O time mais luso do Brasil

O time mais luso do Brasil

A Portuguesa de Desportos merece estar na lista dos grandes times paulistas pelo passado glorioso que tem. Dos anos 30 aos 90 montou excelentes times, ganhando títulos estaduais, interestaduais e internacionais. Seguindo os meus critérios de escolha, estará como titular o jogador que mais gols marcou, o que tenha o maior número de partidas e o que esteve a serviço do clube por mais anos. Quem estiver no time reserva ou titular não escalarei em outro time de todos os tempos.
 
LUSO: Refere-se a quem ou algo que tenha ligação com Portugal.
 
PORTUGUESA DE TODOS OS TEMPOS
A Portuguesa de Desportos foi fundada no dia 14 de agosto de 1920 pela colônia de portugueses da cidade de São Paulo. Durante três anos jogou como Portuguesa/Mackenzie. A partir da década de 30 surgiram os primeiros grandes times e craques.
 
TITULAR: Félix, Djalma Santos, Hermínio, Capitão e Zé Roberto; Brandãozinho e Denner; Julinho, Enéas, Pinga e Ivair. Técnico: Oto Glória.
 
FÉLIX MIELLI VENERANDO (São Paulo, SP, 24/12/1937 ? 24/08/2012) ? Camisa 1 - Jogou na Portuguesa de 1956 a 1968 (em 1957 jogou no Nacional), marcando 1 gol em 305 partidas. Foi na Portuguesa de Desportos que o goleiro do Tricampeonato Mundial da Seleção Brasileira começou a se destacar. Iniciou a carreira no Juventus da Mooca, sendo reserva de Oberdan Cattani. Na Portuguesa não tinha como disputar a posição com Cabeção, que era um dos melhores goleiros da época, sendo então emprestado para o Nacional pra ganhar mais experiência. Quando retornou à Lusa virou titular, tendo depois que disputar a posição com Orlando. Félix foi um goleiro marcante no clube, jogando ao lado de jogadores como Ditão e Ivair. Era baixinho, mas tinha bons reflexos, mesmo em algumas ocasiões cometer falhas. Em 1965 foi convocado pela primeira vez à Seleção Brasileira e no mesmo ano marcou um gol contra a Seleção de Boston pelo fato de estar jogando na linha. Mesmo não sendo campeão na Portuguesa e tendo goleiros melhores na sua posição, é lembrado até hoje como o mais importante por ter jogado tantos anos (12) e ser o recordista de partidas. No ano de 1969 foi vendido ao Fluminense, iniciando uma nova fase marcante e conquistando muitos títulos.
 
DEJALMA DOS SANTOS ? DJALMA SANTOS (São Paulo, SP, 27/02/1929 ? Uberaba, MG, 23/07/2013) ? Camisa 2 - Jogou na Portuguesa de 1948 a 1959 e em 1972, marcando 33 gols em 434 partidas. É, sem sombra de dúvidas, o maior e melhor lateral-direito da Portuguesa de Desportos em todos os tempos, sendo também considerado como supremo na posição no futebol brasileiro e mundial, embora alguns optem por Carlos Alberto Torres. Também considerado por muitos como o maior jogador da história da Lusa. No time profissional jogou durante um ano como volante, mas com a chegada de Brandãozinho passou a atuar na posição de lateral-direito, sendo que após a Copa do Mundo de 1950 era o melhor do futebol paulista e depois do Brasil. A linha média formada por Djalma Santos, Brandãozinho e Ceci era a melhor do futebol brasileiro de 1951 a 1955, época dourada do clube, conquistando importantes títulos, como a Copa San Izidro (1951), Fita Azul (1951 e 1953/54) e o Torneio Rio-São Paulo (1952 e 1955). Djalma Santos era um lateral-direito muito acima da concorrência (inclusive do são paulino De Sordi), dono de uma técnica bem apurada, tinha um ótimo preparo físico, batia pênaltis com precisão e cobrava o arremesso lateral com uma força que mais parecia um cruzamento à área adversária. De 1952 a 1955 foi titular absoluto na Seleção Paulista e Brasileira, sendo o orgulho dos torcedores do seu time. Na Copa do Mundo de 1954 teve excelente participação, marcando inclusive o gol de pênalti na partida em que o Brasil foi eliminado pela forte Hungria (curiosamente o outro gol de Julinho Botelho, que também jogava na Portuguesa). No início do Mundial de 1958 De Sordi (seu grande rival nos anos 50) era o titular, mas na final jogou e em apenas uma partida foi eleito o melhor lateral-direito da competição, com o Brasil sendo campeão pela primeira vez. Em 1959 foi vendido ao Palmeiras para iniciar outra grande história de excelentes atuações e títulos (10 gols em 498 partidas), disputando mais duas Copas do Mundo (1962 e 1966), jogando até 1968, sendo muitas vezes difícil optar em qual dos dois times ele mereça estar mais como lateral-direito de todos os tempos. Sua última partida pela Seleção Brasileira foi em 1968, sendo substituído por Carlos Alberto Torres (o rival na década de 60). Teve também uma boa passagem pelo Atlético Paranaense de 1968 a 1971, sagrando-se campeão estadual em 1970. No ano de 1972, com a Portuguesa de Desportos já mandando os seus jogos no Canindé, fez a sua partida de despedida no futebol, sendo ovacionado pela torcida no seu novo estádio. Por mais de 20 anos foi o jogador com mais partidas pelo clube, sendo ultrapassado finalmente por Capitão.
 
