Aos 27 anos, sabe que ser titular do clube de maior torcida do Brasil não permite acomodação

Aos 27 anos, sabe que ser titular do clube de maior torcida do Brasil não permite acomodação

Leonardo André

Do UOL, no Rio de Janeiro

Se o título estadual foi a única alegria em 2014 para o torcedor do Flamengo, Paulo Victor tem pouco a reclamar da atual temporada. Titular absoluto desde a chegada de Vanderlei Luxemburgo, ele não esconde que valeu a pena esperar nove anos entre os profissionais para viver o momento atual. Sem se empolgar com elogios ou críticas, o goleiro sabe que o clube não pretende contratar reforços para a posição, mas não se deixa iludir.

Aos 27 anos, sabe que ser titular do clube de maior torcida do Brasil não permite acomodação. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Paulo Victor projeta um 2015 ainda melhor. Além de manter o posto, o goleiro espera um Flamengo mais forte para brigar por títulos e, como consequência, ajudá-lo a chegar à seleção brasileira.

Confira a entrevista na íntegra:

UOL Esporte: Como é para um goleiro esperar tanto tempo por uma chance de se firmar como titular?

Paulo Victor: Eu batalhei muito nesses nove anos, tive um amadurecimento grande e às vezes a gente não entende por que é preciso saber esperar tanto por uma chance. Mas o tempo mostrou que tudo valeu a pena. Não me arrependo de ter esperado. Transformei os momentos ruins em bons. Cheguei à condição de titular com mais bagagem e certamente mais forte para me manter nessa condição.

UOL Esporte: Qual o segredo para não desanimar?

Paulo Victor: Independentemente da condição meu dia a dia nunca mudou. Sempre treinei para ser o primeiro goleiro. Esse foi meu diferencial. A dedicação foi a mesma quando jogava pouco e agora.

UOL Esporte: Qual foi a maior mudança desde que entrou no time?

Paulo Victor: Ser titular da maior torcida do Brasil é claro que muda muita coisa. A cobrança é muito maior, mas o carinho também cresce nessa proporção. Aprendi com o tempo a absorver as críticas. A vida me ensinou a ser assim. Procuro sempre tirar o que é proveitoso. E sou comedido quando a fase é boa.

UOL Esporte: Ao longo desse tempo, você viu outros goleiros da base se firmarem, como Diego e Lomba. Por que não buscou outro lugar para jogar?

Paulo Victor: Tive muitas oportunidades para sair nesses nove anos, mas nunca desisti do sonho de ser titular. Não queria que chegasse o momento e passasse. Eu não podia só agradecer ao Flamengo por ter ficado aqui tanto tempo e dar um tchau ao clube porque consegui meu objetivo. Sempre quis cada vez mais. E consegui com trabalho, honestidade e com a ajuda de muita gente aqui dentro.

UOL Esporte: Você virou titular no momento mais difícil do Flamengo na temporada. Isso assustou ou serviu como motivação a mais?

Paulo Victor: Durante todos esses anos eu não sabia se ia conseguir ser titular rapidamente ou não. Mas sempre acreditei que seria na hora certa. Entrei no time na última colocação, levamos um tempo para podermos não pensar mais na possibilidade de queda. Se eu pudesse ter escolhido, talvez não seria nessa situação. Mas se aconteceu era porque precisava ser assim.

UOL Esporte: Quando o assunto é sobre reforços, ninguém no Flamengo admite buscar alguém para a sua posição. Como é ser visto como titular absoluto atualmente?

Paulo Victor: Eu tenho quase 100 jogos com a camisa do Flamengo, então experiência não me falta. Um clube grande como o Flamengo sempre precisa pensar em reforços, mas estamos bem servidos no gol. Os meninos da base são muito bons também (César e João Paulo) e, se os dirigentes não pensam em ninguém para a posição, é uma prova de confiança. Mas eu quero sempre evoluir. Não posso achar que sou completo ou que sou o melhor de todos. O dia em que decidir parar, pode ser com 33, 35 ou 38 anos, vai ser porque vou sentir que não posso mais crescer. Quem quer ser titular do Flamengo tem sempre que querer mais pessoalmente e profissionalmente.

UOL Esporte: Qual o próximo passo que você projeta para a carreira?

Paulo Victor: A maior verdade do futebol é no campo. Quero seguir bem no Flamengo, ganhando títulos para chegar à seleção. O sonho de defender o Brasil existe e posso chegar, mas se eu não for bem no clube nada vai acontecer. A minha chance de chegar à seleção é com trabalho aqui no clube. O Jefferson é um exemplo disso, soube esperar até ser titular da seleção, mesmo com o time dele em uma situação ruim.

UOL Esporte: O título da Copa do Brasil no ano passado criou uma ilusão de que o time era melhor do que realmente se pensava?

Paulo Victor: A conquista da Copa do Brasil do ano passado foi um momento especial. Podíamos não ter o melhor time no papel, mas mostramos jogo a jogo que podíamos ganhar. Mas não adianta achar que um título garante outros. Fomos campeões estaduais depois e eliminados na Libertadores. O que vale sempre é o momento. É claro que precisamos ser cada mais fortes, mais competitivos, mas sempre vai ser resolvido no campo.

UOL Esporte: Como o Flamengo conseguiu superar um rebaixamento que parecia certo?

Paulo Victor: A nossa virada no ano se deve ao Vanderlei. Ele foi fundamental para tudo mudar. O trabalho dele é sensacional, a confiança que ele passou ao grupo, a experiência que tem, as atitudes, tudo isso fez o Flamengo sair da posição que estava e crescer.

Foto: UOL

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