Para entender São Paulo, Bela Vista é a pista! A Cidade-Estado é sintetizada no Bixiga da nação Vai-Vai!

Para entender São Paulo, Bela Vista é a pista! A Cidade-Estado é sintetizada no Bixiga da nação Vai-Vai!

 
 
Vai-Vai é São Paulo em preto e branco
 
O cantor, compositor e intérprete Thobias já foi presidente, é atualmente vice-presidente, mas tem seu nome marcado mesmo na história como a voz que, por muitos anos, puxou a Saracura; focando na Vai-Vai, Fernando Capuano conseguiu documentar a história de São Paulo e também (e não somente) do samba paulistano: "Vai-Vai, 80 Anos Nas Ruas" já nasce clássico, ou cult, como preferem os moderninhos - Crédito: José Antonio Purcino/Divulgação
 
 
O documentário de Fernando Capuano “Vai-Vai: 80 Anos Nas Ruas” cumpre bem o papel de contar a história do time de várzea Cai-Cai, equipe que virou o cordão Vai-Vai , que posteriormente virou escola de samba, que hoje é a recordista de títulos do carnaval paulistano.

A forma como o nome “Cai-Cai” foi se transformando até virar “Vai-Vai” é contada (de memória, por crianças da nova geração de componentes da Vai-Vai) é tão saborosa como a própria história em si, mas o filme não é apenas informação e entretenimento para sambistas apaixonados pela escola do povo de São Paulo*.
*Nota do blogueiro: SÃO PAULO: “Sampa” é algo que jamais será ouvido da boca de um paulistano em referência à sua cidade!

Em uma batida alegórica, ora acelerada, ora cadenciada, à “Pegada de Macaco”, “Vai-Vai: 80 Anos Nas Ruas” é a própria história de São Paulo. Colorida em preto e branco, tendo a escola alvinegra como personagem, a cinza metrópole é explicada e sintetizada.

Não vou aqui ficar falando sobre luz, contraluz, fotografia, pós-produção, mixagem, edição e outras paradas técnicas porque (com todo o respeito aos frequentadores do Shopping Frei Caneca, onde o filme será exibido, e sem preconceito nenhum) cascata tem limite, não manjo nada disso e tenho um nome a zelar (que, claro, vem de ZL): aqui é Curintchá! O que importa, para o público, é que o bagulho ficou doido! Da hora, como eu dizia nos tempos de “tem afoxé, feitiçaria, devoção na escadaria” e hoje, nos tempos de “Saracura a cantar bem mais feliz, simplesmente Elis”, diz o meu Basa.

O fato é que, intencional ou não, não é um filme sobre a Vai-Vai ou para quem é simpatizante da Vai-Vai. Ou melhor, também é. Mas não é só isso. O que já seria muito. Mas é muito mais. É um filme tanto para o “paulistano-mano”, maloqueiro, quanto para o “paulistano-orra, meu”, filho de estrangeiro. Na verdade, os dois são o mesmo paulistano. Que é único, como cada componente da Vai-Vai é único e cada um, ao seu jeito, personifica o paulistano, seja ele negro, italiano ou baiano.

De forma leve e (quase) sem querer, tal qual um estratégico decote, o filme é um recorte que mostra a São Paulo bandeirante, a São Paulo imigrante, a São Paulo escravocrata, a São Paulo que é de todos ao mesmo tempo que é de ninguém.

O Bixiga (bexiga é balão de aniversário) é a periferia no centro. É a casa-grande que abre alas para a senzala. É a boêmia operária. É o trabalho do malandro. É o lazer do bacana. Vai-Vai é Bixiga, Bixiga é Vai-Vai. Não tem gueri-gueri, Vai-Vai é o sorriso negro, bello. É o pico dos trutas, cazzo. É o paulistanês macarrônico.