HERMÍNIO DOS ANJOS (Faleceu em São Paulo no dia 22 de fevereiro de 1994) ? Camisa 3 Jogou na Portuguesa de 1950 a 1963, marcando 7 gols em 325 partidas. Foi o jogador que esteve por mais anos no time da Portuguesa de Desportos (13 temporadas). Por ter sido zagueiro nos anos 50, muitas vezes teve que ficar na reserva, já que a Lusa tinha um esquadrão. Mesmo assim podia-se orgulhar de estar presente nas grandes conquistas da equipe na década de 50, em especial a Fita Azul (1953/1954) e o Torneio Rio-São Paulo de 1955, quando atuou em algumas partidas. Era um zagueiro firme e leal. Foi um dos grandes marcadores de Pelé, quando esse estava iniciando a carreira. Nunca foi convocado para defender a Seleção Brasileira, mas esteve presente na Seleção Paulista. Pelo o que se sabe, jogou apenas na Portuguesa de Desportos durante a sua carreira.
 
OLEÚDE JOSÉ RIBEIRO ? CAPITÃO (Conselheiro Pena, MG, 19/09/1966) ? Camisa 4 - Jogou na Portuguesa de 1988 a 1994, 1995 a 1997 e em 2003/2004, marcando 9 gols em 496 partidas. É o jogador com mais partidas na história da Portuguesa de Desportos e por pouco não passou de 500 jogos. Sua presença no time titular não se deve apenas ao grande feito. Capitão é um símbolo luso, pois foi um volante e zagueiro de muita disposição. Mineiro que começou a jogar profissionalmente no Cascavel (PR) em 1986, chegando ao Canindé dois anos depois, sem nunca imaginar que seria tão marcante no novo clube. Jogando ao lado das gerações de Jorginho e Dener, seu melhor momento foi em 1996, quando fazia parte do time que foi vice-campeão brasileiro, uma perda que entristeceu a muitos torcedores (não somente os da Portuguesa), pois a equipe que tinha Zé Roberto e Rodrigo Fabri jogava um futebol que encantou todo o Brasil. Em sua última passagem pelo Canindé, apesar de já estar veterano, demonstrou a mesma vontade dos seus velhos tempos.
 
JOSÉ ROBERTO DA SILVA JÚNIOR ? ZÉ ROBERTO (São Paulo, SP, 06/07/1974) ? Camisa 6 - Jogou na Portuguesa de 1994 a 1997, marcando 3 gols em 132 partidas. Uma das revelações da base da Portuguesa de Desportos que mais se projetou no futebol paulista, brasileiro e internacional. Lateral-esquerdo no início de carreira e escalado depois pra jogar no meio de campo do time, sempre com a mesma categoria e disposição. Era um jogador moderno, que avançava e defendia bem, características fundamentais para os jogadores da década de 90 em diante. Era um dos destaques do time vice-campeão brasileiro de 1996 ao lado de Capitão e Rodrigo Fabri. Passou a ser convocado pelo técnico Zagallo para defender a Seleção Brasileira, sendo reserva na Copa do Mundo de 1998. Teve uma grande passagem pelo futebol alemão, sendo muito querido até hoje. Disputou a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha (país que conhece), como titular da equipe, disputando um grande Mundial pelo time do treinador Carlos Alberto Parreira. Atualmente, com 39 anos, joga no time do Grêmio. Quem sabe quando tiver mais de 40 anos resolva encerrar a carreira no time que o revelou.
 
