FC Rostov quase faliu, escapou do rebaixamento e fez campanha histórica na última temporada

FC Rostov quase faliu, escapou do rebaixamento e fez campanha histórica na última temporada

De quase rebaixado a sensação do campeonato no ano seguinte. A história poderia muito bem ser do Leicester, campeão inglês da última temporada, mas aconteceu a aproximadamente 3.500km do King Power Stadium, lar dos Foxes. Trata-se do FC Rostov, clube russo que pela primeira vez em sua história vai disputar a fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa.

Fundado em 10 de maio de 1930, na cidade portuária de Rostov-on-Don, inicialmente chamado de Selmashstroy, só disputou um campeonato de nível nacional 21 anos depois, com nome de Traktor, quando participou da Russian SFSR, ainda na antiga União Soviética. Boas campanhas em 1951 e 1952 fizeram o clube ganhar uma chance na 3ª divisão nacional (Class B), quando passou a se chamar Torpedo.

A Class B era dividida em fases regionais e “nacionais”. As equipes eram divididas em nove grupos, de acordo com a geografia, e somente os campeões se classificavam para o mini-torneio que definia os clubes promovidos à 2ª divisão. Em 1964, finalmente o clube alcançou mais uma glória, ao se sagrar campeão da Class B.

Estagnado na First League (2ª divisão) o clube abandonou o Campeonato Soviético e voltou a disputar o Campeonato Russo. Mas cinco anos mais tarde decidiu refazer o caminho, tendo que novamente disputar a Class B. Em 1985 voltou para a segundona.

Com o fim da URSS em 1991, o clube garantiu uma vaga na primeira divisão do reformulado Campeonato Russo, terminando a temporada 1991/92 na oitava posição. Rebaixado na temporada seguinte, passou a ser coadjuvante no cenário nacional, vivendo descensos e promoções durante anos. A mudança do nome em 2003, agora definitivamente para FC Rostov, fez com que os ventos mudassem. Pela primeira vez em sua história, o clube conseguia chegar à final da Copa da Rússia, mas acabou perdendo a decisão para o Spartak Moscou.

Uma nova era de quedas e subidas da primeira para a segunda divisão terminou em 2013/14, ano em que o Rostov conseguiu seu primeiro título de expressão. Com nomes como o do goleiro croata Stipe Pletikosa e Artem Dzyuba e Georgy Gabulov, estrelas locais, o time derrotou o Krasnodar nos pênaltis e ficou com o título da Copa da Rússia.

A empolgação foi freada já na temporada seguinte. Por conta de pagamentos ilegais a jogadores através de um fundo de pensão do governo, a Confederação Russa de Futebol entrou na justiça contra o Rostov e retirou a vaga que o time tinha à Liga Europa. A diretoria apelou à CAS (Corte Arbitral do Esporte), conseguiu o direito de jogar, mas de nada adiantou. Ainda na rodada de play-off, foi eliminado para o Trabzsponspor, da Turquia.

O restante da temporada também não foi nada bom. Controlado pelo governo regional, o clube viu as finanças entrarem em crise com o aumento dos confrontos entre russos e ucranianos pela região da Criméia. A recessão do país e a verba destinada ao auxilio de refugiados fez os caixas do clube esvaziarem e o medo de mais um rebaixamento virar realidade.

A luz no fim do túnel apareceu quando o magnata Ivan Savvidis, que atua no ramo do tabaco e é dono do PAOK, da Grécia, investiu dinheiro no clube. Com a chegada do novo patrocinador, o Rostov voltou a entrar nos eixos e evitou a queda somente nos play-offs do rebaixamento.

Na última temporada, uma reformulação gigante assustou o futebol russo. Foram 25 contratações, mesmo número de jogadores que deixaram o clube. Mas nenhum dos nomes que chegaram traziam grife. O mais conhecido era Christian Noboa, desde 2007 no futebol do leste europeu. O meia comandou a equipe ao lado de Sardar Azmoun, artilheiro do time, e Moussa Doumbia, camisa 10 que se destacou na temporada.

Apesar disso, foram 19 vitórias, cinco empates e seis derrotas no Campeonato Russo, deixando o time com o vice da competição e vaga inédita para a Liga dos Campeões da Europa.

Como a Rússia ainda enfrenta problemas com a Ucrânia e agora sofre com a queda do preço do petróleo, seu principal produto exportador, o futebol não tem um futuro muito promissor. Cada vez menos o dinheiro é investido nos clubes e a iniciativa privada vem deixando de patrocinar o esporte.

Kurban Berdyev, ex-técnico do Rostov, em entrevista recente resumiu a situação: “Ninguém definiu qualquer objetivo para o clube. Nós pensamos jogo a jogo. Sabemos de nossos problemas financeiros, como podemos pensar em algum objetivo?”.

Sem a pressão por resultados, o Rostov começou bem sua caminhada no maior torneio de clubes da Europa. Na 2ª preliminar, passou pelo Anderlecht, da Bélgica - empatou por 2 a 2 em casa e venceu por 2 a 0 fora. Depois, atropelou o tradicional Ajax (Holanda). Após o empate por 1 a 1 como visitante, aplicou 4 a 1 na Rússia e garantiu vaga na fase de grupos.

E o sorteio foi ingrato com os russos. O Rostov, que estava no pote 4, caiu no Grupo D, ao lado de Bayern de Munique, Atlético de Madrid e PSV. A primeira rodada da fase de grupos acontece nos dias 13 e 14 de setembro, com transmissão da Band.

Foto: Divulgação/FC Rostov

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