“Se Mooca é Mooca, o resto é bairro”, para entender São Paulo, Bela Vista é a pista! Cidade-Estado, a gigante São Paulo (jamais um paulistano usa a expressão Sampa!) é melhor compreendida e sintetizada conhecendo o Bixiga da nação Vai-Vai! Está lá toda história política, econômica, gastronômica e até religiosa de São Paulo! E todas elas estão em “Vai-Vai: 80 Anos Nas Ruas”.

A mítica Vai-Vai é o sincretismo da Nossa Senhora Achiropita com o terreiro do pai Francisco de Oxóssi. A Vai-Vai é a cara da Bela Vista, que é a protagonista de uma São Paulo vivida, narrada e amada em primeira pessoa tanto pelo Sol da Vai-Vai, negrão e boêmio, quanto por Zuccaro, comerciante, filho de imigrante. A São Paulo da fartura e da fome, a São Paulo do macarrão da negritude, da feijuca à italiana.

Vai-Vai é maestro, é João Carlos Martins, é a quinta sinfonia de Beethoven; Vai-Vai é da esquerda, do destro, é de quem faz batuque até no quinto dos infernos.

Ocupação de espaços. O povo, à luta, da quadra, à rua. A Vai-Vai, como São Paulo, não conhece limites. Já se fez samba à luz da lua, hoje é só arranha-céu. A essência, cosmopolita e miscigenada, segue intacta. O Saracura secou. Bem antes do Cantareira. A Vai-Vai lá como cá segue banhando São Paulo, afluente influente que dita e identifica o ritmo da metrópole. A tela expressa o que o paulistano tem impresso no peito.

Com valor documental e literário, o clássico “Brás, Bexiga e Barra Funda”, de Antônio de Alcântara Machado, é uma coletânea de textos obrigatório para quem ama literatura, história e São Paulo. Atual e atemporal, “Vai-Vai: 80 Anos Nas Ruas”, na linguagem cinematográfica, chega no mesmo ritmo. Já nasce clássico. Cult. Quem nunca viu São Paulo amanhecer, vai no Bixiga pra ver! Corre para o cinema ver São Paulo amanhecer, anoitecer, acontecer.

Não sou crítico de cinema. Nem sequer sou Vai-Vai. Vertebrado e descoordenado, não batuco nem caixa de fósforos. Sou apenas um cara latino-americano sem dinheiro no bolso e com amigos importantes como o preto Paulo Valentim e o branco Maurício Coutinho, ambos tricolores na bola, alvinegros no samba. Sempre aprendo com eles, afinal o freguês sempre tem razão...

E, desde a última segunda, quando assisti à pré-estreia, uma frase solta no filme, se, não em engano, dita na voz do Mestre Tadeu, fica indo e vindo no meu cérebro, tun-dum, tun-dum, fazendo eco, reco-reco, como um surdo de primeira que diz e é respondido pelo surdo de segunda: “Quem não é Vai-Vai morre de vontade de ser”.

“Quem não é Vai-Vai morre de vontade de ser.” Meia verdade. Até porque todo paulistano, ainda que não goste de samba nem saiba disso, é um pouco Vai-Vai. Eu tenho enorme carinho pela Vila Maria, mas sou a alvi-rubro da ZL, Leandro de Itaquera, mas, se já era um pouco, e era mais do que um pouco desde muito novo, agora sou ainda muito mais Vai-Vai.

Ruiz, por descendência espanhola materna, e Guedes, por parte transmontana paterna, tenho algo de italiano bem longe, já que minha parmerense nonna Cida era “Cantarelli”. E branquelo de olhos claros (azuis porque aqui não tem nada verde!), acredito que parentes negros só os escolhidos pelo coração. Mesmo assim, como todo paulistano, a Vai-Vai está no meu DNA. Quem não tem uma vó como Dona China? Uma tia como Odete? Um parceiro de copo como Sol? Uma musa para fantasiar à Valquíria Ribeiro? Um camarada engraçado e carismático como mestre Bocão?

Se o futebol de São Paulo, apesar do nome da cidade, tem no dérbi Curintchá x Parmera a sua mais rica, emblemática e história tradição, o samba de São Paulo tem na Vai-Vai, uma espécie de Corinthians e Palmeiras somados, a sua melhor tradução sambística. Sem dizer, “Vai-Vai: 80 Anos Nas Ruas” diz tudo isso.