ANTENOR LUCAS ? BRANDÃOZINHO (Campinas, SP, 09/06/1925 ? São Paulo, SP, 04/04/2000) ? Camisa 5 - Jogou na Portuguesa de 1949 a 1957, marcando 21 gols em 288 partidas. O apelido Brandãozinho foi dado na sua infância, talvez por ser negro como Brandão (jogador corintiano dos anos 30 e 40) e jogar na mesma posição de centromédio (atual volante), além de também ser um jogador de muita categoria. Profissionalmente começou na Portuguesa (a Santista) em 1942 e cinco anos depois a xará de São Paulo já queria contratá-lo, mas o diretor do clube de Santos não aceitava a proposta, pois achava pouco pelo futebol que jogava. No ano de 1949 finalmente foi contratado, contribuindo logo de início para o futuro de Djalma Santos, que teve que ser deslocado para a lateral-direita, pois atuava na mesma posição. Tinha um estilo de jogo próprio dos volantes da época, marcando bem, muita técnica e classe no domínio de bola e lançava com precisão os companheiros de ataque. Em 1952 Bauer passou a jogar mais como zagueiro e Ruy já não era mais jogador do São Paulo, com Brandãozinho passando a ser o melhor volante do futebol paulista. No mesmo ano é convocado pela primeira vez à Seleção Brasileira (Danilo Alvim estava contundido), sagrando-se campeão pan-americano (primeiro torneio internacional vencido pelo Brasil) e em seguida vence o Campeonato Brasileiro de Seleções pela Seleção Paulista. O Príncipe Danilo (Vasco da Gama) e Brandãozinho são convocados para disputar o Campeonato Sul-Americano de 1953, com o volante da Portuguesa se destacando mais, passando a ser o melhor da posição no futebol brasileiro. Disputa a Copa do Mundo de 1954 como titular absoluto. Tais convocações acontecem por jogar demais no esquadrão da Portuguesa de Desportos, tendo grande importância nas conquistas da Copa San Izidro de 1951, Fita Azul nos anos de 1951 e 1953 (a de 1954 não participou por estar no Mundial da Suíça com Djalma Santos e Julinho Botelho) e os Torneios Rio-São Paulo em 1952 e 1955. A linha média formada por Djalma Santos, Brandãozinho e Ceci foi a maior da história da Portuguesa e considerada a melhor do Brasil naquela época. Em sua última partida pelo Campeonato Paulista de 1954 (12/02/1955) fraturou a perna, sem jamais conseguir exibir o mesmo futebol. Passou o bastão para Roberto Belangero (Corinthians), que passou a ser o melhor volante do Brasil. Em 1957 Brandãozinho recebeu passe livre, mas continuou trabalhando nas equipes inferiores com Nena e Hermínio e depois foi técnico do time principal.
 
DENNER AUGUSTO DA SILVA (São Paulo, SP, 02/04/1971 ? Rio de Janeiro, RJ, 19/04/1994) ? Camisa 8 - Jogou na Portuguesa de 1988 a 1993, marcando 24 gols em 141 partidas. Considerado por muitos como o jogador que tinha mais condições de chegar próximo à Pelé. Mesmo tendo disputado algumas partidas no final da década de 80, seu surgimento no time principal da Portuguesa foi após a Copa São Paulo de Futebol Juniores de 1991, quando foi o destaque do título e formou um trio de ataque sensacional ao lado de Tico e Sinval. Seu início foi meteórico, sendo logo convocado à Seleção Brasileira, estreando (como Pelé) contra a Argentina, com alguns jornalistas antigos já fazendo comparações. Dono de um futebol rápido e driblador com gols que eram verdadeiras obras de arte, gravados na retina dos torcedores do seu time e de todos que admiravam o futebol bem jogado. A Portuguesa não conseguiu segurá-lo por muito tempo, sendo emprestado para o Grêmio (campeão gaúcho de 1993) e vendido depois ao Vasco da Gama (campeão carioca de 1994). Um acidente fatal tirou-lhe a vida quando ainda tinha muito que mostrar e quem sabe na Copa do Mundo que não foi convocado. Mesmo jogando por pouco tempo no Canindé foi um orgulho do clube, com a sua torcida jamais se esquecendo das suas fantásticas exibições.
 
