Do UOL, em São Paulo

O Barcelona venceu o Eibar por 3 a 0 neste sábado, pelo Campeonato Espanhol, com show de Lionel Messi e Neymar. Um gol e uma assistência para cada um. Mas a mais importante mudança da temporada para o clube, que deveria ter acontecido logo de início em julho, acontecerá agora: a entrada do atacante uruguaio Luis Suárez, que custou 81 milhões de euros (R$ 240 milhões) para sair do Liverpool (ING). A suspensão pela mordida em Chiellini durante a Copa do Mundo acaba agora, e ele irá estrear, no próximo sábado, no clássico contra o Real Madrid, no Santiago Bernabéu. Mas o que isso muda no Barcelona?

Muda muito. Muda para Messi e Neymar, muda o comportamento da equipe e muda para outros jogadores que atuarem pelo lado direito no campo, no qual o uruguaio deverá entrar. O Barcelona ainda joga na terça-feira, contra o Ajax (HOL), sem o uruguaio, mas terá a partir do próximo sábado o tão sonhado trio de ataque. Quem perde a posição é Pedro, que mesmo sob a sombra de Suárez não conseguiu render mais que o esperado.

Mais gols

Luis Suárez fez 31 gols na última temporada pelo Liverpool, marca recorde no Campeonato Inglês. Pelo Barcelona, atuando em 17 jogos a mais que o uruguaio, Pedro fez 19 gols. Média de 0,35 gol por jogo contra 0,83 gol por jogo, de Suárez. Mais do que o dobro de eficiência do uruguaio em marcar gols.

Pedro hoje é quem forma o trio com Neymar e Messi. É o ponto discreto do setor ofensivo do Barcelona. Funciona como um operário, com aplicações táticas intensas, por vezes se sacrificando para ocupar espaços. Mas é óbvio: não é um craque. Suárez, por sua vez, é um craque, e agora caberá ao técnico Luis Enrique trabalhar com três goleadores. Neymar, pela primeira vez em sete anos, ameaça a hegemonia de Messi como artilheiro do Barcelona. O brasileiro tem nove gols, contra oito do argentino.

Menos Daniel Alves

O entrosamento entre Pedro e Daniel Alves após tantos anos no Barcelona é o que permite ao lateral brasileiro tanta liberdade para atacar. Porque quando ataca, Pedro está atento para fazer a cobertura. Luis Suárez, que provavelmente estará na ponta direita, não é esse tipo de jogador. É um goleador – mais um – que não costuma se sacrificar e deixar as posições ofensivas quando um companheiro de outro setor resolve atacar. Por isso, é de se esperar que a ofensividade do uruguaio retenha as investidas de Daniel Alves ao ataque.

Sucesso ou fracasso absoluto

O Barcelona não depende de Pedro. Mas nunca teve três craques no ataque. Messi nunca jogou com dois atacantes tão próximos de seu nível como jogará a partir de sábado. As características de cada um, os números e até o histórico de Messi e do Barcelona fazem imaginar que o trio de ataque será sucesso absoluto ou total fracasso.

O último trio de ataque extremamente badalado do Barcelona jogou entre as temporadas 2006/07 e 2007/08. Lionel Messi começava a aparecer como grande jogador e atuava pela ponta direita – ainda não era falso 9. Na teoria, o ataque seria Messi, Eto'o e Ronaldinho. Mas nada funcionou. O time não encaixou e o brasileiro começou a ter seus piores momentos. Thierry Henry assumiu protagonismo e até o islandês Eidur Gudjohnsen teve participação importante.

Agora, no entanto, a situação é outra. São três craques, mas três craques em alta. Nenhum deles está no início de carreira, como aquele Messi de 2007, ou vive declínio, como aquele Ronaldinho de 2008.

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