A pena não foi pior porque ele conseguiu ser absolvido pelas ofensas à CBF e pela jogada violenta que levou o segundo amarelo

A pena não foi pior porque ele conseguiu ser absolvido pelas ofensas à CBF e pela jogada violenta que levou o segundo amarelo

Pedro Ivo Almeida
Do UOL, no Rio de Janeiro

O Botafogo perderá Emerson Sheik pelos próximos três jogos. Ele foi julgado pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportivo) nesta segunda-feira (29) no Rio de Janeiro. A punição máxima era de 18 partidas. Como já cumpriu uma partida, ele vira desfalque contra o Vitória, Palmeiras e Corinthians. Os cariocas informaram que vão recorrer ao Pleno e entrarão com efeito suspensivo para contar com o atleta na próxima partida.

A pena não foi pior porque ele conseguiu ser absolvido pelas ofensas à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e pela jogada violenta que levou o segundo amarelo. A súmula da partida relatou as seguintes ofensas do jogador. "Apita essa porra! Safado, sem vergonha, você é um merda, vagabundo, não apita nada!". 

O atacante foi denunciado por infração aos artigos 243-F (ofensa ao árbitro), 254 (jogada violenta), e 258 (atitude reiterada de afronta e reclamação contra instituições e autoridades com claro intuito intimidatório e desrespeitoso através da mídia, todos do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva). Cada infração prevê penas de até seis partidas.

Felipe Bevilacqua, auditor do caso, pediu a absolvição no 254. No 258, ele entendeu que o protesto poderia ter acontecido, mas não dentro do gramado. Ele ainda destacou a exploração da mídia no caso apenas para o personagem e não para o motivo do desabafo, e ainda usou Richarlyson, do Vitória, como exemplo do mesmo ato e na falta da repercussão. Por isso, só deu uma advertência. Já em relação ao 243-F, por ofender o árbitro, ele pediu uma suspensão de quatro partidas. 

Na sua defesa, Sheik não fez questão de minimizar a sua revolta com a atuação do árbitro Igor Benevenuto na partida contra o Bahia.

"Achei o árbitro extremamente despreparado para o jogo. As imagens são bem claras. Levei uma falta e quando virei pedi cartão para o jogador que fez a falta. E ele deu cartão para mim. Isso é uma safadeza. Em nenhum momento me referi a ele diretamente. Não falei que ele era bandido, safado, como foi citado. Na segunda falta, a imagem é clara. Não atingi na coxa. A lesão que ele publicou não foi daquele lance", disse Emerson Sheik em sua própria defesa.

O procurador William Figueiredo mostrou insatisfação com a tática adotada pelo atacante para se defender no julgamento.

"Isso é muito mais ofensivo. É mesma coisa que você falar que um jogador erra o passe precisa ir para a Série D", disse William Figueiredo. "A questão aqui não é ofensa à CBF ou não. É conduta antidesportiva. Queremos a conduta profissional. O atleta, na sequência da expulsão, profere todas essas palavras aqui. Isso é ofensa. É 243-F", completou.

Depois disso, antes dos votos, Aníbal Rouxinol, advogado que defendeu apenas Sheik, afirmou que o jogador paga por ser falastrão e fugir das falas comuns no futebol.

"O futebol está ficando chato, dizem muitos meios. E claro que quando algo foge do padrão isso faz ele pagar. Se fôssemos analisar isoladamente todos os lances, não temos a gravidade tamanha para gerar a presença de todos os veículos de comunicação presentes", afirmou.

"O que o Emerson fez é o que lhe assegura a constituição: liberdade de expressão. É um direito fundamental", completou.

Ramirez é absolvido, e Júlio César pega pena igual a de Sheik

Cachito Ramírez poderia também pegar até 12 jogos de suspensão pelo 254-A, que diz respeito à agressão. Ele foi apenas advertido pela maioria de votos, com a desqualificação para o artigo 250, de ato hostil. 

Já Julio César também foi suspenso por quatro partidas pelas ofensas ao árbitro. Como já cumpriu uma partida, ele também vira desfalque contra o Vitória, Palmeiras e Corinthians.

FOTO: UOL

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