JÚLIO BOTELHO ? JULINHO (São Paulo, SP, 29/07/1929 ? 11/01/2003) ? Camisa 7 - Jogou na Portuguesa de 1951 a 1955, marcando 90 gols em 182 partidas. Portuguesa, Fiorentina ou Palmeiras? O fato de Julinho Botelho ser muitas vezes escolhido na seleção dos três principais times da sua carreira é uma prova da sua importância no futebol. Depois de uma rápida passagem pelo Corinthians, desistiu de jogar no Parque São Jorge, por saber que nos treinos seria escalado na lateral-esquerda, tendo que marcar a ala-direita corintiana formada por Cláudio e Luizinho. Foi treinar no Juventus da Mooca e logo já estava disputando o Campeonato Paulista de 1950 na sua posição original (ponta-direita), sendo conhecido inicialmente apenas como Júlio e formando uma grande dupla com Rodolfo Carbone, futuro meia-esquerda do Corinthians. Julinho foi contratado pela Portuguesa de Desportos para disputar o Torneio Rio-São Paulo de 1951 e no mesmo ano tinha uma forte defesa (Muca, Nena e Noronha), a linha média era sensacional (Djalma, Brandãozinho e Ceci) e um ataque infernal (Julinho, Renato, Nininho, Pinga e Simão), formando assim o melhor time da história da Lusa. Quando a Portuguesa venceu o seu primeiro Rio-São Paulo (1952), seu time era considerado o melhor do Brasil e Julinho já se firmava como o principal ponta-direita brasileiro, tendo seguidas convocações para a Seleção Paulista e Brasileira, sendo campeão nos torneios que disputou. Suas atuações pelo time da Portuguesa no exterior também chamava a atenção, com fabulosas apresentações pela Europa em 1951 (Copa San Izidro e Fita Azul) e na América do Sul no ano de 1953 (mais uma Fita Azul). Na Copa do Mundo de 1954 o Brasil não foi campeão, mas Julinho Botelho foi eleito o melhor ponta-direita da competição. Retornando ao seu País, tentou mais uma vez ganhar o Campeonato Paulista, mas quem ganhou foi o Corinthians (IV Centenário da cidade de São Paulo).  Em 1955 ganha mais um Rio-São Paulo e no mesmo ano é vendido à Fiorentina, da Itália, tendo mais uma grande passagem. Retorna ao Brasil três anos depois para jogar no Palmeiras, iniciando mais um fabuloso período. Julinho Botelho, um ponta-direita veloz, excelente driblador, que chutava muito e excelente nos cruzamentos, maravilhoso por onde passou, mas foi na Portuguesa de Desportos que surgiu para o futebol paulista, brasileiro e mundial, tornando-se inquestionável a sua inclusão no time de todos os tempos.
 
ENÉAS DE CAMARGO (São Paulo, SP, 18/03/1954 ? São Paulo, SP, 27/12/1988) ? Camisa 9 - Jogou na Portuguesa de 1971 a 1981, marcando 167 gols em 379 partidas. Foi o mais importante jogador da Portuguesa de Desportos na Era Canindé. Atacante de enorme talento, que desenvolveu seu futebol de dribles curtos em zigue-zague no futsal. Sabia se deslocar muito bem e invadia a área adversária com rara habilidade. Chegou a ser comparado à Pelé. Após ganhar a Copa São Paulo de 1973 passou em definitivo ao time principal, sendo campeão paulista logo no seu primeiro ano. Foi vice-campeão estadual em 1975 e no ano seguinte conquistou a Taça Governador.  Dizia-se que costumava dormir em algumas partidas (termo dado ao jogador que se desligava da partida), mas quando estava nos seus melhores costumava acabar com o jogo. Teve poucas chances na Seleção Brasileira, talvez pelo fato da Portuguesa não ter força na Federação. Vendido ao Bologna, da Itália, teve depois uma rápida passagem pelo Palmeiras, mas sem jamais repetir o futebol dos tempos de Portuguesa, quando era Rei e segundo maior goleador da história do clube.
 