Que o diretor Fernando Capuano não me escute mas o grande mérito do seu filme é, goste-se ou não de samba e de carnaval, fazer todo paulistano descobrir-se um pouco Vai-Vai. E, mais ainda, todo brasileiro se enxergar um pouco paulista. Da Bela Vista! Como eu, nascido no saudoso hospital Matarazzo.
 
O jornalista Vitor Guedes com o amigo Paulo Valentim, são-paulino, presidente da Velha Guarda da Vai-Vai, embaixador, cidadão samba e maior referência do blogueiro no mundo do samba
 
PS Da elegante e equilibrada série “jornalista que não corneta é como meretriz que se higieniza com lenço umedecido após o sexo oral, o popular basquetinho, não serve para nada”, não seria eu se não desse uma espetadinha... Então, vamos lá: dos 90 minutos, aprovo uns 87. Ao contrário das sonoras com Alcione e Beth Carvalho, também mangueirenses, achei o depoimento de Ivo Meirelles completamente desnecessário, chato e que não acrescenta nada ao filme. Na boa, poderia usar esse tempinho com imagens da Ivi Mesquita: senti a falta da musa explosão que é a cara de São Paulo e a cara da Vai-Vai. Isso que é Bela Vista, com todo o respeito ao mala do Ivo Meirelles, que, ainda por cima, está afundando a “minha” Verde-E-Rosa. 
 
 

Ficha técnica do Filme "Vai-Vai: 80 Anos Nas Ruas

Quando, onde? De 26 de fevereiro (nesta quinta) até 4 de março, somente no Espaço Itaú de Cinema (Shopping Frei Caneca), sempre e só na sessão das 18 horas. 

Quanto? Vintão! Cliente Itaú e estudantes, pagam meia: dezão!

Duração 90 minutos (o popular uma hora e meia)

Diretor Fernando Capuano

Conceito do Blog do Vitão Bem louco! (esse negócio de dar estrelinha é coisa de periguete que trampa no planetário: aqui é Curintchá!)

É campeão! “Melhor Documentário Brasileiro - Prêmio do Público” na 35ª Mostra Internacional de Cinema de SP em 2011 

Página oficial do filme no Facebook: aqui

 

Medicina alemã, microfisioterapia francesa, ala das baianas
 
Se o Bixiga hoje é só arranha-céu, a Vai-Vai não é só escola de samba. É, também, escola de vida. Que procura passar ensinamentos para a sua comunidade, dentro do possível, viver em harmonia.
 
E quem conhece e frequenta escola de samba, seja ela qual for, sabe que não tem grupo mais querido e bem quisto pela comunidade do que a ala das baianas.
 
Na Vai-Vai, essa máxima é sublinhada.
 
Tecnicamente, é complexo para explicar, mas, quem pode, vale presenciar: A fisioterapeuta e professora de educação física Rogéria Botelho Quirino, voluntária da ACM (Associação Cristã de Moços), entidade próxima à sede da Vai-Vai, comandou um trabalho muito legal com as senhoras da ala das baianas da Vai-Vai e também com os harmonias, rapaziada que comanda a escola.
 
Através de palestras e ginástica laboral, Rogéria, utlizando técnicas da medicina germânica com microfisioterapia francesa, trabalhou a saúde e a mente dos componentes, atuando preventivamente contra dores e contusões físicas ao atacar a baixo autoestima e outros problemas de ordem emocional.
 
"O Claudio Norberto, o Thobias e o pessoal da dirtoria da escola conheceram o nosso trabalho e resolvemos desenvolver um trabalho com as baianas e com os harmonias sobre conflitos emocionais para evitar dores musculares. Através da microfisioterapia, investigamos a memória celular e descobrimos as zonas que vão ter algum tipo restrição", contou.
 
