A FIFA pisou na bola

Chico Santo, bastidores da Copa do Mundo-2010

Paula Vares Valentim
jornalista responsável

Chico Santo, direto da África do Sul - Se fossem seguidos a risca os critérios de exigência da FIFA adotados de forma teórica na África do Sul, a partida entre as Seleções Nacionais de Brasil e Chile, válida pelas oitavas-de-final da Copa do Mundo da África do Sul, jamais ocorreria no Ellis Park. Considerado pelo comitê de organização da Copa como um dos principais estádios do mundial de 2010, sobretudo no que diz respeito a logística,  o Ellis Park está longe de ser apresentado ao mundo como um modelo ideal de respeito ao torcedor. "Não é um estádio confortável. Não vejo nada demais em relação ao que temos em Santiago, no Chile. Na minha opinião, inclusive, o Nacional de Santiago é muito melhor do que Ellis Park. A FIFA sempre fala de campos modernos e futurísticos. O Ellis Park não tem nada disso?, afirma Carlos Fuentes, morador de Talchahuano, região atingida por um forte maremoto em março deste ano. "Se a gente comparar o Morumbi com esse estádio, o Morumbi é muito melhor. Claro que o Morumbi não tem aquilo que estamos acostumados a ver na Europa ou mesmo em outros estádios daqui, como o Soccer City. Mas perto do Ellis Park, não tem nem o que dizer. É muito melhor?, opina o torcedor Marcos Torres.  Utilizado como palco da final da Copa das Confederações de 2009, o Ellis Park foi construído no início do século passado e está situado em uma área tomada por favelas e becos sem saída. "É um estádio obsoleto, velho, sem conforto, sem bolsões de estacionamento, sujo e feio. Não sei porque uma partida de tanta importância, como essa, um jogo de quartas-de-final não foi marcado para o Soccer City?, diz o paulista Carlos Henrique dos Santos.
Não por acaso, a própria polícia, encarregada pela segurança do terminal rodo-ferroviário da cidade, em Park Station, não aconselha a presença de turistas na região. O estádio está simplesmente em uma das áreas mais perigosas de Johannesburgo. "Não é seguro. Se você não tem o que fazer lá, não vá. O risco de roubo é grande, principalmente, a estrangeiros que não estão acostumados a andar no bairro e podem se perder facilmente?, diz um dos agentes de segurança que pede para não ter o nome revelado.
Quem arrisca dar uma volta a pé pelo local externo, de cara, enxerga aquilo que a FIFA não viu ao dizer que o Morumbi não estava apto para receber uma partida de Copa do Mundo e conceder ao Ellis Park o título de um dos principais estádios do mundial de África do Sul. Basta dizer que o Ellis Park, não possui nenhuma grande avenida para facilitar o trânsito de veículos. Ruas estreitas, becos em forma de labirintos e problemas de calçamento fazem com que veículos e pedestres disputem de forma desorganizada cada espaço das ruas.
 Os muros pichados e o resto de lixo entulhado pelas esquinas de acesso ao estádio dão ao lugar uma sensação de abandono e miséria. Somado a tudo isso, na cara da maior entidade do futebol, a poucos metros dos portões principais do Ellis Park, os ambulantes fazem da pirataria uma afronta aos patrocinadores oficiais da Copa do Mundo. Bolas, agasalhos esportivos, camisas de seleções e objetos com o logo da FIFA são comercializados livremente entre os sul-africanos. Em outras palavras, o Ellis Park é um claro exemplo de estádio que não obedece a lista de encargos e exigências da FIFA. Pelo menos, para quem quer enxergar.

 

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