JOSÉ LÁZARO ROBLES ? PINGA (São Paulo, SP, 11/02/1924 ? Campinas, SP, 08/05/1996) ? Camisa 10 - Jogou na Portuguesa de 1944 a 1953, marcando 202 gols em 270 partidas. Simplesmente o jogador que mais gols marcou pela Portuguesa de Desportos. Jogava pelo lado esquerdo, tanto pela ponta como na meia. No início (década de 40) chegou a ser chamado de Pinga I, já que o seu irmão (Pinga II) também jogava no time. Era veloz, driblava muito bem e seu chute de perna esquerda era fatal. Desde 1946 já era convocado à Seleção Paulista, dando continuidade nos anos 50, mesmo o Palmeiras tendo Jair Rosa Pinto (um jogador mais completo), mas Pinga como meia-esquerda era mais decisivo dentro da área. Quando a Portuguesa montou o histórico ataque formado por Julinho, Renato, Nininho, Pinga e Simão, passou a ser convocado pela Seleção Brasileira, conquistando o Pan-Americano de 1952 e no ano seguinte disputou o Sul-Americano. Na Lusa ganhou em 1951 a Copa San Izidro e a Fita Azul e no ano seguinte o primeiro Torneio Rio-São Paulo da história do clube. Quando disputou a Copa do Mundo de 1954 já era jogador do Vasco da Gama, onde também teve uma grande passagem, sendo campeão carioca (1956 e 1958) e o Rio-São Paulo (1958), além de ser o quarto maior goleador de São Januario (250 gols).
 
IVAIR FERREIRA (Bauru, SP, 27/01/1945) ? Camisa 11 - Jogou na Portuguesa de 1962 a 1969 em 1981, marcando 103 gols em 307 partidas. Mesmo sem nunca ter sido campeão teve para a Portuguesa dos anos 60 a mesma importância que Enéas na década de 70. De todos os jogadores que eram comparados à Pelé foi o que ganhou o apelido mais majestoso, pois se o Camisa 10 do Santos era o Rei, Ivair ficou conhecido como Príncipe. O apelido não era exagerado, pois tinha grandes qualidades, desde a velocidade, movimentação, habilidade e conclusão, fazendo dele um atacante completo, capaz de jogar bem na ponta-esquerda, meia e como centroavante. Seu melhor ano na Portuguesa foi em 1964, quando o time quase foi campeão paulista. Nas vésperas da Copa do Mundo de 1966, em grande fase, foi mais um dos cortados do confuso grupo. Continuou a exibir o seu belo futebol, sendo o maior ídolo do time. Nos anos 60 a Portuguesa perdeu importantes jogadores, não sendo diferente com Ivair, indo jogar no Corinthians, onde também não teve a sorte de ser campeão. Retornou ao clube que o revelou em 1981, jogando apenas uma partida.
 
OTO MARTINS GLÓRIA (Rio de Janeiro, RJ, 09/01/1917 ? 04/09/1986) ? Foi técnico da Portuguesa em 1962/1963 e de 1973 a 1977, comandando o time em 334 partidas. Além de ser o treinador com mais jogos pela Portuguesa de Desportos, foi um dos mais expressivos e que conseguia a sua profissão como poucos. Teve uma satisfatória na sua passagem, chegando a treinar depois a forte Seleção Portuguesa na Copa do Mundo de 1966. Na sua segunda e última passagem (a mais marcante) comandou um timaço, que tinha jogadores como Enéas, Dicá, Badeco, Tatá, Basílio e Cabinho, sendo fundamental par a que o time chegasse à final do Campeonato Paulista de 1973 e também agindo com muita experiência quando pediu aos jogadores se retirarem do campo, pois sabia que o árbitro Armando Marques havia errado a contagem na cobrança de pênaltis contra o Santos, fazendo com que os dois times fossem declarados campeões. Permaneceu até 1977 tendo ainda tempo de ser vice-campeão paulista em 1975.
 
