Guilherme Costa e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

Assim como Dunga, Roberto Carlos tem longa história na seleção brasileira. Titulares da equipe nacional em três edições da Copa do Mundo, ambos foram campeões uma vez (o volante em 1994, e o lateral esquerdo em 2002). No atual momento, porém, a relação deles com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) é totalmente oposta. Enquanto um foi convidado para assumir pela segunda vez o cargo de técnico do time canarinho, o outro faz severas críticas a José Maria Marin, presidente da entidade nacional.

"Quem é esse cara? Qual é o currículo desse cara? Qual a história desse cara? Ele tem se comportado muito mal na CBF e na seleção", opinou Roberto Carlos em conversa por telefone com o UOL Esporte.

Roberto Carlos trabalha atualmente como treinador do Sivasspor (Turquia). O ex-lateral chegou a comentar jogos da Copa de 2014 para a TV Globo, mas voltou em seguida à equipe que ele dirige desde o ano passado.

Uma das principais razões para Roberto Carlos criticar Marin é exatamente o comportamento do dirigente durante o Mundial: "O primeiro que tem de aparecer depois de uma derrota é o presidente, e não o treinador. Ele em nenhum momento tomou frente para defender o Felipão. A primeira coisa que fez foi mandar o técnico embora".

O atual treinador do Sivasspor também não concorda com a falta de conhecimento de Marin, que chegou a ser jogador de futebol, e de Marco Polo del Nero, que assumirá no próximo ano a presidência da CBF.

"São duas cabeças que não sabem nada de tática. Isso é muito ruim. Eles podem colocar qualquer treinador lá. Agora, eu sou o presidente e escolho o Dunga. E aí? O Marin não sabe nada", disparou Roberto Carlos.

Marin herdou a presidência da CBF porque era o vice-presidente mais velho quando Ricardo Teixeira se afastou do comando da entidade. Ele trocou Mano Menezes por Luiz Felipe Scolari, que comandou a seleção na Copa de 2014. Após ter perdido para a Alemanha por 7 a 1 nas semifinais, a equipe nacional acabou o torneio no quarto lugar.

"O Marco Polo pelo menos conhece um pouco mais e já trabalhou em clube. Ele sabe alguma coisinha. Agora, esse presidente atual [Marin] não sabe nada. Muita gente não gosta dele", disse o ex-lateral.

Como exemplos de decisões questionáveis de Marin, Roberto Carlos citou as escolhas do coordenador-técnico Gilmar Rinaldi e do treinador Dunga. Os dois receberam a missão de reerguer a seleção depois da Copa de 2014.

"Eu não sou a favor de trocar treinador o tempo todo, mas depois da Copa do Mundo era necessário fazer uma mudança. Aí você traz um cara que conhece bem a seleção, que já foi técnico e jogador, e que foi muito pressionado quando esteve lá. Acredito que ele pode dar a volta por cima, mas todo mundo achava que poderia ser o Muricy", disse Roberto Carlos. "Ninguém esperava o Gilmar. Todo mundo achava que seria o Léo [Leonardo, ex-lateral da seleção], até porque o Gilmar estava trabalhando como empresário. Não é normal isso", completou.

Foto: UOL