Se é difícil entender as mulheres, velho, imagine uma belíssima fisioterapia que fala baseando no francês e no alemão? Da série "os manos piram", o "Alemão" aqui viajou. O que deu para entender é que funcionou e que as baianas adoraram. O trabalho deu tão certo que continuará. 
 
Rogéria Botelho Quirino, fisioterapeuta e professora de educação física, misturou técnicas de medicina alemã com técnicas francesas de microfisioterapia para cuidar da saúde física e mental das baianas e da rapaziada da harmonia da Vai-Vai. Crédito: Vitor Guedes
 
 
 
 
 
 
 


 Ou o Tricolor mata a zebra, ou vira a baba do Grupo 2!

 
Vamos botar lenha nesse fogo, vamos virar esse jogo, que é jogo de carta marcada, o nosso time não está no degredo, vamos à luta sem medo, que é hora do tudo ou nada... Alô, povão, agora é fé! A derrota para o Corinthians (combinada com o triunfo do San Lorenzo, no Uruguai) não dá outra opção ao São Paulo que não seja vencer o Danubio, no armagedônico horário de depois do BBB, no Morumbi: ou o Tricolor ganha da galinha morta da chave, ou, em caso (improbabilíssimo) de derrota, o Tricolor ressuscita o adversário e ele próprio vira a quarta força do Grupo 2 da Libertadores.
 
O jogo é hoje, chegou o dia, “é quarta-feira”, como os são-paulinos cantaram em Bragança, no pega que antecedeu o vareio de Itaquera, e voltaram a fazer no último sábado, usando a partida contra o Audax para cobrar os primeiros três pontos na competição continental. Quando foi conhecida a chave, ficou claro tanto para San Lorenzo quanto para Corinthians e São Paulo que não se poderia perder pontos para o Danubio. Especialmente em casa! O que era teoria, após a primeira rodada, virou fato para o São Paulo.
 
Que dá para ganhar do Danubio, no Morumbi, é óbvio. Mas do que isso, o Tricolor é o favorito. No entanto, vai ter de jogar um pingo de bola, algo que, registre-se, não fez nem na Vila, nem em Itaquera, nos únicos dois jogos dignos de nota que fez na temporada. O Danubio não é uma potência nem tem a camisa de um Peñarol ou de Nacional, mas também não é inexistente tática e tecnicamente como o Audax.
 
Muricy, certamente, não repetirá as bobagens que fez na derrota contra o Timão. Resta saber se Ganso, Luis Fabiano e companhia, que foram omissos na ZL, também responderão.
 
Vamos, São Paulo!
 
Libertadores
 
Assim como o São Paulo, o Galo joga a vida em casa. E, a exemplo do Tricolor, sobreviverá. E o Cruzeiro, que ficou devendo muito na edição passada, quando era mais forte, estreia fora de casa em condições de vencer.
 
Palpites
 
Atlético-MG 2 x 0 Atlas
 
São Paulo 2 x 0 Danubio
 
Universidad de Sucre 0 x 1 Cruzeiro
 
Estudiantes 2 x 0 Barcelona
 
Liga dos Campeões
 
 
Manchester City: cascata!
 
A grana fez com que o time brigasse dentro da Inglaterra até com o rival United, mas, no cenário europeu, na comparação com gigantes como o Barça, a camisa do Manchester City impõe tanto respeito quanto um poodle como cão de guarda. Com a derrota, em casa, por 2 a 1, o City já deu adeus à Liga dos Campeões nas oitavas de final: não precisa nem viajar para Barcelona!
 
Atlético de Madrid bem na fita
 
Apostando na marcação e na letal bola parada, o Atlético pode arrancar um bom resultado em Leverkusen para confirmar, em Madri, a passagem às quartas de final da Liga dos Campeões (“Champions League” é fronhice de colonizado fanático que chama biscate de “easy woman”).
 
Palpites
 
Bayer Leverkusen 1 x 1 Atlético de Madrid
 
Arsenal 2 x 0 Monaco
 
Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na web! É nóis na banca! É nóis na facu (FAPSP)!

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