COMO JOGARIA O TIME DA PORTUGUESA?
Félix usaria da sua agilidade nas intervenções, sempre se dedicando muito nos treinos para chegar a ponto bala nas partidas. Djalma Santos seria o lateral defensor, impondo uma forte marcação os pontas através do seu privilegiado preparo físico e apuradíssima técnica, sendo também o responsável pelas cobranças de pênaltis e faltas. A dupla de zaga formada por Hermínio e Capitão seria bem firme, não se impondo pela técnica, mas sem fazer falta, mesmo jogando de forma dura. Zé Roberto assumiria a função de lateral-esquerdo ofensivo, cobrindo também a defesa. Brandãozinho e Denner seriam os armadores do time, com o volante marcando e lançando os companheiros, com o hábil meia armando de outra forma, vindo com a bola carregada. Julinho Botelho, na ponta-direita, imprimiria o seu jogo envolvente e veloz, chegando à linha de fundo depois de mais um belo drible e centrando aos seus companheiros de área. Enéas e Pinga, os dois maiores goleadores da história da Portuguesa, seriam perigosos na frente, através da habilidade e velocidade, concluindo ao gol. Ivair seria um rápido ponta-esquerda, mas por ser um jogador versátil, também se deslocaria para a meia-esquerda, já que Zé Roberto poderia também chegar à linha de fundo.
 
RESERVA: Caxambu, Zé Maria, Ditão, Ceci e Isidoro; Badeco e Renato; Toquinho, Nininho, Tatá e Simão.
 
HÉLIO GERALDO CAXAMBU (Campinas, SP, 15/10/1918 ? 12/09/1997) ? Jogou na Portuguesa em 1936 e de 1944 a 1950, disputando 129 partidas. Foi, talvez, o melhor goleiro da Portuguesa de Desportos em todos os tempos. Mesmo iniciando a carreira na Lusa, foi no recém-fundado São Paulo que começou a jogar profissionalmente, estando em grande no ano de 1939, quando foi o goleiro da Seleção Paulista no Campeonato Brasileiro de Seleções. Retornou ao seu clube de origem em 1944, destacando-se durante todo o restante da década de 40 por ser um goleiro seguro e capaz de realizar defesas impressionantes, sendo um dos primeiros a realizar as pontes no gol. Fundou o Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo, sendo ele o primeiro presidente.
 
JOSÉ MARCELO FERREIRA ? ZÉ MARIA (Ociras, PI, 25/07/1973) - Jogou na Portuguesa de 1991 a 1996, marcando 5 gols em 119 partidas. No final da década de 60 houve um Zé Maria (o mais famoso) que começou a se destacar na Portuguesa de Desportos, mas a partir de 1970 passou a jogar no Corinthians, tornando-se o maior lateral-direito da história corintiana. Esse outro Zé Maria foi revelado no Canindé vinte anos depois e mesmo jogando menos partidas (o primeiro atuou em 135 jogos) teve uma passagem mais identificada, fazendo dele o segundo mais importante na posição, abaixo apenas do lendário Djalma Santos. Era um lateral típico da década de 90, com boa marcação e apoio ao ataque, além de cobrar faltas muito bem. Em 1995, quando eleito o melhor lateral-direito do Campeonato Brasileiro, passou a ser convocado pela Seleção Brasileira no ano seguinte, despertando o interesse do Flamengo e posteriormente do futebol italiano. Infelizmente não estava mais no time na campanha do Brasileirão de 1996.
 
GERALDO FREITAS DO NASCIMENTO ? DITÃO (São Paulo, SP, 10/03/1938 ? 01/02/1992) ? Camisa 3 - Jogou na Portuguesa de 1958 a 1966, marcando 12 gols em 402 partidas. Terceiro jogador com mais jogos pela Portuguesa de Desportos, faz parte do seleto grupo que atuou mais de 400 vezes pela Lusa. Da mesma forma que o pai, jogou no Juventus da Mooca, vindo jogar na Portuguesa, que formaria um time muito bom, mas não teve a sorte de ser campeão. Era um zagueiro firme, que sempre jogou assim por toda a carreira, sem jamais exibir um futebol técnico, conquistando o coração dos seus torcedores por sua aplicação dentro de campo. Sua venda ao Corinthians junto com o volante Nair não foi bem aceita pelos lados da Portuguesa, tendo também uma boa passagem no Parque São Jorge, mas sem também conquistar um titulo de expressão. Por isso perdeu espaço como titular da Lusa de todos os tempos. Se tivesse jogado mais dois anos com certeza seria o recordista de partidas e o único a ter ultrapassado a marca dos 500 jogos.
 
