Entrevista do jornalista Maurício Sabará realizada no Círculo Militar de São Paulo

Entrevista do jornalista Maurício Sabará realizada no Círculo Militar de São Paulo

MAURÍCIO SABARÁ: Nely, conte o porquê o Tiro com Arco passou a fazer parte da sua vida.
NELY ACQUESTA: Pratico tiro com arco há 12 anos, ou seja, desde 2004, junto com o meu marido, filha e alguns amigos. Inicialmente foi tudo uma brincadeira, fizemos o curso durante seis meses e depois fui convidada para participar de um campeonato. Como fomos muito bem, percebi que deveria continuar e de lá pra cá não parei mais.

MS: Quais são as origens do Tiro com Arco e quando passou a ser considerado oficialmente como esporte?
NA: No período medieval já era utilizado como arma de defesa. Por ser muito utilizado em guerras, fez com que o esporte surgisse.

MS: Quando o esporte chegou ao Brasil? Teve rápido desenvolvimento em nosso país?
NA: Chegou por aqui mais ou menos em 1950. No Brasil nunca tivemos um desenvolvimento rápido como em outros países. Europa, Estados Unidos e algumas nações orientais continuam sendo muito fortes. Em nosso país o processo ainda é bem lento.

MS: Como você vê o futuro do esporte no Brasil?
NA: O Tiro com Arco, como qualquer outro esporte, depende muito do governo, dos dirigentes que precisam ver a modalidade como uma situação bacana, algo que dependeria deles.

MAURÍCIO SABARÁ: Michelle Acquesta, cite resumidamente as regras do Tiro com Arco.
MICHELLE ACQUESTA: Nossa principal prova é conhecida como Outdoor, que é composta por dois rounds, cada um com 36 flechas, 6 em cada série, então temos 4 minutos para atirá-las, tanto no primeiro quanto no segundo round. Entre um e outro temos de 10 a 15 minutos de intervalo para nos alimentarmos e depois voltamos a competir. Essa é a classificatória. Após isso vem o Combate, que é feito em uma chave de mata-mata, primeiro contra o último, segundo contra o penúltimo, até chegarmos às semifinais e final. No alvo atiramos 70 metros o Recurvo e 50 metros o Composto. A altura do primeiro alvo é mais ou menos um metro e meio, estabelecido do 0 até o 10. E o segundo do 10 até o 16.

MS: Os países mais destacados são os europeus ou tem outros que são forças no esporte? Mencione as principais potências.
MA: Os asiáticos estão muito fortes, com os coreanos no topo e alguns japoneses. Claro que os Estados Unidos também, junto com a Europa, que destaco principalmente a França.

MS: Quem você considera o grande nome do Tiro com Arco na atualidade e em todos os tempos?
MA: Quem está fazendo nome é o Brady Ellison, um americano no Estilo Recurvo. Na modalidade feminina destaco a sul-coreana Ki Bo-bae. Em todos os tempos destaco a também sul-coreana Kim Jin-ho.

MS: As mulheres conseguem praticar com a mesma eficiência dos homens, tendo você e sua mãe como exemplos?
MA: As dificuldades são iguais, conseguimos praticar na mesma intensidade. O diferencial é que os homens têm mais força e o arco pode ter mais potência. As condições são as mesmas.

MS: Onde você indica a prática do Tiro com Arco no Brasil? É bem acessível para todos?
MA: Sou de São Paulo. Aqui temos muitos clubes que podem ser vistos em nosso site. Acredito que no Rio de Janeiro e Minas Gerais, que possuem grandes federações, haja vários lugares para praticar.

MS: Michelle, você é arqueira como a mãe. Conte sua trajetória no Tiro com Arco e se foi mais fácil praticar por já vir de família.
MA: Na realidade começamos o esporte juntas, fizemos o curso no mesmo estande. Comecei por causa dela, pois achei interessante. Meu pai também participou, mas só nós duas começamos a competir e desde 2004 prosseguimos, ou seja, já faz 12 anos.

MS: Comente sobre sua participação nas Olimpíadas do Rio. Como foi o seu desempenho e dos outros atletas?
MA: Participei de todos os processos seletivos, desde janeiro treinando no Rio. As equipes foram compostas por quatro mulheres e quatro homens. Treinamos juntos, mas no final fiquei como reserva.
Quanto ao desempenho dos brasileiros nas Olimpíadas, o feminino no classificatório não teve o desempenho esperado. No Combate tivemos uma grande participação da Anne Marcelle, passando de duas chaves e chegando as oitavas de finais, algo muito importante que aconteceu pela primeira vez para o Brasil. E no masculino o Bernardo Oliveira passou a primeira fase, mas acabou perdendo no 16, o que já foi um grande passo.

Nely, Maurício e Michelle

Nely Acquesta

Michelle Acquesta

Nely Acquesta e Michelle Acquesta (mãe e filha)

Nely, Maurício e Michelle

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