Alberto César

Jornalista
por Nilson Zanchetta
Alberto César é um dos mais brilhantes narradores esportivos do rádio brasileiro. Ele tem um estilo próprio, diferenciado, aquele que o torcedor para e ouve tudo com muita atenção.
Sua característica é única, a qual só ele sabe fazer. É diretor de esportes da Rádio Central, que segundo o IBOPE tem a maior audiência com bola rolando entre todas as emissoras da região metropolitana de Campinas.
Alberto tem mais de 40 anos de profissão e o privilégio de ter trabalhado em duas Copas do Mundo em 1994 nos Estados Unidos e em 2006 na Alemanha. Acumula em seu vasto currículo, narração de jogos da Seleção Brasileira em Mundiais e em Eliminatórias, além de partidas de seleções consagradas como a Argentina de Maradona, Holanda de Van Basten e Ruud Gullit, Alemanha de Lothar Matheus e Klose e tantas outras. 
Natural de Mogi-Mirim, Alberto César sempre foi um batalhador nato e persistente na profissão que escolheu. A carreira começou em julho de 1970 na Rádio Cultura de Mogi Mirim-SP. Na sua primeira oportunidade narrou Mogi Mirim e Lemense pela segunda divisão do Campeonato Paulista, de lá pra cá o sucesso sempre caminhou ao lado deste talento do rádio esportivo. Trabalhou em São Paulo nas Rádios: Capital, Joven Pan, Bandeirantes e Gazeta. Em Campinas foi da Rádio Cultura, Brasil-Joven Pan, Bandeirantes e há dez anos comanda a equipe de esportes da Rádio Central
Criativo, Alberto sempre inventou bordões que caíram no gosto da galera como: ?uuuuuuffffffaaaaaa?, nooooooooooossssssaaa? uh essa falta tem o perfume do gol?, ?noooossssaa assim até eeeeeeeeeu?, sem contar os quadros nas transmissões como o ?Torcedor do Futuro, o qual homenageia todas as crianças que ouvem a transmissão e ?Vou para o Céu? onde a cada jogo recorda um profissional do rádio que já faleceu, inclusive colocando um trecho da fala do comunicador, fala esta recuperada pela emissora.
Conhecido como ?Locutor Emoção? por bugrinos e pontepretanos, Alberto também é talentoso por comandar programas esportivos de sucesso em emissoras de TV, foi assim na TV Bandeirantes em Campinas, TVB filiada ao SBT e depois a Record também em Campinas e Santos, VTV filiada a Rede TV e agora a Rede Família, onde vai comandar um programa esportivo em rede nacional.
Alberto César adora apresentar programa de televisão, é um apaixonado pelo rádio e um exímio piloto de avião. Hobby que pratica com frequência no seu próprio avião que fica no aeroporto dos amarais em Campinas
Veja abaixo uma entrevista de Alberto César, excepcionalmente para o Terceiro Tempo:
Como despertou seu interesse pelo rádio?
Quando garoto ouvia muito rádio, a Bandeirantes de São Paulo, e toda vez que convidava meu irmão para jogar botão, hoje chamado futebol de mesa, narrava as partidas como se fosse um narrador da rádio Bandeirantes. Eu acho que gritava muito nas partidas que chamei a atenção de um vizinho que um dia falou com o pai e os dois foram conversar com o diretor da rádio Cultura de Mogi-Mirim.
Quem lhe proporcionou a primeira oportunidade?
José Geraldo Franco Ortiz, o Lalo, que hoje está no Céu, Walter Abrucez, ou Walter Luiz, como é conhecido e o diretor proprietário da Rádio Cultura, Fernando Oliveira de Abreu Sampaio.
Como foi o dia da sua primeira transmissão de futebol?
Terrível. Estreei no dia 12 de julho de 1970, no jogo Mogi Mirim e Lemense, pela segunda divisão do paulista. O Lalo narrou o primeiro tempo e eu narraria o segundo. Depois de uma apresentação muito bonita, comecei a narrar. Aos 6 minutos de jogo, gritei um gol sem que a bola entrasse. Como estava orientado a gritar o gol bem comprido, para o Lalo me falar quem tinha sido o autor do gol, não desobedeci. Gritei o mais comprido que eu pude, sem olhar para o campo. Que vergonha! Quando vi o goleiro cobrando o tiro de meta, meu mundo caiu! Entreguei o microfone para o Lalo e fiquei 6 meses sem passar na rua da rádio.
Você se espelha em qual narrador?
Fiori Giglioti, o narrador da torcida brasileira. Meu primeiro e inesquecível ídolo no rádio.
Como foi possível a sua chegada ao rádio de Campinas?
