Se a CBF já existisse no tempo da Inconfidência Mineira, certamente hoje não seria feriado, pois o julgamento de Tiradentes ainda sequer teria acontecido

Se a CBF já existisse no tempo da Inconfidência Mineira, certamente hoje não seria feriado, pois o julgamento de Tiradentes ainda sequer teria acontecido

Se a CBF já existisse no tempo da Inconfidência Mineira, certamente hoje não seria feriado, pois o julgamento de Tiradentes ainda sequer teria acontecido.

Exagero meu? Será? Penso que não seja difícil imaginar a confusão que seria o ano de 1792 com a existência da CBF. Para começar, nunca saberíamos da existência de Joaquim Silvério dos Reis, possivelmente algum apadrinhado da presidência da entidade.

Também não é difícil supor o clima de “enforca, não enforca” instaurado em torno do pescoço do pobre Joaquim José da Silva Xavier, diante de liminares e cassações das mesmas.

Não sei se a vergonha mata. Se matasse, a CBF deveria passar a se chamar Cemitério Brasileiro do Futebol. Sim, CBF, cuja sigla, se traduzida para o italiano seria algo como Così, Brasiliani Fottuti.

Se o futebol brasileiro está uma vergonha sabemos que quem se deve. Não é preciso ser Sherlock Holmes para descobrir. E, pensando bem, talvez nem Sherlock conseguir desvendar o mistério de tanta incompetência. Não porque não fosse capaz de deduzir. Isso ele o faria. Mas não iria conseguir relatar, pois momentos antes do relato um fiscal da justiça lhe entregaria um papel, que o faria calar. E quando perguntado pelo seu fiel escudeiro o porquê do silêncio, apenas diria: “É liminar, meu caro Watson”.

Sexta-feira passada, sexta-feira da Paixão, dia em que recorda a morte de Jesus, a Portuguesa de Desportos, iniciando a disputa pela Série B, com pouco mais de 10 minutos de jogo sai de campo, segundo ela, em obediência a uma liminar que acabar de ser entregue. Ironia isso acontecer com a Portuguesa, numa sexta-feira da Paixão. Justo ela que até hoje ainda não sabe quem foi o seu Judas no caso do jogador Héverton.

Ao sair de campo, a Portuguesa ajudou a promover a Sexta-feira da Paixão do futebol brasileiro, segundo as normas da CBF.

Porém, ontem, Domingo de Páscoa, dia em que se celebra no mundo cristão a ressurreição de Jesus, o futebol brasileiro continuou morto. Talvez os únicos a ressurgirem dos mortos tenham sido São Paulo e Fluminense. Já Santos, Corinthians, Botafogo, Flamengo e companhia permaneceram em seus túmulos. E haja Josés de Arimateias.

Enfim, penso que a CBF esteja para o futebol brasileiro, assim como um iceberg esteve para o Titanic; a bomba A para Hiroshima; Beijinho No Ombro para a música brasileira.

Mudando de assunto, não posso terminar sem antes falar da importante voz do esporte que sábado se calou e o quanto sua perda veio calar fundo em nós todos.

A única vez que estive com Luciano do Valle foi numa gravação de A Praça é Nossa. Luciano iria fazer o quadro da Fofoqueira [a comediante Maria Tereza] e quem o escrevia era eu. Naquela época, toda pesquisa era complicada. Ainda não havia o Google. Aliás, não havia sequer a internet.

Quando Luciano chegou ao velho Teatro Sílvio Santos quis saber quem havia escrito o texto. Mandaram me chamar. Sempre muito gentil e divertido, Luciano me dizia estar surpreso por eu haver posto no texto sobre suas paixões: a Ponte Preta, o avião e o basquete. "Estou com medo de você. Como descobriu essas coisas?", perguntou. Respondi usando uma frase da personagem da Fofoqueira: "Soube de fontes fidedignas". Ele deu uma boa risada. "Que bom eu poder revelar tudo isso. Muito bom, muito bom, muito bom..."

Vá com Deus, grande Luciano. E saiba que o tempo em que pudemos estar com você, durante suas incríveis narrações, foi todo ele sempre também muito bom, muito bom, muito bom...

E-mail da coluna: magajr04@hotmail.com

Foto: UOL

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