Colunista avalia a vitória heróica contra o Chile

Colunista avalia a vitória heróica contra o Chile

Como falei no comentário anterior, nada estava a indicar, a partir do que se viu naquela goleada na eliminada seleção de Camarões, que o Brasil encontraria facilidade para vencer o Chile no confronto das oitavas de final realizado sábado.

 
Os que cantaram vitória fácil, como alguns que chegaram a prognosticar uma goleada brasileira diante dos chilenos, devem ter roído as dez unhas das mãos, vendo a inconsistência ofensiva do time de Felipão, diante do bloqueio bem armado do sistema defensivo do Chile, que anulou Neymar e, por extensão, as nossas chances de gol, que foram relativamente escassas.
 
Na verdade, devemos essa classificação ao saldo de gols da primeira fase, graças ao qual escapamos de enfrentar a Holanda, que se tivesse atravessado em nosso caminho, nessa encruzilhada das oitavas de final, seria bem capaz de repetir o estrago que fez na Copa de 2010, quando nos despachou no limiar da competição.

 

Fala-se muito que Júlio César foi o herói da classificação, pegando dois pênaltis, mas é preciso reconhecer que no primeiro deles teve a tarefa facilitada pela má cobrança do jogador chileno que chutou bisonhamente nas mãos do goleiro.
 
Dos três pênaltis desperdiçados pelo Chile, Júlio César brilhou em apenas um, como tantos goleiros têm feito em jogos de campeonato e em copas do mundo, cuja nossa maior referência nesse mister é Taffarel, que nos garantiu a conquista do título mundial de 1994, com defesas exponenciais, aliadas ao erro de cobrança do italiano Roberrto Baggio, naquela histórica decisão por pênaltis. 

O Brasil completou sábado sua quarta partida na Copa e em todas elas deixou a desejar, pois nem mesmo. levando em conta a vitória fácil diante de Camarões é correto dizer que a seleção canarinho revelou até aqui algo que se possa chamar de ataque operante na exata expressão do termo. 
 
 
 
O argentino Jorge Sampaoli, técnico do Chile, foi muito inteligente ao armar um sistema defensivo, tendo como missão principal anular as investidas de Nerymar, pois sabia, assim como a maioria dos brasileiros sabem, que o atacante do Barcelona representa, no mínimo, 70 por cento do poderio de fogo do nosso frágil ataque, onde a troca de Fred por Jô tem sido o mesmo que trocar seis por meia dúzia.
 
Em declaração feita após o jogo, Sampaoli disse com toda a franqueza que conseguiu com seu esquema neutralizar a atuação de Neymar, deixando claro com isso que pouca coisa tinha a fazer, no seu ferrolho defensivo, no sentido de anular as demais peças ofensivas brasileiras, já que elas próprias têm se auto anulado pelo frágil futebol que praticam. 
 
No tempo normal de jogo, o empate em 1 a 1 ficou de bom tamanho, em função das poucas chances de gol surgidas ao longo dos 90 minutos. Na prorrogação, no entanto, o Chile fez por merecer a vitória, em função daquele arremate no poste, cujo gol perdido vai lamentar pelo resto da vida. 
 
Já na decisão por pênaltis, a vitória brasileira foi merecida, porém não meritória, uma vez que aconteceu em cima de erros do adversário que desperdiçou três cobranças de pênaltis contra duas do Brasil, que até nisso assustou os milhões de torcedores espalhados pelo Brasil afora, deixando a convicção de que arrancou essa classificação mais na base sorte do que do juízo. 

 
Sintetizando o raciocínio, pode-se dizer que esse jogo tenebroso das oitavas de final da Copa de 2014, que colocou à prova milhões de corações brasileiros, vai entrar para a história como o dia em que a seleção canarinho sobreviveu em um certame mundial, dando mole ao adversário chileno que teve no poste da meta defendida por Júlio César, em duas oportunidades, o grande responsável pelo insucesso que o tirou da competição. 

 
Essa jornada pouco auspiciosa da seleção de Luiz Felipe Scolari, cujo único saldo positivo foi a classificação nos pênaltis, deixa no ar um enorme ponto de interrogação com vistas ao compromisso de sexta-feira, nas quartas de final, diante da Colômbia. Qual é a nossa chance de passar à semi final ? 

 
Não dá para ignorar que a forma como ambos os contendores lograram classificação para a próxima etapa da Copa foi completamente distinta. Enquanto o Brasil precisou contar com o fator sorte, tirando partido no erro do adversário, a Colômbia bateu o Uruguai de forma inapelável, construindo um cômodo 2 a 0, com direito a gol de placa de seu grande artilheiro James Rodriguez e se dando ao luxo de poupar-se em campo para o difícil compromisso que terá diante do Brasil. 

 
Mas isso não autoriza dizer que a Colômbia entra em campo como favorita nesse jogo decisivo, haja vista a diferença abismal que existe no histórico das duas seleções, que dá ao Brasil o mesmo handicap que deu no jogo contra o Chile, caso consiga equilibrar as ações em campo e levar a decisão para uma instância em que o fator psicológico venha a se tornar o fiel da balança, pendendo positivamente para o lado mais forte, que é nesse aspecto aquele que veste a camisa canarinho multicampeã. 

 
Claro que se trata de uma colocação meramente teórica, que não exclui portanto a possibilidade de o Brasil vencer a Colômbia no tempo normal de jogo. Mas o que é lícito dizer, em função do que se viu até aqui é apenas isso. 

 
Se o time de Felipão desmentir a tese e despachar a Colômbia, jogando um futebol soberbo que a gente ainda não viu, teremos que agradecer a Deus pelo milagre de ver reaberto o leque de esperanças com vistas à possibilidade de conquistar o Hexa nessa Copa por cuja realização pagamos os olhos da cara em detrimento de prioridades sociais e infraestruturais que clamam por urgente solução, gerando protestos. 

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