OCTACÍLIO HENRIQUE DO AMPARO ? CECI (Nova Lima, MG, 1921) - Jogou na Portuguesa de 1950 a 1956, marcando 7gols em 214 partidas. Mesmo tendo zagueiros que atuaram mais partidas, Ceci é presença obrigatória no time de todos os tempos da Portuguesa de Desportos, mesmo sendo na reserva, pois ao lado de Djalma Santos e Brandãozinho formou a maior e melhor linha média da história do clube, além de estar presente em campo em todas as grandes conquistas do esquadrão dos anos 50 (na Fita Azul de 1953 estava no banco), já que não havia sido convocado pra disputar a Copa do Mundo de 1954. Era um zagueiro forte, que se impunha bem, não dando chance aos adversários habilidosos. Quando foi dispensado do clube deixou de dar entrevistas, por ter entrado em um estado de depressão.
 
ISIDORO - Jogou na Portuguesa de 1970 a 1979, marcando 5 gols em 294 partidas. Lateral-esquerdo com mais jogos pela Portuguesa de Desportos e Prata da Casa, só não o escalei como titular porque Zé Roberto é considerado um dos melhores da posição nos últimos anos do futebol brasileiro. Foi campeão paulista em 1973. No ano seguinte o zagueiro Mendes (seu irmão) passou a jogar na Portuguesa ao seu lado, sendo conhecidos como Irmãos Metralhas, pois ambos foram expulsos em um jogo contra o Corinthians na mesma temporada, quando provocaram o ídolo Rivellino. Ambos foram vice-campeões paulistas em 1975. Os dois abriram uma padaria em Santo André quando encerraram a carreira.
 
IVÃ MANOEL DE OLIVEIRA ? BADECO (Joinville, SC, 15/03/1945) - Jogou na Portuguesa de 1973 a 1978, marcando 3 gols em 232 partidas. Volante clássico, da estirpe de Brandãozinho. Chegou num ano mágico, já sendo campeão paulista. Dois anos depois foi novamente a uma final de Paulistão, mas acabou sendo vice. Jogando em Recife quebrou o braço, perdendo assim a oportunidade de jogar na Copa do Mundo de 1974, quando estava em excelente fase. Mas jogou na despedida do centroavante Eusébio, ao lado de craques como Gordon Banks, George Best, Neeskens e Bob Charlton. Rodou também por vários clubes, mas foi na Portuguesa de Desportos que viveu a melhor fase da sua carreira. Ao encerrar a carreira tornou-se delegado da Polícia Federal e também foi presidente da Cooperativa Craques de Sempre.
 
RENATO VIOLANI (São Paulo, SP, 01/03/1922 ? 13/10/2000) - Jogou na Portuguesa de 1945 a 1955, marcando 112 gols em 306 partidas. Formou com Julinho Botelho uma das melhores alas-direitas do futebol paulista e brasileiro. Jogador de Seleção Paulista, participou de muitos dos importantes títulos do esquadrão da Portuguesa de Desportos dos anos 50. Antes havia jogado muito bem no Juventus e Palmeiras, mas foi na Lusa que fez história. Teve oportunidade de jogar na França, mas como recentemente o país havia participado da Segunda Guerra Mundial, optou em continuar na Portuguesa. Meia-direita que tinha papel muito importante no ataque e goleador por excelência.
 
LUÍS CARLOS LOMBARDI DA SILVA ? TOQUINHO (Rio Grande, RS, 24/08/1957) - Jogou na Portuguesa de 1980 a 1986, marcando 42 gols em 273 partidas. É o representante da brilhante equipe da Portuguesa de Desportos que foi vice-campeã paulista em 1985. Um dos grandes jogadores do time nos anos 80. Era um ponta-direita veloz, envolvente e goleador. Representava bem a posição que teve tantos grandes jogadores. Veio do time do Caxias junto com o ponta-esquerda Moisés, ambos muitos bem recomendados, mas apenas Toquinho brilhou no Canindé. No Campeonato Paulista de 1985 começou a revezar com Jorginho, que também seria um grande ponta-direita da Portuguesa, mas mais na segunda metade da década de 80, quando Toquinho já não estava mais no clube.
 
ANTÔNIO FRANCISCO ? NININHO (Campinas, SP, 06/11/1923 ? 08/07/1997) - Jogou na Portuguesa de 1945 a 1954, marcando 132 gols em 263 partidas. É o terceiro maior goleador da Portuguesa de Desportos e o principal centroavante da história do clube, não sendo o titular do meu time para não deixar Enéas de fora. Desde a década de 40 já era convocado pra jogar na Seleção Paulista e Brasileira. Nininho era valente, veloz, driblava com objetividade, chutava forte e exímio cabeceador. Da mesma forma que o histórico ataque, era infernal, participando de importantes títulos da mais vitoriosa fase da Portuguesa.
 
