresa. Passou pela rádio e pela TV por assinatura BandSports. Narrou os mais diversos esportes. Teve um AVC e precisou ser afastado das transmissões.

Chegou a ficar rouco durante um tempo em razão de sequela do AVC. Passou a aparecer em pequenas gravações, mais para matar a saudade. Mas hoje diz estar muito bem de saúde e sem nenhum problema. Ainda continua a prática da natação.

TEMPOS DE BANDEIRANTES

"Há uns 12 anos eu nadava de segunda, quarta e sexta e não tinha nada. Jantava e comia bem, mas tive um AVC. Fiquei roco uns quatro anos e a Bandeirantes ficou me ajudando com tudo. Fiquei um tempo sem muito equilíbrio e passei a andar com uma bengala. Engordei 18 kg. Mas voltei a dirigir e de fim de semana vou ao meu sítio nadar. Hoje não tenho problema nenhum, nenhum. Faço natação e levantamento de peso", comentou.

Alexandre foi o idealizador do programa "Gol, o grande momento?, ainda exibido até hoje pela TV Bandeirantes e que tem apresentação de Milton Neves.

"Foi o meu grande momento, claro, com o Brasil inteiro. Passa um gol que eu narro, da turma passada, e sempre me falam. Produzi e apresentei por 33 anos e depois passei os direitos autorais para a Bandeirantes. Agora está em boas mãos, com o Milton, que é muito meu amigo. Ele tem uma condição de apresentador, improviso e disposiçãoo de trabalho que nunca vi".

Criador de bordões na TV, Januário de Oliveira enxerga com dificuldade.

Além de "Apontou, guardou!" e "Cutucou, guardou!", Alexandre diz ter idealizado outras 177 expressões ao narrar os mais diversos esportes.

"Eu gostava de criar frases. Tem também ´Ele e a  bola, o goleiro e o gol´. Tem o ´Um gol maior, vai que a festa é sua´, ´está deixando a bola quadrada´. Nem consigo lembrar todas mais. Mas eu tenho elas todas escritas e guardadas comigo. Eu tenho 179 frases que usava nas transmissões. Gostava de ousar e pensar em jargões novos.?

Alexandre Santos se chama, na verdade, Antônio Hélio Spimpolo. Mas preferiu usar este nome artístico porque acreditava que faria mais sucesso. Disse que refutou usar seu verdadeiro sobrenome pois temia que virasse alvo de brincadeiras.

"Há 46 anos, na TV Tupi, tinha um jornalista que já se chamava Antônio Hélio. Então eu tinha que usar outro, porque esse nome já existia. E o pessoal me falava: ´Spimpolo não pega, Spimpolo não pega. Com nome de Spimpolo você vai acabar virando Pimpolho. Isso ia render apelido?, falou.

"Eis que então pensei em usar um outro. Coloquei Alexandre porque era  o nome de um irmão. E quis fazer uma homenagem ao dia de todos os santos, que foi quando tive uma poliomielite e acabei me recuperando. Matou um monte, na época, essa doença. Mas eu escapei", continuou.
 
No player abaixo, ouça a participação de Alexandre Santos no "Domingo Esportivo" do dia 25 de março de 2018:
 
 
Abaixo, confira a entrevista que o Portal UOL publicou no dia 8 de dezembro de 2018:
 
Narrador parou por causa de AVC e mudou de nome para homenagear irmão morto
 

UOL Esporte

Prestes a completar 80 anos, Alexandre Santos fez história no grupo Bandeirantes de comunicação. Foram 45 anos de trabalho entre rádio e televisão na Band. E só lá. O narrador e apresentador encerrou a carreira sem passar por nenhuma outra emissora, e hoje olha para trás com muito orgulho da história que construiu. O que pouca gente sabe, porém, é que Alexandre Santos não é Alexandre Santos, e sim Antônio Hélio Spímpolo.

A mudança veio logo após entrar na Rádio Bandeirantes, quando teve o prazer de trabalhar com o lendário Fiori Gigliotti. Curiosamente, havia outro Antônio Hélio que trabalhava como locutor na Rádio Tupi, e assim, foi necessário um novo nome. Surgiu, então, a oportunidade de homenagear o irmão que havia perdido, e assim o fez.

"Alexandre é o nome de um irmão meu que morreu quando eu estava começando, e Santos por causa do dia de todos os Santos", recorda em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

"E quem me deu a primeira oportunidade foi o Fiori Gigliotti. O plantão fixo ficou doente e falaram: `e agora, quem nós vamos botar? Vamos colocar o Antônio Hélio´. Mas não podia chamar Antônio Hélio porque na Tupi já tinha um locutor que chamava Antônio Hélio, e sugeri Alexandre Santos. E fiz meu primeiro plantão com o Pedro Luiz e ele gostou e me efetivou", conta Antônio Hélio, casado há 50 anos e pai de três filhos – além de avô de cinco netos.

Em 2002, Alexandre Santos foi surpreendido com um acidente vascular cerebral. Do nada, precisou parar com a carreira depois de 45 anos ininterruptos no grupo Bandeirantes.