Batalhei muito. Foram muitas idas às emissoras da cidade. Quantas vezes assisti ao vivo aos programas esportivos das emissoras, encostado nos vidros dos estúdios, que chamamos de aquário, e observava o trabalho dos profissionais, sonhando um dia estar ali. Mas o destino quis que de novo, Walter Abrucez, o Walter Luiz, me desse essa oportunidade. Competente, como era, Walter comandava o esporte da rádio Educadora e me fez o convite em 1978. Eu trabalhava nas Páginas Amarelas e ganhava muito bem. Larguei tudo para ganhar na rádio, mais ou menos 20 por cento. Tive que correr atrás de muitas outras coisas para completar o meu ganho.
Fale sobre alguns jogos que você transmitiu que não consegue tirar da cabeça.
Já narrei perto de 2 mil partidas, se não mais. Narrei muitas decisões, mas Santos e Flamengo de 82 no Maracanã foi marcante. Libertadores com o Guarani, Ponte e Náutico em 97, em Campinas, Guarani e Palmeiras, em 78 no Morumbi. Os jogos da Copa do Mundo de 94 nos Estados Unidos, quando fiz pela Rádio Gazeta de São Paulo, os da Copa de 2006 na Alemanha, pela Rádio Central de Campinas, que formou na rede brasileira de rádios, comandada pela Pampa de Porto Alegre. Brasil e Bolívia, em La Paz, pelas eliminatórias de 2006, quando fui o único narrador brasileiro de rádio presente naquele jogo da seleção. Todas emissoras fizeram em "off tube?. Nas cabines do estádio só dois narradores. Eu, pelo rádio e o Galvão Bueno pela TV. Nesta copa fiz jogos do Brasil, como Brasil e Austrália, Brasil e Japão e Brasil e Gana. Foi uma realização profissional!
Como foi sua ida para o Rádio de São Paulo?
Primeiro fui para o rádio de São Paulo levado pelo Alfredo Orlando, em 1980 na Rádio Capital. Depois, em 1993, fui para a Rádio Bandeirantes indicado por Flávio Araújo, que na época trabalhava no rádio campineiro. Em 94 me transferi para a Rádio Gazeta que estava precisando de um narrador para compor a equipe que iria para a Copa, nos EUA e em 1995 trabalhei na Joven Pan.
Fale sobre os profissionais que trabalharam junto com você.
Precisaria da revista todinha e acho que ainda faltaria espaço para falar dos profissionais com os quais eu trabalhei. Foram muitos e muitos bons profissionais.  Vou citar apenas cinco:
Alfredo Orlando ? caráter ilibado
Flávio Prado ? competente e brincalhão
Hélio Ribeiro ? um dos melhores do rádio
Milton Neves ? o maior nome do rádio na atualidade
Rubens Pech ? amigo, que está no céu.
Qual foi o sentimento ao saber que iria fazer a cobertura de uma Copa do Mundo?
Foi um dos melhores momentos que vivi no radio. O diretor de esportes da Rádio Gazeta Pedro Luiz, tido como o maior narrador do Brasil, me chamou na sala dele e me perguntou se eu tinha passaporte. Disse que sim, então ele me falou: "veja se está válido, porque você vai para a Copa do Mundo?. Gostaria de voltar a viver a sensação que tive naquele dia!
Qual o jogo mais marcante que você já transmitiu numa Copa do Mundo?
O primeiro do Brasil que eu transmiti: Brasil e Austrália, no Alianz Arena, em Munique, em 2006. Fiz junto com o locutor Braunner, da Pampa de Porto Alegre.
O que representa o derbi campineiro, em termos de rivalidade?
Para mim a maior rivalidade no futebol em termos proporcionais. O Grenal tem mais gente envolvida, pelo tamanho da cidade de Porto Alegre e porque no Sul todo mundo é Grêmio ou Inter, e na Bahia tem o Bavi, que vive condições iguais a do Sul, mas o derbi é algo indescritível. Eu que já narrei muitos derbis sinto sempre um arrepio quando a bola vai rolar. Tenho receio de magoar, este ou aquele torcedor. Peço sempre que Deus me ilumine para não cometer injustiças!
Como chegou a TV, quem foram os principais responsáveis?
Sady Vital era diretor da TV Band e me convidou para fazer um programa de esporte. O Esporte Total Regional. Eu já tinha retornado ao rádio de Campinas e ficou muito fácil. Anteriormente havia feito um pouco de TV, na TV Tathi. Valdenê Amorim foi quem me levou.
Você se lembra de alguma história engraçada ou curiosa que tenha vivenciado no rádio?
Inúmeras. Já contei muitas delas no rádio e na TV. A mais marcante e impressionante foi em Campo Grande, no Mato Grosso, quando vi, com esses olhos que a terra há de comer, uma mulher tomada por espíritos, segundo consta, expulsar algo do corpo dando um grito de alívio. Imediatamente um gato preto que passava na frente dela morreu na hora. Fiquei boquiaberto! A história é longa e tem muitos detalhes. Quem sabe um dia eu conto aqui.
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