MÁRIO FELIPE PERES ? TATÁ (São Paulo, SP, 03/10/1953) - Jogou na Portuguesa de 1969 a 1980, marcando 96 gols em 386 partidas. Seus 11 anos de clube e o elevado número de partidas (quarto que mais jogou pela Portuguesa de Desportos) praticamente fizeram de Tatá presença obrigatória na Portuguesa de todos os tempos. Jogador habilidoso, durante toda a década de 70 esteve na Lusa, vivenciando um dos maiores períodos do clube, tendo grande destaque no título paulista de 1973. Jogava como centroavante e meia-atacante. Jogou também no Santos, Juventus e São José.
 
PEDRO SIMÃO AQUINO DE ARAÚJO ? SIMÃO (Recife, PE, 16/03/1924 ? São Caetano do Sul, SP) -  Jogou na Portuguesa de 1945 a 1953 e em 1956/1957, marcando 47 gols em 229 partidas. A Portuguesa de todos os tempos não poderia deixar de fora algum jogador da sua maior e melhor linha de ataque, formada por Julinho, Renato, Nininho, Pinga e Simão. O ponta-esquerda driblava com velocidade, da mesma forma que Teixeirinha (São Paulo) e Rodrigues (Palmeiras), além de chutar forte, principalmente nas cobranças de falta. Da mesma forma que seu companheiro Nininho, destacou-se na conquista da Seleção Brasileira no Sul-Americano de 1949. Ganhou os primeiros títulos do esquadrão dos anos 50, como a Taça San Izidro de 1951, o Bi da Fita Azul e o Torneio Rio-Sâo Paulo em 1952. No ano seguinte é contratado pelo Corinthians, clube que também teve uma grande passagem, principalmente por causa das conquistas do Rio-São Paulo e o Campeonato Paulista de 1954.
 
OS ESQUECIDOS
Muitos pensam que formar um time da Portuguesa de todos os tempos seja uma tarefa fácil. Ledo engano, pois ao longo da sua história de 93 anos teve muitos grandes jogadores que só ficaram de fora porque a concorrência foi grande.
 
No gol jogaram nos anos 50 goleiros como Muca e Lindolfo, ambos espetaculares e muito importantes na defesa da Portuguesa de Desportos. Zecão (campeão paulista de de 1973), Serginho (vice-campeão paulista de 1985) e Clemer (vice-campeão brasileiro de 1996) também foram muito querido pela torcida.
 
Zagueiros como Vilela (anos 50 e 60) e Calegari (símbolo da década de 70) também estão no coração dos seus torcedores. Também teve o inesquecível Marinho Peres, quarto-zagueiro da Copa do Mundo de 1974. E voltando ao tempo, na década de 50 tinha o Nena, um histórico zagueiro-central que também teve uma grande história no Internacional nos anos 40.
 
A lateral-esquerda da Portuguesa está bem representada. Além do titular Zé Roberto e do reserva Isidoro teve também Albéris, que foi vice-campeão paulista em 1985, chegando a ser eleito o melhor da posição no Brasil e tinha um estilo ofensivo.
 
Nos anos 60 e início da década de 70 Lorico despontou como grande volante do time, sendo antecessor de Badeco.
 
Edu Marangon foi um grande meia, que surgiu na década de 80 como um jogador de muito futuro, em especial na final do Campeonato Paulista de 1985, quando quase fez um gol do meio de campo no goleiro são paulino Gilmar Rinaldi. E Rodrigo Fabri, principal jogador da campanha do Brasileirão de 1996.
 
Pontas-direitas como Jair da Costa e Ratinho davam orgulho à Portuguesa e seus torcedores.
 
Um centroavante como Servílio Filho também foi inesquecível, quarto maior goleador da história do clube e recordista de gols em uma única partida (marcou 6 e deu-se ao luxo de marcar 5 em outro jogo).
 
E infelizmente deixei de fora atacantes como Carioca e Paschoalino, que seriam os representantes da Portuguesa dos anos 30, quando o time foi bicampeão paulista em 1935/1936.
 
Sem jamais se esquecer de Candinho, técnico do Brasileirão de 1996, tendo várias outras passagens no Canindé, sempre muito querido pelos dirigentes e torcedores.

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