"Entrei no grupo Bandeirantes em 1957 e fui até em 2002, quando tive AVC e tive que parar. Faz 16 anos. Foram 45 anos de grupo Bandeirantes. Eu nadava segunda, quarta e sexta-feira fazia 30 anos, eu fazia mil metros em 34 minutos, não fumava, não bebia, pesava 60 kg, estava enxutinho, e acordei com AVC. Isso aí não tem explicação. Eu fiquei quatro anos meio sem voz, depois foi voltando devagarinho, e a Bandeirantes me bancou todos esses anos, me deu assistência médica, convênio, tudo, e até hoje eu tenho convênio, a Bandeirantes deixou para mim. É cobertura total também. Eu trabalhei 45 anos na Bandeirantes sem advertência, sem falta, sem nada, no rádio, na televisão e às vezes em publicidade. Era uma época bem diferente", lembra.

"Eu só trabalhei no grupo Bandeirantes, nunca mais trabalhei em lugar nenhum. Eu tenho muita saudade de narrar futebol pela televisão, eu gostava muito, ficava muito feliz, mas hoje eu sou conformado com o que eu fiz, foi o suficiente", acrescenta.

Os bordões: "criei mais de 50"

"Apontou, guardou". Uma das características mais marcantes nas transmissões feitas por Alexandre Santos foi a criação de bordões. Algo que, em sua opinião, é pouco feito hoje em dia.

"Eu criei mais de 50, e depois usava muito nas transmissões. Inclusive marcou bastante, alguns marcaram, mas o locutor, hoje em dia, não cria muito e eu penso que deveriam criar alguma coisa, porque tem pouca gente criando, está em falta. Depois do Silvio Luiz pouca gente tem criado alguma coisa. Hoje em dia os narradores são mais normais, tem pouca criação", diz.

"Tocou, guardou, guardou certinho, certinho, mas eu tenho muitos. Se eu falar aqui vamos demorar muito. Era só momento de inspiração, intuição. Aparecia de repente e eu usava nas transmissões. Não é fácil você colocar um bordão numa transmissão, é muito difícil você encaixar. O Osmar Santos tinha muitos, ele criou bastante", acrescenta Alexandre, que ainda vê algo de suas criações citadas nos dias de hoje por alguns narradores.

"Já ouvi muitos, muitos deles estão em evidência, mas não quero falar nada porque seria muita pretensão minha. Mas eu já ouvi `acabou o campo´, `no capricho´, `ele e a bola´, `apresentou-se´, esses são alguns", destaca Antônio Hélio Spímpolo.

LEIA MAIS TRECHOS DA ENTREVISTA

`Professor´ de Milton Neves na publicidade

Até uma vez o Milton Neves perguntou para mim: `Como é fazer publicidade´? E eu falei: `Vai num anunciante, faz amizade com ele e começa a falar bem dele´. O Milton começou e hoje é o maior vendedor de publicidade no Brasil, e também um grande amigo meu.

Gol, o Grande Momento do Futebol: o auge da carreira

Foi. Eu apresentei por 35 anos e aí parei e o Milton Neves assumiu, e até hoje está dando um show. A ideia do Gol o Grande Momento do Futebol foi minha. Eu patenteei e depois doei os direitos autorais para a Bandeirantes.

Quem são seus narradores preferidos atualmente

Eu não posso dizer isso porque seria muita pretensão minha, mas, por exemplo, eu admiro muito o Gustavo Villani, que está na Globo agora, e o Milton Leite, que está no SporTV. São, para mim no momento, os melhores locutores. O Gustavo Villani era da Fox, é um menino muito bom, vai subir muito. Dizem, inclusive, que ele vai ser o substituto do Galvão Bueno, pelo menos saiu até nos jornais, mas ele é muito novo ainda, tem 37 anos, é muito novinho, mas ele é muito bom.

Time de infância: "torcia para o Palmeiras"

Quando era garoto eu torcia para o Palmeiras, mas depois que eu virei profissional não torcia mais porque você tem que fazer Juventus x XV de Piracicaba do mesmo jeito que você faz Brasil x Inglaterra, então eu preferi não torcer mais. Depois que eu parei eu torço para o Palmeiras, o meu neto é palmeirense e ele é vidrado em todos os jogos do Palmeiras.

Paixão surgiu cedo: "narrava jogo de botão"

Eu sempre gostei de narrar jogo de botão. Tinha um clube na várzea e eu ia ver o jogo e ficava narrando com uma latinha escondido, atrás do campo, e aí eu fui pegando gosto até que eu fiz um teste na rádio Bandeirantes. Entrei em 1957 e o Fiori Gigliotti me colocou como rádio escuta no plantão, e eu fui aprendendo. Fiz plantão, depois externa, depois narrei futebol pela rádio, depois passei a narrar futebol pela televisão, e é uma carreira que eu acho muito bonita.

Por Marcello De Vico e Vanderlei Lima
Do UOL, em Santos e São Paulo

Foto: Arquivo pessoal de Alexandre Santos

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