Felipão começou a dar sua cara ao Palmeiras tentando acertar a defesa. Foto: Ale Cabral/AGIF

Felipão começou a dar sua cara ao Palmeiras tentando acertar a defesa. Foto: Ale Cabral/AGIF

Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

A terceira passagem de Luiz Felipe Scolari pelo Palmeiras está só no começo, mas já é possível ver algumas marcas do estilo histórico do treinador tomando corpo na equipe. Nos quatro jogos sob o comando da nova comissão técnica – um ainda com o auxiliar Paulo Turra no banco –, o alviverde não sofreu gols. A amostragem ainda é pequena, mas indica uma mudança de postura para corrigir algo que era apontado como um dos principais problemas sob Roger Machado: a tendência de ceder o empate após sair na frente.

Após dois empates sem gols contra Bahia e América-MG, o Palmeiras venceu bem o Cerro Porteño fora de casa por 2 a 0, na Libertadores, e fez 1 a 0 no Vasco na última rodada do Brasileirão. Em todos esses confrontos, ficou claro que a ideia de jogo do time será diferente. Já são menos trocas de passes, menos posicionamentos avançados e tentativas de jogadas mais trabalhadas. Com Felipão, o Palmeiras joga em um estilo direto, explorando o pivô, e tende a se expor menos sem a bola.

Comparando os quatro jogos da "era Felipão" com os quatro últimos jogos de Roger, o Palmeiras tem trocado, em média, 20 passes a menos por jogo, segundo dados do Footstats. Com a equipe chegando mais rápido ao gol adversário, a defesa tende a subir menos no campo e ficar mais protegida. E se perde a bola, o time tem conseguido cortar boa parte dos contragolpes antes que eles cheguem à sua área, às vezes usando faltas para parar a jogada em sua origem.

A proposta menos elaborada também passa por um reforço na marcação do meio-campo, com Moisés muitas vezes jogando alinhado a Bruno Henrique, e Felipe Melo fazendo a proteção por trás. Com Roger, era mais comum o camisa 10 atuar mais solto, com a responsabilidade principal de pressionar a saída de bola adversária ao lado do centroavante. Outro exemplo de cuidado extra no setor é o uso constante de Jean como um meia para fechar o lado direito. Felipão chegou a dizer que Lucas Lima, jogador de menos talento defensivo, precisa de um complemento como Jean.

É verdade que os adversários enfrentados por Felipão até aqui não representam exatamente a elite do futebol brasileiro ou sul-americano. Mas o Palmeiras não vinha sofrendo defensivamente só contra times considerados mais fortes. Ceará, América-MG e Sport são alguns exemplos de equipes que buscaram o resultado contra o alviverde após saírem perdendo.

Se cresceu defensivamente, o Palmeiras não tem mostrado grande repertório na parte ofensiva. O jogo de Felipão tem se baseado principalmente em contra-ataques – algo que já funcionava muito bem com Roger – e no uso constante do pivô. Se joga Deyverson, muitas bolas alçadas; se joga Borja, o time procura mais as enfiadas nas costas da zaga. Foram três gols em quatro jogos, suficientes para um retrospecto invicto até aqui.

O principal efeito dessa melhora defensiva tem sido a subida do nível de confiança, especialmente dos zagueiros, como os próprios atletas têm comentados após os resultados recentes. Chegando em um momento conturbado no Palmeiras, Felipão escolheu começar a arrumar o time pela retaguarda. E a julgar pela recepção calorosa da torcida em sua estreia no Allianz Parque na vitória sobre o Vasco, o ídolo alviverde acertou na estratégia inicial.

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