Não há críticas por deficiência técnica. Todos os relatos têm o mesmo tom

Não há críticas por deficiência técnica. Todos os relatos têm o mesmo tom

Dassler Marques, Guilherme Palenzuela, Pedro Lopes e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

Não há problemas de inimizades. O grupo não está rachado. Mas há um incômodo. Neste momento, duas linhas de pensamento dividem o elenco do Corinthians entre os jogadores que fizeram parte do título mundial, somados aos mais experientes, e os jogadores que chegaram ao clube neste ano, menos rodados.

O que o goleiro Cássio quis dizer com a bronca em parte do time logo após a eliminação diante do Atlético-MG foi, segundo relatos de diversas pessoas que vivem o dia a dia do clube, que alguns dos jogadores contratados em 2014 não atendem ao mesmo nível de exigência e nem encaram o Corinthians com o mesmo comprometimento dos que estão há mais tempo no clube.

O diagnóstico da divisão de pensamentos e do incômodo dos veteranos é feito por membros da comissão técnica e estafe de alguns dos jogadores. Ao deixar o gramado do Mineirão, depois de sofrer a derrota por 4 a 1 do Atlético-MG, Cássio afirmou à TV Globo: "Tem gente que não está preparada para jogar no Corinthians". Segundo relatam as pessoas ouvidas pela reportagem, o pensamento não é exclusivo do goleiro. Aqueles que trabalharam com Tite até 2012 pensam o mesmo e cobram mais comprometimento. Para estes, alguns dos jogadores que foram contratados em 2014 não parecem demonstrar a mesma gana de conquistar os objetivos traçados.

Não há críticas por deficiência técnica. Todos os relatos têm o mesmo tom: diferença de atitude entre os veteranos e os recém-chegados. O cuidado, principalmente de membros da comissão técnica, é em explicar, também, que não há racha no grupo, não há uma parte contra a outra. Há um incômodo e uma cobrança.

Apesar da bronca pública, Cássio pediu desculpas aos companheiros ainda nos vestiários do Mineirão pelo que havia dito ao deixar o campo. Em São Paulo, ouviu repreensão da comissão técnica. Não pelo teor da crítica, mas pelo modo como foi feita. A avaliação é que o goleiro, um dos líderes atuais do elenco, tem de cobrar internamente, e não em público.

A sexta-feira do Corinthians, um dia após voltar para São Paulo e fazer treino fechado, sem imprensa, foi de protestos. Uma manifestação pacífica, que pediu a demissão de Mano Menezes, pressionou o presidente Mario Gobbi e criticou todos os jogadores à exceção do peruano Paolo Guerrero, aconteceu no portão do CT Joaquim Grava durante o fim da manhã e o início da tarde. Não houve contato próximo dos torcedores, membros de organizadas, com os atletas.

No fim da tarde, no entanto, membros da Gaviões da Fiel foram recebidos por Gobbi no Parque São Jorge, sede social do clube, para uma reunião. Cobraram a saída imediata de Mano Menezes – o técnico, cujo contrato se encerra no fim de 2014, revelou que colocou o cargo à disposição do presidente após a eliminação na Copa do Brasil. Gobbi, porém, garante a permanência até o fim do vínculo.

O nível de exigência do elenco é tema tratado por Mano desde o início do ano. O treinador deixou claro em outros momentos, anteriormente, que o principal para reformular a equipe após o péssimo início de ano, com crise e invasão do CT, foi fazer os jogadores entenderem que o comprometimento tem de ser maior. Agora, a nova eliminação fez aparecerem as ressalvas que ainda incomodam o Corinthians internamente. No próximo domingo o time encara o Internacional, no Beira-Rio, em Porto Alegre, pelo Brasileirão.

Foto: UOL

Últimas do seu time