Jeremias Wernek e Marinho Saldanha
Do UOL, em Porto Alegre

O zagueiro Paulão, que denunciou atos racistas na saída do clássico Gre-Nal na Arena, não quis registrar ocorrência policial. Nas palavras do camisa 25, a queixa o deixaria sem resultado efetivo. Já as diretorias de Grêmio e Internacional aguardam provas do episódio para tomar atitudes. Os donos do estádio tentarão identificar o autor da injúria racial.

"Esse torcedor deve estar chateado pelo jogo. Não vou entrar nesta briga. Seria mais um negro brigando sem resultado", disse Paulão após realizar o exame antidoping na Arena.

Minutos antes o zagueiro encarou o suposto autor dos atos racistas. E foi abraçado por seguranças do Grêmio, sendo conduzido para a área do exame antidoping.

"Ele fez barulho de macaco. Isso para mim é coisa pouca. Vou para casa descansar", afirmou Paulão. "Eu reconheceria a pessoa na rua, mas teria um bate-papo. Eu tenho a felicidade de ser negro, sou maior do que isto aí", completou.

No Internacional o zagueiro recebeu apoio da comissão técnica e dos dirigentes. Mas o clube não sinalizou nenhum movimento. E declarou que espera imagens, até de outros torcedores do Grêmio, para que possa ser encaminhada uma punição.

"Primeiro vamos nos informar, ver se tem material que identifique este tipo de conduta. Espero que se alguém tenha constatado isto, registrado isto, dê encaminhamento para as autoridades competentes", disse Marcelo Medeiros, vice-presidente de futebol do Inter.

No Grêmio a cúpula promete apurar os detalhes do episódio, por meio das imagens do circuito interno da Arena. E punição, caso o responsável seja devidamente identificado.

"Vamos investigar. É algo incomum aqui na Arena. Nunca tinha acontecido. Se houve de fato, tem que ser punido. O responsável precisa ser encontrado. Isso é inaceitável", discursou Rui Costa, diretor executivo de futebol do Grêmio.