"A expectativa é de tentar fazer um bom trabalho para que a equipe evolua da melhor maneira"

"A expectativa é de tentar fazer um bom trabalho para que a equipe evolua da melhor maneira"

Enrico Bruno e Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

Desde que Deivid deixou o Cruzeiro, passaram-se 21 dias de procura, tentativas, frustrações e finalmente o acerto. Nesta tarde de segunda-feira, dois dias após o início do Brasileirão, o time mineiro apresentou o português Paulo Bento, novo comandante que assina até o fim de 2017. Em seu primeiro contato com o imprensa na Toca da Raposa, o novo treinador comentou sobre o novo trabalho, o tempo que ficou parado, as possíveis barreiras sobre o calendário e o estilo rigoroso e disciplinador dentro de campo. Bento ainda explicou os motivos que o levaram a recusar propostas anteriores e aceitar o desafio celeste para a temporada 2016.

"Todos os treinadores passam por uma situação de ficar sem trabalho. Nesse período, eles tentam melhorar seus conhecimentos, tentar se reciclar com aquilo que é o futebol, tentar descobrir as melhores situações, as melhores formas para poder evoluir enquanto treinador. Tentar se preparar para quando aparecer a oportunidade e ver muito futebol. Foi o que fiz neste período. Não trabalhei porque não deveria fazer mediante algumas situações. Foi uma situação pessoal até o momento que apareceu este convite, que entendemos que deveríamos aceitar. Será complicada a nossa tarefa, em um grande clube, em um campeonato extremamente competitivo. O Cruzeiro é muito especial, tem seus adeptos, sua torcida e as condições que encontramos. Agora constatamos presencialmente que tem as condições que são necessárias e importantes para desenvolver um bom trabalho", comentou.

Aos 46 anos, o Cruzeiro será a terceira equipe comandada por Paulo Bento, que se aposentou dos gramados em 2004. No Sporting, o treinador levantou duas Taças de Portugal, sendo a edição de 2007/08 sua última conquista. Pela seleção lusitana, Bento parou na semifinal da Eurocopa 2012, além de ser eliminado na fase de grupos da Copa do Mundo no Brasil. Meses depois, deixou o comando e ficou sem trabalhar por um ano e meio antes de ser contratado.

Junto com Bento, desembarcaram em Belo Horizonte os assistentes técnicos Ricardo Peres e Sérgio Costa, o preparador físico Pedro Pereira e o observador técnico Vitor Silvestre, que irá trabalhar junto ao departamento de análise e desempenho do clube e analisar jogadores. Minutos antes de ser apresentado à imprensa, o treinador e toda sua comissão técnica se reuniu com os atletas no auditório da Toca da Raposa.

"A expectativa é de tentar fazer um bom trabalho para que a equipe evolua da melhor maneira. Se pudermos ajudar para que o futebol brasileiro possa evoluir da melhor maneira, ficaremos satisfeitos e motivados por isso. Queremos construir uma equipe competitiva que possa lutar num campeonato extremamente difícil de disputar".

A partir de agora, Paulo Bento terá cinco dias para conhecer melhor seus jogadores e começar a montar o Cruzeiro para a disputa do Brasileiro. O próximo compromisso celeste será neste sábado, às 21h contra o Figueirense, no Mineirão.

Abaixo, alguns pontos tratados por Paulo Bento em sua primeira entrevista como técnico do Cruzeiro:

Calendário brasileiro:

São 38 jornadas só no Brasileirão. Espanha também tem, Inglaterra também tem. A diferença é que na Europa são 38 jornadas em 10 meses. No Brasil esses jogos são disputados em sete meses. Ainda há Copa do Brasil em duas mãos, os Estaduais... mas creio que isso nos obrigará a ficar ainda melhores. Temos que preparar melhor as estratégias, os conceitos. Os intervalos entre os jogos nem sempre serão os mesmos. Teremos que estar mais atentos e aproveitar da melhor forma a excelente estrutura do clube. É um desafio motivante.

Perfil disciplinador

Há duas formas de se relacionar com a disciplina. É usar a disciplina de uma forma negativa ou usar da forma positiva. Acho que a disciplina tem a ver com o compromisso. Precisamos ser disciplinados naquilo que fazemos, ser respeitosos naquilo que fazemos e com o clube onde trabalhamos. Sou treinador há 12 anos, desde 2004. Nunca faltei com respeito a algum jogador. Nunca insultei nenhum jogador. Mas, dentro de uma organização, tem de existir disciplina e rigor.

Reforços:

Vamos ver com o tempo. Em função do próprio calendário do futebol brasileiro, as equipes têm muitos jogadores. O Cruzeiro tem a vantagem de, na base, ter atletas com boa possibilidade de chegar à equipe principal. Então, dentro do relacionamento com os diretores, vamos ver os caminhos para tomar as melhores decisões. Mas, primeiro, temos que analisar o grupo mais profundamente. Depois, se houver necessidade, vamos conversar.

Imediatismo no futebol brasileiro:

Isso não me preocupa. Creio que a pressão há para todo lado. É natural que num clube dessa grandeza haja pressão forte. Mas não é algo novo para mim. O Sporting é um dos grandes clubes do meu país. Vivi pressão lá. Isso, contudo, não pode afetar nosso trabalho e nem nossas ideias. É um fator de motivação que, no dia a dia, nos fará melhorar e ficar ainda mais concentrados. A pressão faz parte do futebol e viver sem ela não é legal.

Foto: UOL

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