A primeira vez que vi Vanderlei (o terceiro da esquerda para a direita), em 2007, em evento da Federação Paranaense de Futebol

A primeira vez que vi Vanderlei (o terceiro da esquerda para a direita), em 2007, em evento da Federação Paranaense de Futebol

Em maio de 2007 fui contratado para apresentar a festa de encerramento do Campeonato Paranaense de Futebol.

A zebra Paranavaí de um tal goleiro grandão chamado Vanderlei e do técnico Amauri Knevitz foi a campeã.

Uma bonita festa no gigantesco restaurante “Madalosso”, de Santa Felicidade, o histórico centro gastronômico da europeia capital do Paraná.

Foi emocionante porque foi a segunda vez que fui até o famoso “Madalosso”.

 Em 2007, no restaurante "Madalosso", em evento da Federação Paranaense de Futebol: Milton Neves, Raul Plassmann, Dionísio e Sicupira

Lá, em 1971, como repórter da Rádio Colombo, fui convidado pelo meu primo de segundo grau, Dr. Adônis Galileu dos Santos, advogado de Muzambinho radicado até hoje em Curitiba, e jantei com ele e com outros 60 advogados formandos da turma da Faculdade de Direito do Paraná de 1971.

Entrei de “sapo”.

Entrei, sentei e quase desmaiei.

Nunca tinha visto um restaurante tão grande, tão lotado e com um batalhão de garçons rodando a 200 km/h levando suas enormes travessas de frango, arroz, macarronada e bolinho de carne a todas as mesas.

Era um jantar de comemoração e eu, um “intruso”, me limitei a ir comendo devagar enquanto os novos doutores bebiam e falavam alto de seus planos, escritórios montados, os clientes e suas áreas preferidas de atuação.

Logo, virei surdo.

Só pensei em comer, comer e comer.

E comi, comi e comi.

De repente, “ouvi um silêncio” naquela mesona.

Garçons e os jovens advogados formados, assustados, incrédulos, pararam um instante de comer, beber e conversar e ficaram todos de boca aberta e de olhos arregalados a me observar.

É que eles não estavam acreditando no que viam: como um grandão daqueles poderia estar comendo tanto?

Mas, explico.

Em Curitiba, em 1971, passei fome e frio.

Muita fome e muito frio.

Morava em pensão com 18 sonhadores lotéricos muzambinhenses em apartamento na Rua Duque de Caxias, 47, primeiro andar, onde cabiam no máximo nove pessoas.

 Fachada da pensão em que morei em Curitiba, em 1971. A foto é de janeiro de 2017

E dormia num deitado e velho sofá de napa sem “pega” de fixação de um ralinho lençol de minha mãe.

À noite, 1°C ou -2°C, uma mexidinha e seu pé tocava na napa gelada e aquilo era como um espeto vermelho de brasa queimando sua perna.

Voltando ao “Madalosso”, os advogados riram muito de mim, mas dei uma de “migué” e logo eles retornaram à justa comemoração da formatura.

Mas nunca esqueci daquilo.

E naquele maio de 2007, antes da festa que ia apresentar, andei pelo restaurante, imaginei mais ou menos onde era minha mesa de 1971 e fui até a cozinha.

Inacreditável, se ninguém mata tanto porco como Chapecó-SC, “Madalosso” é o restaurante que mais abate frango no planeta.

Bem, fiz o evento, casa lotada, estive com Raul Plassmann, com Dionísio, com Sicupira, com o então árbitro Evandro Rogério Roman e com os jovens Henrique, hoje no Flu, Keirrison, já sendo badalado, o treinador Amauri Knevitz, do Paranavaí, e com o magrelão do goleiro Vanderlei.

Minha foto com Henrique e Keirrison trouxe para São Paulo e coloquei no “Terceiro Tempo” da Record, em rede nacional, na primeira aparição deles.

 O zagueiro Henrique, Milton Neves e o então badalado Keirrison 

Para o Vanderlei, disse: “Você é grandão, feião, parece o Rodolfo Rodríguez, vá para o Santos e jogue como ele”.

“Coitado de mim, nunca poderei ser tudo isso”, respondeu olhando para o chão.

E não é que hoje ele vem se destacando tanto que está cogitado pela seleção?

E quarta-feira, contra o Palmeiras, ele foi um Rodolfo Rodríguez sim, senhores, em 101.07%.

Viu, Tite?

 Vanderlei, então goleiro do Paranavaí, recebendo a sua "Chuteira de Ouro". Eu estava bem atrás, encoberto pelo próprio goleiro

E o Roberto de Andrade?

Passou por maus momentos, tentaram até “Dilmá-lo”, quase caiu, mas se levantou e fez dois golaços de bicicleta: Carille e Jô!

Não acreditava em nenhum dos dois.

Errei feio e adorei.

Como corintiano e comunista convicto, apoio sempre à justa distribuição de chances, de forças e de remuneração por faixas profissionais.

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