Presidente Rinaldo Martorelli garante que clube é responsável pela integridade física dos atletas

Presidente Rinaldo Martorelli garante que clube é responsável pela integridade física dos atletas

A invasão da torcida ao treino do São Paulo no CT da Barra Funda no sábado, que culminou com agressões aos jogadores Michel Bastos, Wesley e Carlinhos não vai ficar impune. É o que promete Rinaldo Martorelli, presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo, que já começou a tomar as devidas providências.

“O Sindicato vai notificar ainda hoje o São Paulo, a delegacia especializada e o Ministério Público, para que tudo o que aconteceu seja esclarecido”, disse Martorelli em entrevista ao Portal da Band.

“Essa notificação é mais para o clube ficar mais atento e discutir um pouco mais sobre o que aconteceu. Tenho a certeza que o São Paulo vai reforçar a segurança”, prevê.

O líder sindical lamentou o ocorrido no local de trabalho dos jogadores. “Achei um horror o que aconteceu. Estamos tomando todas as providências necessárias, tentando falar com o presidente Leco (Carlos Augusto de Barros e Silva), pois o São Paulo é o responsável pela integridade física dos atletas. Todo empregador é responsável pelos empregados no ambiente de trabalho”, sentenciou.

Martorelli destacou que já conversou com dois atletas do Tricolor. “Falamos com o Lucão e o Wellinton e colocamos à disposição sobre o ocorrido. Eles ficaram tranquilos, mas na hora se mostraram assustados, mas entenderam o ocorrido, pois a diretoria tinha passado pra eles a mensagem que o que ocorreu não voltaria a acontecer. Vamos fazer um trabalho de contenção para evitar um novo problema”.

Por enquanto, o presidente do Sindicato descarta a possibilidade de os jogadores entrarem em greve ou até encerrarem seus vínculos unilateralmente com o clube. “Se o clube se recusar a melhorar a condição de proteção, eles (jogadores) podem entrar em greve ou até mesmo requerer o rompimento do contrato. Mas não é isso que está acontecendo. Não dá pra falar nesses termos ainda, porque todas as vezes em que aconteceu isso no São Paulo, sempre houve adesão à nossa proposta”.

Martorelli, que foi goleiro e defendeu o Palmeiras, sabe bem da pressão que acontece dentro e fora das quatro linhas. “O torcedor se sente frustrado e transfere personalidade dele para o clube e vice-versa. Quando não está bem se sente ofendido na integridade e tenta transferir a responsabilidade para aquelas frustrações para os atletas. O vídeo do ator (Henri Castelli) traz isso. A derrota do clube significa a derrota do torcedor. Tem uma confusão louca aí e isso para mim é o mais sério”, exemplificou.

O presidente do Sindicato até citou um exemplo que aconteceu em fevereiro de 2014 com o Corinthians. Na ocasião alguns torcedores invadiram o CT Joaquim Grava após goleada sofrida para o Santos por 5 a 1. Alguns jogadores foram agredidos e tiveram seus carros danificados.

“Naquela ocasião eu falei com o Mario Gobbi (presidente na época), mandei a notificação e ele não respondeu. Entramos com uma ação e ai só cabe a gente uma ação indenizatória, pelos atletas estarem em um ambiente inseguro de trabalho. E essa ação a lei permite que faça sem a autorização do trabalhador e os atletas requererem. No curso do processo o juiz chamou as partes para um acordo. Nós pedimos R$ 100 mil para cada atleta. O Corinthians queria fazer um acordo, mas não queria assumir isso, as responsabilidades com relações as ações das torcidas organizadas. Nós não aceitávamos. Quando o Corinthians aceitou isso nós fizemos um acordo", destacou.

Segundo Martorelli, desde aquele episódio, manifestações que prejudiquem os jogadores causarão punição ao clube. "Hoje, em qualquer ação das organizadas que afetem os jogadores, o Corinthians tem um penalização já imposta pelo judiciário, e esse é um precedente interessante, porque acaba com aquela ideia de que o clube não tem responsabilidade sobre as ações das organizadas. Tem responsabilidade, sim, pois é uma extensão do próprio clube. Tem que ficar atento e dar a proteção para o atleta quanto a isso e enfrentar com coragem da melhor forma”, concluiu, citando um entendimento que está previsto no Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) e é usado para sanções a clubes em casos como de brigas de torcedores em estádio e arremesso de objetos no campo, por exemplo.

Foto: portal Band

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