Geralmente quando se pergunta a uma pessoa qual foi o maior momento da sua vida, a resposta geralmente é a sua infância

Geralmente quando se pergunta a uma pessoa qual foi o maior momento da sua vida, a resposta geralmente é a sua infância

Geralmente quando se pergunta a uma pessoa qual foi o maior momento da sua vida, a resposta geralmente é a sua infância. No meu caso, não fujo a essa regra, pois quando somos crianças parece que o dia demora mais para passar, as responsabilidades são menores e o principal objetivo é brincar o máximo que puder. Quando atingimos uns 12 ou 13 anos nos preocupamos em crescer o mais rápido possível, querendo (no caso dos homens) que a barba cresça logo, podendo fazer o mesmo que os amigos mais velhos já fazem. Mas da mesma forma que conseguimos o que era proibido antes, nos deparamos com novas responsabilidades que não tínhamos antes e em alguns casos não conseguimos resolver determinadas situações, principalmente pela falta de experiência que temos.
Nasci em São Paulo no dia 12 de janeiro de 1976, mas praticamente não me lembro nada dos anos 70, mesmo admirando muita coisa da época. Minhas primeiras lembranças são de 1980, quando residia no Bairro do Limão. Por ser uma criança caseira, sempre li muito, pois felizmente livros nunca faltaram, por causa do meu pai, um amante da leitura, tendo obras que vão desde a Bíblia a fatos atuais. Além da televisão, quando não tínhamos uma TV a Cabo, mas dispúnhamos de uma excelente programação, mesmo sofrendo os efeitos de um regime militar, mas com jornais de alta qualidade (Manchete, principalmente), séries (Jornada nas Estrelas, Viagem ao Fundo do Mar, Casal 20, Jeannie é um Gênio, A Feiticeira, O Gordo e o Magro, etc), desenhos de tirar o fôlego (Speed Racer, Pinóquio, Jonny Quest, Dartagnan e tantos outros, somando-se aos que passam até hoje) e os seriados japoneses (Vingadores do Espaço, Robô Gigante, Ultraman, Ultraseven e Spectroman). Sem se esquecer do vídeo game Atari, que passei a jogar em 1984, ganhando no Natal do ano seguinte o inesquecível presente do meu avô, que mesmo sendo arcaico para as novas gerações, era uma coqueluche para as crianças da década de 80.
No cinema a idéia era ver os filmes que tinham mais efeitos especiais e os de ação. Assisti na telona ET, Rocky 4, Os Caçadores de Fantasmas e tantos outros filmaços.
E no futebol, como corintiano, vibrava com o time de Sócrates e posteriormente do Neto. Além da Seleção Brasileira de Telê Santana, uma brilhante geração, mas que não conseguiu trazer a Copa do Mundo aos brasileiros.
Mas apesar de todas essas manias, provavelmente o que de melhor trago de recordação são as minhas viagens à cidade de São Sebastião, localizada no Litoral Norte do estado de São Paulo. O nome é em homenagem à Sebastião, que lutou com as tropas romanas, sendo conclamado como Santo Padroeiro pela Igreja Católica.
Antes da chegada dos portugueses no início da colonização do território brasileiro, a cidade era habilitada por índios Tupinambás e Tupiniquins. Vindo de São Paulo, o caminho mais rápido para se chegar nela é através da Rodovia Tamoios, passando pelas cidades de São José dos Campos, Paraibuna e Caraguatatuba. É uma bela cidade turística, que tem a pesca como um dos seus meios de vida mais importantes, tendo também a Petrobrás, além das belas praias, que atraem turistas de todo o Brasil. A Ilha Bela pertence à cidade e o único meio de chegar a ela é através do Ferro Bote, sendo possível fazer a entrevista estando a pé ou de carro.
A partir de 1969 minhas tias passaram a morar em São Sebastião, fazendo com que a sua visita fosse meio que obrigatória, em especial nos meses de julho e dezembro. Inicialmente elas moravam no centro da cidade, passando a morar no Bairro de São Francisco em 1973, com a minha querida Tia Helena morando até hoje lá.
O que havia de diferente em São Sebastião era a sensação de liberdade. Mesmo sendo uma rotina repetitiva, me entusiasmava quando sabia que chegava o momento de passar uns 5 dias por lá, proporcionando a mim a sensação de ser a criança mais feliz do mundo. Eram 3 horas de viagem, mas sabíamos que estávamos chegando quando avistávamos na esquina da casa de minhas tias o macaco Chiquinho, que ficava em cima do muro da última casa da rua antes de chegar à avenida. Em casa brincava com as criações que tinham, além de estarem sempre presentes os primos, mais velhos e mais novos, além dos parentes que chegavam de São Paulo, contagiando a todos num ambiente de muita alegria.
Sabíamos que sempre faríamos as mesmas coisas, o que não importava para todos os sobrinhos. Batíamos ponto na Praia do Pontal da Cruz que não tinha onda alguma, tomávamos banho na Cachoeira do Tombo (nunca soube o motivo do nome), passeávamos no morro de onde acenávamos à casa das Tias Helena e Inha e saboreávamos o delicioso sorvete da Sorveteria Rocha em que peço até hoje o Flocos com Cobertura de Chocolate. Na Praia do Pontal há uma cruz que dizem ter acontecido uma linda história de amor.
Na questão esportiva jamais esqueci quando em 1987 a Seleção Feminina de Basquete de Paula e Hortência se apresentou na cidade enfrentando o Time Masculino. Consegui ir de graça, já que o jogo foi no Tebar, clube que o meu Tio Carlos (Cacau) trabalhava. Coincidentemente no mesmo ano a Seleção Masculina de Basquete de Oscar e Marcel ganhou o Pan-Americano.
Com o tempo as coisas foram mudando. Meu saudoso Primo Joãozinho faleceu em um acidente de moto no ano de 1986. E em 1988 minha Tia Inha também veio a falecer.
Tais ausências as visitas de antes não aconteciam mais com a mesma frequência. Independente disto continuo a visitar a cidade, não tanto pelo prazer de antes, mas por sempre querer ver os meus parentes.
O ex-jogador Wladimir, que jogou durante muitos anos no Corinthians, assumiu a Secretaria de Esportes de São Sebastião, dando um grande impulso à vida esportiva da cidade.
E não poderia deixar de citar a minha Prima Carolin Evelin, que fez da Ginástica Rítmica a sua profissão, passando por várias fases, desde o sonho olímpico até o seu momento atual, como professora, transmitindo todos os seus conhecimentos às suas alunas na cidade de São Sebastião. Ganhou muitas premiações, vencendo em 2013 como bailarina a 16ª Edição do Litoral Dance em São Sebastião, apresentando a coreografia Devaneios, na modalidade Contemporâneo, disputando a categoria solo amador.
De fato foram muitos momentos marcantes vividos na minha infância, mas São Sebastião fez parte da minha infância de forma única, fazendo-me acreditar que não existia melhor lugar no mundo para se visitar.
Imagem: CowboySL



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